Designer Jay Boggo exibe arte plural, inclusiva e sustentável em BSB
Renascimento pessoal e artístico levou Jay Boggo a unir moda, design e pintura para criar obras sustentáveis e emotivas

Aos 45 anos, Jay Boggo não se restringe na hora de se expressar pela arte. Nas criações, ele transmite as histórias de sua vida por meio de traços, linhas e cortes. Graças à moda, ao design e aos quadros, Jay construiu uma trajetória marcada por um profundo renascimento pessoal, que o levou à descoberta de sua vocação artística, à união de diversas formas de arte e, mais recentemente, à exposição de suas obras no Museu Nacional da República, em Brasília.
Jay Boggo
Descoberta da vocação
Jay Boggo encontrou sua verdadeira vocação e autenticidade após um processo de mudanças na vida pessoal e profissional. Após anos produzindo em volume para grandes marcas como a Zara, o artista quis deixar esse trabalho de lado em busca de liberdade e verdade. O período coincidiu com uma crise pessoal causada pela difícil aceitação de sua sexualidade, após anos tentando se encaixar em um formato aceito pelo seu redor.
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Boggo descreve esse momento como um “renascimento”, quando finalmente pôde se libertar e se tornar quem ele é hoje, como pessoa e como artista. Ele relata que sua arte estava “adormecida” por mais de 30 anos e que compreendeu que não conseguiria mais criar sem um propósito genuíno. Para Boggo, ser artista não é sobre realizar produções grandiosas, mas sim sobre entregar sentido e mover as pessoas.
Arte de Boggo estava “adormecida”
A marca J.Boggo+ nasceu, há sete anos, dessa necessidade de expressar sua nova identidade em São Paulo, onde passou a criar peças agênero e de tamanho único com modelagens amplas, fugindo das tendências e da produção em massa da indústria. Sua filosofia de trabalho é guiada pelo lema “verdade e coragem”, tatuado em sua mão, e pela inspiração na natureza, valorizando a autenticidade e o que vem do coração.
“Cada roupa é feita para durar, para encontrar seu dono, para resistir ao tempo e ao consumo rápido. Quero que quem vista uma peça minha sinta orgulho, alegria, prazer”, compartilha o artista.

Parceria com a marca Selo
Peças agênero e inclusivas
A união das artes
Jay é um artista transdisciplinar que não se limita a uma única forma de expressão, dividindo-se entre a moda sustentável, o design de móveis e a pintura. Para ele, moda, arte e design se entrelaçam e caminham juntas, exigindo “escuta, atenção, afeto” e uma relação autêntica com o observador: “Eu não me vejo como uma potência isolada, mas acredito na potência que surge da união entre essas três linguagens”.
Sua produção, intencionalmente limitada a no máximo três unidades por modelo, foca na diversidade e sustentabilidade, utilizando matérias-primas como linho, algodão e, por muitos anos, restos da indústria têxtil. No design de mobiliário, Jay Boggo trabalha com sobras de madeiras amazônicas, valorizando as imperfeições e assegurando a rastreabilidade.
Vestido Nanda, da coleção Aurora
Trabalho de design de móveis
A pintura, por sua vez, surgiu como um processo terapêutico durante a pandemia e hoje já conta com mais de cem telas comercializadas. Por meio de todas essas formas de arte, Boggo busca passar uma mensagem de cuidado, um olhar mais atento ao consumo e à presença, manifestando a sustentabilidade como um “gesto cotidiano”.
“Cada peça que crio, seja roupa, escultura, pintura ou mobiliário, nasce da mesma intenção: entregar algo bem feito, com carinho, com alma”, disse Boggo à coluna.

Jay Boggo no Museu Nacional da República
A instalação Roda de Cura de Jay Boggo está em exibição no Museu Nacional da República, em Brasília, como parte da exposição Horizonte em Risco, no Brasília Design Week 2025. A instalação é composta por cinco peças da coleção O Fogo que Cria, convidando a uma experiência de escuta, acolhimento e regeneração. No centro da obra, uma escultura que remete às gamelas indígenas, símbolos de partilha e permanência, é circundada por quatro bancos, evocando a roda de fogo, uma prática espiritual ancestral dos povos originários. As peças são feitas de madeira Tatajuba reaproveitada, vinda do Pará, e aplicam a técnica japonesa de carbonização shou sugi ban.
Confira imagens da coleção, que pode ser visitada gratuitamente, até 24 de junho:
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Jay BoggoJay Boggo/Divulgação2 de 6
Jay Boggo@kauebarp/Jay Boggo/Divulgação3 de 6
Jay Boggo@kauebarp/Jay Boggo/Divulgação4 de 6
Trabalho de design de móveis@kauebarp/Jay Boggo/Divulgação5 de 6
Jay Boggo@kauebarp/Jay Boggo/Divulgação6 de 6
Jay Boggo@kauebarp/Jay Boggo/Divulgação
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