Ata do Fed: Banco Central dos EUA vê risco de “inflação persistente”
No início do maio, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano

O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) justificou a decisão de manter a taxa básica de juros da economia norte-americana inalterada, em reunião realizada no início do mês, pelo risco de uma “inflação mais persistente que o esperado”.
O argumento está presente na ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) da autoridade monetária dos EUA.
No início do maio, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Foi a terceira reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.
Antes das três últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
“Quase todos os participantes [da reunião] comentaram sobre o risco de a inflação se mostrar mais persistente do que o esperado”, diz a ata do Fed.
No documento, o BC norte-americano diz ainda que a economia dos EUA poderia enfrentar “tradeoffs difíceis” nos próximos meses, como o aumento da pressão inflacionária e do desemprego – o que, em última análise, reforça riscos de uma eventual recessão.
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Comunicado já antecipava riscos
No dia do anúncio da taxa de juros, o Fed já antecipava essa avaliação ao divulgar o comunicado com o embasamento técnico da decisão.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais na meta para a taxa básica de juros, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o balanço de riscos. O comitê continuará reduzindo suas posições em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação à sua meta de 2%”, disse o Fed no comunicado que acompanha a decisão.
“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do comitê”, prossegue o comunicado.
“As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.”
No comunicado, o Fed disse ainda que “busca atingir o máximo de emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo”.
“A incerteza quanto às perspectivas econômicas aumentou ainda mais. O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos de aumento do desemprego e da inflação aumentaram”, afirmou a autoridade monetária.
Inflação nos EUA
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,3% em abril, na base anual, uma leve queda em relação aos 2,4% registrados em março.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, após uma queda de 0,1% em março (o primeiro recuo da inflação norte-americana desde maio de 2020).
Os resultados da inflação nos EUA vieram dentro do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,4% (anual) e 0,3% (mensal).
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.
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