Cardeal que desafiou o papa e quer votar no Conclave foi condenado por corrupção

Para a Justiça do Vaticano, Becciu desviou US$ 200 milhões da Santa Sé, investiu em fundos de alto risco e comprou imóvel de luxo com recursos destinados à caridade. O cardeal Giovanni Angelo Becciu, ex-Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, foi condenado, em 2023, a cinco anos e seis meses de prisão por envolvimento em um escândalo de corrupção. Nesta terça-feira (22), ele declarou que pretende participar do conclave, mesmo tendo sido excluído da lista oficial de eleitores. Becciu é acusado de desviar 200 milhões de dólares da Santa Sé, utilizando recursos da Secretaria de Estado para investir em fundos de alto risco e comprar um imóvel de luxo em Londres. Segundo a BBC, parte desse valor deveria ter sido destinada a obras de caridade. À época, Becciu ocupava o posto de chefe de gabinete do papa, uma posição de grande influência dentro da hierarquia do Vaticano. O acordo que permitiu o uso irregular dos recursos foi assinado por ele. Além disso, o cardeal teria direcionado verbas para a diocese de sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando familiares. O cardeal nega as acusações e recorreu da condenação. Em 2020, ainda sob investigação, Becciu renunciou aos direitos ligados ao cardinalato — renúncia que foi aceita pelo papa Francisco. Além da pena de prisão, o cardeal foi condenado ao pagamento de uma multa de 8 mil euros e ficou inabilitado, de forma vitalícia, para exercer funções públicas no Vaticano. O processo durou 29 meses e envolveu 86 audiências, mais de 600 horas de tribunal, 124 mil páginas e 2,4 milhões de arquivos. Perda de influência Becciu já foi considerado uma figura de destaque na Igreja. Conselheiro próximo de Francisco, chegou a ser apontado como possível sucessor do pontífice. Em 2018, foi nomeado cardeal pelo próprio papa, mas perdeu espaço após o escândalo vir à tona. O religioso sempre negou as acusações e chegou a afirmar que o papa havia perdido a fé nele. Foi também uma dor imensa ver o papa mudar de repente a sua opinião sobre mim de forma tão radical. Uma dor que aceitei como um teste à minha fé, afirmou em entrevista ao jornal italiano L'Unione Sarda. Becciu diz que participará do conclave Apesar de ter perdido o direito de votar no conclave devido ao escândalo de corrupção, Becciu afirmou, na mesma entrevista, que participará da eleição do novo pontífice. Em 2022, o Vaticano confirmou que o cardeal foi convidado por Francisco para participar do Consistório, mas esclareceu que os direitos do cardinalato não se referem à participação na vida da Igreja. O Consistório é uma reunião de cardeais presidida pelo papa, na qual são decididas, por exemplo, a criação de novos cardeais e processos de canonização. Na entrevista, Becciu também afirmou que a lista divulgada pelo Vaticano com os nomes dos cardeais aptos a participar do conclave não tem valor legal e deveria ser desconsiderada. Apesar de seu nome ainda constar na relação do Colégio de Cardeais — grupo composto por 252 religiosos de todo o mundo que ajudam na organização do conclave e tomam decisões enquanto não há novo papa — Becciu não está entre os 135 cardeais com direito a voto. Dessa forma, ele poderia participar da preparação da eleição, mas não da votação em si.

abril 23, 2025 - 12:30
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Cardeal que desafiou o papa e quer votar no Conclave foi condenado por corrupção
Para a Justiça do Vaticano, Becciu desviou US$ 200 milhões da Santa Sé, investiu em fundos de alto risco e comprou imóvel de luxo com recursos destinados à caridade. O cardeal Giovanni Angelo Becciu, ex-Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, foi condenado, em 2023, a cinco anos e seis meses de prisão por envolvimento em um escândalo de corrupção. Nesta terça-feira (22), ele declarou que pretende participar do conclave, mesmo tendo sido excluído da lista oficial de eleitores. Becciu é acusado de desviar 200 milhões de dólares da Santa Sé, utilizando recursos da Secretaria de Estado para investir em fundos de alto risco e comprar um imóvel de luxo em Londres. Segundo a BBC, parte desse valor deveria ter sido destinada a obras de caridade. À época, Becciu ocupava o posto de chefe de gabinete do papa, uma posição de grande influência dentro da hierarquia do Vaticano. O acordo que permitiu o uso irregular dos recursos foi assinado por ele. Além disso, o cardeal teria direcionado verbas para a diocese de sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando familiares. O cardeal nega as acusações e recorreu da condenação. Em 2020, ainda sob investigação, Becciu renunciou aos direitos ligados ao cardinalato — renúncia que foi aceita pelo papa Francisco. Além da pena de prisão, o cardeal foi condenado ao pagamento de uma multa de 8 mil euros e ficou inabilitado, de forma vitalícia, para exercer funções públicas no Vaticano. O processo durou 29 meses e envolveu 86 audiências, mais de 600 horas de tribunal, 124 mil páginas e 2,4 milhões de arquivos. Perda de influência Becciu já foi considerado uma figura de destaque na Igreja. Conselheiro próximo de Francisco, chegou a ser apontado como possível sucessor do pontífice. Em 2018, foi nomeado cardeal pelo próprio papa, mas perdeu espaço após o escândalo vir à tona. O religioso sempre negou as acusações e chegou a afirmar que o papa havia perdido a fé nele. Foi também uma dor imensa ver o papa mudar de repente a sua opinião sobre mim de forma tão radical. Uma dor que aceitei como um teste à minha fé, afirmou em entrevista ao jornal italiano L'Unione Sarda. Becciu diz que participará do conclave Apesar de ter perdido o direito de votar no conclave devido ao escândalo de corrupção, Becciu afirmou, na mesma entrevista, que participará da eleição do novo pontífice. Em 2022, o Vaticano confirmou que o cardeal foi convidado por Francisco para participar do Consistório, mas esclareceu que os direitos do cardinalato não se referem à participação na vida da Igreja. O Consistório é uma reunião de cardeais presidida pelo papa, na qual são decididas, por exemplo, a criação de novos cardeais e processos de canonização. Na entrevista, Becciu também afirmou que a lista divulgada pelo Vaticano com os nomes dos cardeais aptos a participar do conclave não tem valor legal e deveria ser desconsiderada. Apesar de seu nome ainda constar na relação do Colégio de Cardeais — grupo composto por 252 religiosos de todo o mundo que ajudam na organização do conclave e tomam decisões enquanto não há novo papa — Becciu não está entre os 135 cardeais com direito a voto. Dessa forma, ele poderia participar da preparação da eleição, mas não da votação em si.

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