Clandestinidade, simplicidade e presidência do Uruguai: conheça a trajetória de José 'Pepe' Mujica
Ícone da esquerda sul-americana morreu nesta terça-feira (13). Ele passou 14 anos de sua vida atrás das grades e foi torturado pelo regime militar de seu país antes de ser eleito presidente. Uma vez no cargo, passou a ser conhecido por sua vida simples. Mujica foi ícone pop da esquerda e referência de vida simples; conheça trajetória José Alberto Mujica Cordano, morto nesta terça-feira (13), nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, ele se tornou membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros. O grupo se notabilizou, antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Durante sua atuação na clandestinidade, 'Pepe' Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Escapou duas vezes da prisão até ser recapturado definitivamente em 1972. Prisão e tortura Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai Secretaria de Comunicação do Uruguai Seu período na prisão ao longo da ditadura foi marcado por torturas condições precárias, sendo mantido por longos períodos na solitária. Ele era um dos presos considerados “sequestrados” pelo regime, que seria executado sumariamente caso os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha. Ao todo, ele passou 14 de sua vida atrás das grades. "Primeiro, eu ficava feliz se me davam um colchão. Depois, vivi muito tempo em uma salinha estreita, e aprendi a caminhar por ela de ponta a ponta", lembrou o presidente a uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em 2012. Em 1985, Mujica foi finalmente libertado após a promulgação de um decreto de anistia. Ele entrou para a política institucional, ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994. Cinco anos depois, chegou ao Senado e, em 2005, com a chegada a Presidência de seu correligionário Tabaré Vázquez (1940-2020), foi nomeado ministro da Agricultura. Presidência Mujica foi eleito sucessor de Vázquez e se tornou presidente em 2010, governando até 2015. Em sua gestão, o gasto social saltou de 60,9% do gasto público total para 75,5%. Em conformidade com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Em 2012, ele propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabou se tornando realidade no país. Ao lado de sua mulher, Lucía Topolansky, Mujica chamou atenção como um chefe de Estado de vida simples, que morava em uma casa simples de sítio nos arredores da capital e dirigia seu próprio Fusca ano 1987 diariamente até a sede do Executivo, na Praça Independência. Considerado "o presidente mais pobre do mundo", ele se definia como "um velho lutador social, da década de 50, pelo menos, com muitas derrotas nas costas, que queria consertar o mundo e que, com o passar dos anos, ficou mais humilde, e agora tenta consertar um pouquinho alguma coisa". Quem foi Pepe Mujica Voltou ao Senado após deixar a Presidência, até entregar o cargo, em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, por motivos de saúde. Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Acredita-se que ele doava 90% de seu salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza. Durante a maior parte da vida, ele se declarou ateu. Em uma entrevista em 2012, ele sintetizou sua crença: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”. Doença e morte Em 2024, Mujica descobriu um câncer no esôfago, que deixou o órgão "muito comprometido". Ele disse que seu caso era "duplamente complexo, porque eu já sofro de uma doença imunológica há mais de 20 anos que afetou, entre outras coisas, meus rins, o que cria dificuldades óbvias para técnicas de quimioterapia e uma cirurgia".


Ícone da esquerda sul-americana morreu nesta terça-feira (13). Ele passou 14 anos de sua vida atrás das grades e foi torturado pelo regime militar de seu país antes de ser eleito presidente. Uma vez no cargo, passou a ser conhecido por sua vida simples. Mujica foi ícone pop da esquerda e referência de vida simples; conheça trajetória José Alberto Mujica Cordano, morto nesta terça-feira (13), nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, ele se tornou membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros. O grupo se notabilizou, antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Durante sua atuação na clandestinidade, 'Pepe' Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Escapou duas vezes da prisão até ser recapturado definitivamente em 1972. Prisão e tortura Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai Secretaria de Comunicação do Uruguai Seu período na prisão ao longo da ditadura foi marcado por torturas condições precárias, sendo mantido por longos períodos na solitária. Ele era um dos presos considerados “sequestrados” pelo regime, que seria executado sumariamente caso os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha. Ao todo, ele passou 14 de sua vida atrás das grades. "Primeiro, eu ficava feliz se me davam um colchão. Depois, vivi muito tempo em uma salinha estreita, e aprendi a caminhar por ela de ponta a ponta", lembrou o presidente a uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em 2012. Em 1985, Mujica foi finalmente libertado após a promulgação de um decreto de anistia. Ele entrou para a política institucional, ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994. Cinco anos depois, chegou ao Senado e, em 2005, com a chegada a Presidência de seu correligionário Tabaré Vázquez (1940-2020), foi nomeado ministro da Agricultura. Presidência Mujica foi eleito sucessor de Vázquez e se tornou presidente em 2010, governando até 2015. Em sua gestão, o gasto social saltou de 60,9% do gasto público total para 75,5%. Em conformidade com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Em 2012, ele propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabou se tornando realidade no país. Ao lado de sua mulher, Lucía Topolansky, Mujica chamou atenção como um chefe de Estado de vida simples, que morava em uma casa simples de sítio nos arredores da capital e dirigia seu próprio Fusca ano 1987 diariamente até a sede do Executivo, na Praça Independência. Considerado "o presidente mais pobre do mundo", ele se definia como "um velho lutador social, da década de 50, pelo menos, com muitas derrotas nas costas, que queria consertar o mundo e que, com o passar dos anos, ficou mais humilde, e agora tenta consertar um pouquinho alguma coisa". Quem foi Pepe Mujica Voltou ao Senado após deixar a Presidência, até entregar o cargo, em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, por motivos de saúde. Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Acredita-se que ele doava 90% de seu salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza. Durante a maior parte da vida, ele se declarou ateu. Em uma entrevista em 2012, ele sintetizou sua crença: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”. Doença e morte Em 2024, Mujica descobriu um câncer no esôfago, que deixou o órgão "muito comprometido". Ele disse que seu caso era "duplamente complexo, porque eu já sofro de uma doença imunológica há mais de 20 anos que afetou, entre outras coisas, meus rins, o que cria dificuldades óbvias para técnicas de quimioterapia e uma cirurgia".
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