Comerciantes amargam prejuízos em apagão de 4 dias na Bela Vista
Moradores e comerciantes da Bela Vista estão sem energia desde quarta-feira (10), após passagem de ciclone que trouxe fortes ventos a SP
Comerciantes da Bela Vista, região central de São Paulo, estão amargando prejuízos sucessivos devido ao apagão que já dura quatro dias no bairro, após a passagem de um ciclone extratropical com ventos de quase 100 km/h.
A cabeleireira Carmem Silva Souza, de 43 anos, está com o salão na Rua Major Diogo fechado desde quarta-feira (10/12). Até agora, segundo ela, já perdeu entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. “Isso sem falar nos alimentos que estavam na geladeira, que eu tive de jogar fora”, disse.
Carmem contou que aos sábados costuma receber entre 15 e 20 clientes. “Hoje (13/10) foi o maior prejuízo”, disse. Ela diz não saber qual é a previsão da Enel para a retomada do serviço. “Cada dia é uma nova previsão.”
Veja:
Assim como Carmem, o dono de pizzaria João Paulo Umburana Souza (foto de destaque), de 39 anos, também sofre com o apagão na Bela Vista. Ele conta que só está conseguindo trabalhar porque desembolsou R$ 9.800 em um gerador. “Fora a gasolina, pois de duas em duas horas preciso abastecer com 5 litros”, disse.
O equipamento tem ajudado, mas João Paulo disse que está dando prioridade aos alimentos e frios. “Meu freezer de cerveja está perdido”, afirmou. “Perdi vendas e clientes.”
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Após acertar propina, funcionário da Enel ligou energia em 15 segundos
Moradores do bairro também se queixam. O aposentado Marco Aurélio Correa Lima, de 75 anos, diz que está sem energia e sem água. “A noite está tudo fechado, escuro. Aumenta também o clima de insegurança”, afirmou.
O gráfico Fabio Augusto Zaccaro, de 48 anos, diz que em seu prédio também falta energia e água. “Tem pessoas de idade descendo de escada com um balde para buscar água”, contou.
Em algumas ruas da Bela Vista moradores relataram, por volta de 19h50, que a energia havia sido restabelecida.
O que diz a Enel
A Enel afirmou, na manhã deste sábado, que pretende restabelecer o fornecimento de energia para os afetados pelo apagão até o fim deste domingo (14/12). No início da noite deste sábado, cerca de 340 mil imóveis ainda estavam sem luz.
A informação veio após a Justiça ter determinado, na noite dessa sexta, que a companhia resolva a situação de todos os consumidores em até 12 horas, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora.
A empresa afirma que o vendaval que atingiu a área de concessão foi o mais prolongado já registrado na região e que, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde o início das medições, em 2006, “é a primeira vez que a estação meteorológica Mirante de Santana registra uma sequência tão prolongada de ventos superiores a 70 km/h na cidade de São Paulo”.
“As condições meteorológicas adversas impactaram significativamente as operações de restabelecimento, pois as rajadas contínuas causaram novas interrupções enquanto as equipes trabalhavam para religar os clientes”, afirma a concessionária.
A companhia também diz que, desde a manhã de quarta-feira, mobilizou número recorde de equipes em campo, chegando a quase 1,8 mil times ao longo da quinta. “Com as conexões e religamentos realizados até agora, a empresa conseguiu restabelecer o serviço para cerca de 3,1 milhões de clientes afetados pelo vendaval, utilizando sistemas de automação e com o trabalho intensivo das equipes em campo”, afirma.
Protesto no Ipiranga
No Ipiranga, zona sul da capital, moradores organizaram um protesto contra a Enel neste sábado (13/12) após mais de quatro dias sem energia elétrica. Segundo relatos ao Metrópoles, a manifestação só acabou quando um caminhão da empresa foi até o local e restabeleceu o serviço, por volta das 15h20.
A estudante Isabella Hashimoto, 21, mora na rua onde o protesto aconteceu e participou da manifestação. A jovem tem um restaurante de culinária japonesa com a família e afirmou ter perdido aproximadamente R$ 1.500 em produtos como congelados e peixes por causa da falta de energia. Na última sexta-feira (12/12), “cansada de perder mercadorias”, ela chegou a gastar mais R$ 1.500 para comprar um gerador.
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Funcionários da Enel restabelecem energia no Ipiranga, zona sul de São Paulo, após protesto de moradoresWilliam Cardoso/Metrópoles
Funcionários da Enel restabelecem energia no Ipiranga, zona sul de São Paulo, após protesto de moradoresWilliam Cardoso/Metrópoles
Funcionários da Enel restabelecem energia no Ipiranga, zona sul de São Paulo, após protesto de moradoresWilliam Cardoso/Metrópoles
Funcionários da Enel restabelecem energia no Ipiranga, zona sul de São Paulo, após protesto de moradoresWilliam Cardoso/Metrópoles
Funcionários da Enel restabelecem energia no Ipiranga, zona sul de São Paulo, após protesto de moradoresWilliam Cardoso/Metrópoles
Ainda no Ipiranga, onde imóveis ficaram sem luz até o início da tarde deste sábado, o cruzamento da Avenida Nazaré com a Rua Antonio Marcondes teve redução de pistas com cones da CET, por causa do semáforo apagado.
Motoristas foram obrigados a se aventurar na travessia. No tempo em que a reportagem esteve no local, foi possível presenciar diversos “quase acidentes” envolvendo os veículos.
Situação se repete em Moema
Ainda na zona sul, moradores de Moema reclamaram da falta de energia. Uma moradora contou ao Metrópoles que está há quatro dias sem luz. Ela mora na Rua Guaramomis, ao lado de uma clínica de idosos e de uma escola.
“Estamos no escuro total , correndo risco de segurança”, disse.
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