Com ficha criminal, Bruno Henrique não pode fechar acordo por fraude
Jogador já foi alvo da polícia. Ele foi abordado em uma blitz com carteira de motorista falsa e, por isso, não poderá celebrar novo acordo

O atacante do Flamengo, Bruno Henrique, não poderá firmar um acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para evitar uma possível condenação após ter sido denunciado por manipular uma partida do Campeonato Brasileiro.
Bruno Henrique foi denunciado por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) pelos crimes de manipulação de resultado esportivo, estelionato consumado em coautoria e tentativa de estelionato em coautoria (duas vezes).
Dois motivos impedem que o atacante firme um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP): os crimes pelos quais foi denunciado preveem penas superiores a quatro anos e, mesmo que fossem inferiores, o jogador já celebrou um acordo semelhante anteriormente.
Se as penas máximas previstas para os crimes fossem inferiores a quatro anos, ele até poderia firmar um ANPP com o Ministério Público — desde que o próprio órgão concordasse com a proposta.
No entanto, Bruno Henrique já firmou um acordo anterior para evitar ser condenado. Em 2020, ao ser parado em uma blitz da Lei Seca, na zona oeste do Rio de Janeiro, ele apresentou uma carteira de habilitação falsa aos agentes. O atacante, que estava a bordo de uma Range Rover, foi investigado por falsidade ideológica e uso de documento falso.
Na ocasião, o jogador assinou um acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para pagar R$ 100 mil, divididos em quatro parcelas, a entidades públicas ou de interesse social. Com isso, evitou tornar-se réu e responder criminalmente.
Caso seja condenado pelos crimes apontados pelo MPDFT, o jogador pode pegar entre dois e 17 anos de prisão. A Justiça ainda não analisou se aceita ou não a denúncia.
Agiu com consciência, diz MP
Os promotores salientam que o atacante agiu com consciência e foi instigado pelo próprio irmão a cometer uma falta e receber um cartão amarelo no confronto entre Flamengo e Santos, em 2023.
Os promotores relatam que, após ser avisado por Bruno Henrique de que receberia o amarelo, Wander Nunes Pinto Júnior comunicou a informação a familiares — segundo a Polícia Federal (PF), o último contato do atacante foi uma ligação com o irmão às vésperas da partida. Um dos amigos de Wander disseminou a informação para um núcleo de apostadores, que então fizeram apostas específicas no cartão amarelo do jogador — o que, de fato, ocorreu.
“Assim, todos os acusados, cientes de que se tratava de um acontecimento já ajustado e encaminhado, efetivaram apostas ‘prevendo’ o mencionado cenário. No dia aprazado, então, 01/11/2023, durante a partida entre Flamengo e Santos, Bruno Henrique realmente cumpriu com a palavra dada a Wander e forçou um cartão amarelo já nos minutos finais da partida, sendo punido, logo depois, com o cartão vermelho, por ter xingado o árbitro”, explicaram os promotores na denúncia.
Um ponto que chama a atenção dos investigadores é o fato de que as contas que realizaram as apostas no atacante eram recém-criadas. Conforme revelado pelo Metrópoles e citado na denúncia do MP, mais de 95% das apostas feitas foram direcionadas especificamente ao recebimento de cartão amarelo por Bruno Henrique.
“Para ser mais específico, no caso da Betano, 98% do volume de apostas para o mercado de cartões foi direcionado para que Bruno Henrique os recebesse — percentual próximo aos 95% identificado pela GaleraBet e compatível com a constatação apresentada pela KTO, de que houve um claro direcionamento para o evento em questão”, destacam os promotores.
“Assim, ao analisar o grupo de apostadores que registraram as apostas suspeitas, verificou-se que ou eram usuários titulares de contas recém-criadas nas plataformas — o que revela o objetivo específico de apostar naquele mercado de cartões e na punição de Bruno Henrique — ou eram clientes antigos que destoaram de seus padrões anteriores de apostas e elevaram consideravelmente os valores investidos naquele caso específico”, concluem.
O Metrópoles tenta contato com o atacante.
Denunciado
Promotores do Gaeco consideraram que o jogador teria combinado a aplicação de um cartão amarelo para beneficiar apostadores.
A denúncia foi protocolada nesta quarta-feira (11/6) e acompanha o pedido de indiciamento feito pela Polícia Federal (PF), que apontou o envolvimento do atleta e de outras nove pessoas pelos crimes de estelionato e fraude em competição esportiva. O caso foi mostrado em primeira mão pelo Metrópoles.
“Nos termos em que será adiante detalhado, a presente denúncia tem por objeto a imputação de crimes de fraude a resultado ou evento associado à competição esportiva (art. 200 Lei nº 14.597/2023), bem como de crimes de estelionato praticados em desfavor de pessoas jurídicas que atuam como agentes operadores de quota fixa, nos termos da Lei nº 14.790/2023”, diz o MPDFT.
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Atacante é suspeito de forçar um cartão amareloGilvan de Souza/CRF2 de 10
Jogador do Flamengo foi indiciado por estelionato e fraude em competições esportivasPaula Reis/CRF3 de 10
Mais 10 pessoas foram indiciadas, além do atacantePaula Reis/CRF4 de 10
Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia FederalGilvan de Souza/CRF5 de 10
O título da Supercopa de 2025 coroou o atacante como o jogador com mais títulos na história do Rubro-NegroGilvan de Souza/CRF6 de 10
Flamengo vem de goleada sobre o JuventudePaula Reis/CRF7 de 10
Bruno é suspeito de ter levado cartão amarelo de propósitoVinícius Schmidt/Metrópoles8 de 10
Bruno ajudou o Flamengo a conquistar a LibertadoresVinícius Schmidt/Metrópoles9 de 10
Segundo a PF, pessoas da sua família teriam se beneficiado Igo Estrela/Metrópoles @igoestrela10 de 10
De acordo com o MPDFT, Bruno Henrique supostamente buscou, de forma deliberada, ser punido pelo árbitro com cartões durante partida entre o Flamengo e o SantosIgo Estrela/Metrópoles @igoestrela
Ao Metrópoles, o Clube de Regatas do Flamengo informou que, nesse primeiro momento, não vai se manifestar sobre o caso do jogador e que o foco do clube está na Copa do Mundo de Clubes.
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