Ajustes e crises: Lula fez 8 trocas ministeriais em 2025. Relembre
Ano acaba com oito mudanças na Esplanada. Novas alterações devem ocorrer em 2026, com a saída de ministros que disputarão as eleições
Ao longo de 2025, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou por uma série de mudanças no primeiro escalão, que refletiram tanto ajustes políticos, quanto a tentativa de reorganizar áreas consideradas estratégicas. As trocas nas chefias dos ministérios também foram motivadas, em alguns casos, por crises internas.
As mudanças na Esplanada dos Ministérios tendem a seguir em 2026, impulsionadas pelo calendário eleitoral, já que ministros que pretendem concorrer nas eleições terão de deixar os cargos até abril.
Com isso, a expectativa é que mais da metade dos nomes que comandam as pastas saiam do governo para se dedicar às campanhas. Assim, na maioria dos casos, as chefias devem ficar com os secretários-executivos dos ministérios.
Relembre as mudanças ministeriais que marcaram 2025:
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Lula e ministros no Palácio do PlanaltoKEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
Confirmado para o cargo em 25 de fevereiro, Alexandre Padilha só tomou posse em 10 de março para o comando do Ministério da Saúde, após evento no Palácio do PlanaltoVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Sidônio Palmeira e o presidente LulaRicardo Stuckert/PR
Lula e sua nova ministra, Gleisi HoffmannVinícius Schmidt/Metrópoles @vinicius.foto
Deputado e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo PimentaKEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência SocialVinicius Schmidt/Metrópoles
Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, participa de evento com servidores da pastaFoto: Edson Leal/ MPS
Ministra da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme BoulosMICHAEL MELO/METRÓPOLES @michaelmelo
Ex-ministra da Saúde Nísia Trindade não conseguiu emplacar açãoVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Presidente Lula e o ex-ministro das Comunicações, Juscelino FilhoBreno Esaki/Especial Metrópoles
Frederico de Siqueira Filho, ministro das ComunicaçõesRicardo Stuckert / PR
Cida Gonçalves, ex-ministra, e Márcia Lopes, durante entrevista coletiva nessa segunda-feira (5/5)KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
Presidente Lula e ministro Márcio MacêdoMarcelo Camargo/ Agência Brasil
Celso SabinoKebec Nogueira/Metrópoles
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Presidente Lula e o novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano
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Secretaria de Comunicação Social
No início de janeiro, o então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT-RS), foi substituído pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. Ele foi responsável por comandar a campanha vitoriosa do petista em 2022.
A troca foi motivada pela necessidade de modernizar a comunicação oficial, ampliar o alcance nas plataformas digitais, enfrentar a propagação de desinformação e tornar mais eficiente a apresentação dos projetos do governo à sociedade.
Essa foi a sétima mudança de ministros no terceiro mandato do presidente Lula. Com a chegada de Sidônio, Pimenta voltou a exercer o cargo de deputado federal.
Ministério da Saúde
Em fevereiro, a ministra Nísia Trindade foi demitida do Ministério da Saúde. O então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi realocado para o seu lugar.
A saída da ministra foi atribuída à insatisfação do titular do Planalto e à falta de resultados na área da saúde, considerada como uma das prioridades do governo. Na época, o Executivo federal também sofria com um contexto de baixa popularidade.
Padilha retornou à pasta após mais de 10 anos: ele já havia sido ministro da Saúde, entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014, período do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Secretaria de Relações Institucionais
Com a ida de Alexandre Padilha para a Saúde, quem assumiu a pasta da articulação política foi a então deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). Os dois tomaram posse para os respectivos cargos juntos, em março.
Desde então, a ministra da SRI tem acumulado vitórias e derrotas em votações de pautas prioritárias no Congresso Nacional. Gleisi também é muito próxima de Lula e já foi presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Ministério das Comunicações
No mês de abril, Juscelino Filho (União-MA) pediu desligamento da chefia das Comunicações depois que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares, na época em que era deputado federal.
Um inquérito da Polícia Federal (PF) apontou que o político cometeu crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
Lula chegou a indicar o deputado federal Pedro Lucas (União-MA) para assumir o cargo, em acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas o parlamentar rejeitou o convite.
No lugar, então, foi escolhido o engenheiro civil Frederico de Siqueira Filho. O titular da pasta é um nome considerado técnico, com mais de 26 anos de experiência no ramo de telecomunicações e tecnologia da informação.
Ministério da Previdência Social
Em maio, Carlos Lupi (PDT) pediu demissão do Ministério da Previdência pressionado pelo escândalo de fraudes em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A farra do INSS foi revelada pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
A permanência de Lupi no cargo ficou insustentável após a operação da Polícia Federal (PF) deflagrada em 23 de abril, contra o esquema bilionário de descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
No mesmo dia da saída do ex-ministro, Lula anunciou que havia designado o ex-deputado federal e secretário-executivo da pasta à época, Wolney Queiroz, para ser o substituto de Lupi.
Debandada de ministros em 2026 com foco nas eleições
- Com a aproximação das eleições, o governo já se prepara para uma baixa de ministros no início de 2026. Impulsionados pela visibilidade do cargo, auxiliares são cotados para disputar desde vagas na Câmara dos Deputados até o Executivo em alguns estados.
- A legislação eleitoral prevê que agentes públicos que pretendem se candidatar para cargos diferentes daqueles que ocupam, devem deixar a cadeira seis meses antes da disputa. No caso das próximas eleições, o prazo de desincompatibilização encerra em abril de 2026.
- Uma das principais preocupações do presidente em relação a 2026 é ampliar a base de apoio no Senado, já que a Casa renovará 54 das 81 cadeiras. Nesse sentido, a candidatura de ministros é uma aposta para aumentar o apoio a Lula no Senado.
- Alguns nomes cotados para concorrer são: Rui Costa (Casa Civil), pela Bahia; Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), por Mato Grosso; Marina Silva (Meio Ambiente), por São Paulo; Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), em Pernambuco; Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), pelo Amapá; Celso Sabino (Turismo), pelo Pará; e Alexandre Silveira (Minas e Energia), por Minas Gerais.
- Para o Executivo estadual, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), deve concorrer ao governo de Alagoas.
- Em São Paulo, o cenário ainda é indefinido. O atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é cotado para disputar tanto o Senado, quanto o governo do estado. Aliados de Lula também defendem a candidatura do vice-presidente Geraldo Alckmin para governador. Apesar das apostas, os dois têm dado sinais de que não querem entrar na disputa estadual.
- Outra parcela do primeiro escalão do governo deve deixar o cargo para disputar a Câmara dos Deputados. É o caso dos ministros da Pesca, André de Paula (PSD-PE); do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT-SP); e da Previdência, Wolney Queiroz (PDT-PE).
Ministério das Mulheres
Em maio, Cida Gonçalves foi demitida por Lula da pasta das Mulheres. No lugar dela, assumiu a ex-ministra do Desenvolvimento Social Márcia Lopes.
Cida vinha sendo alvo frequente de críticas por não ter feito entregas dentro do governo, mesmo que a pasta tenha sido afetada com cortes no orçamento.
Além disso, pesaram contra a ex-ministra denúncias de assédio moral e racismo feitas por servidores do ministério.
Secretaria-Geral da Presidência
Em outubro, depois de meses de especulações nos bastidores, o chefe do Executivo bateu o martelo e demitiu Márcio Macêdo (PT-SE) do comando da Secretaria-Geral da Presidência. No lugar, ele nomeou o então deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP).
A pasta, subordinada diretamente ao Palácio do Planalto, é responsável pela articulação do governo com os movimentos sociais. A troca da chefia aconteceu estrategicamente no momento em que Lula busca fortalecer a base e pavimentar uma possível reeleição em 2026.
Segundo Boulos, Lula deu a ele a missão de “colocar o governo na rua”. O novo ministro tem ampla experiência na militância política.
Turismo
A última troca nas pastas do ano — a 14ª da terceira gestão de Lula — aconteceu este mês. Durante o encerramento da reunião ministerial de 17 de dezembro, o petista anunciou que o ministro do Turismo, Celso Sabino (sem partido), estava deixando o cargo.
O União Brasil, antigo partido de Sabino, pediu a exoneração dele e indicou Gustavo Feliciano, filho do deputado federal Damião Feliciano (União-PB), para assumir a vaga.
Em dezembro, o partido havia decidido expulsar o ministro após ele contrariar a decisão da sigla de romper com o governo e permanecer no cargo. Na época, Sabino chegou a entregar a carta de demissão, mas conseguiu se segurar na cadeira até a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), berço político do ex-ministro.
A sigla nega que tenha feito o pedido e a indicação para a vaga, alegando que Gustavo não é filiado ao partido. Porém, durante o encontro que formalizou o convite para Feliciano ser ministro, estavam presentes o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB), o líder do União na Câmara Pedro Lucas (MA) e o ex-ministro das Comunicações e deputado Juscelino Filho (União-MA).
Em vídeo divulgado da reunião, Pedro Lucas aparece ao lado da ministra das Relações Institucionais Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do governo. Ele afirma que “o União está aberto a todo momento de poder participar das grandes decisões desse país”.
A troca no comando da pasta foi vista como um aceno ao presidente da Câmara, que elogiou a escolha de Lula para a pasta. Feliciano foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico do governo da Paraíba.
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