Dólar dispara e Bolsa tomba com temor fiscal e incerteza sobre IOF

Além da preocupação com o quadro fiscal, mercado repercutiu dados de emprego que vieram acima do esperado e ata de reunião do BC dos EUA

May 28, 2025 - 17:30
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Dólar dispara e Bolsa tomba com temor fiscal e incerteza sobre IOF

Em um dia de agenda econômica movimentada no Brasil e nos Estados Unidos, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (28/5) em forte alta em relação ao real, refletindo a tensão do mercado com dúvidas acerca da questão fiscal.

Dólar

  • A moeda dos EUA fechou em alta de 0,89%, negociada a R$ 5,695.
  • Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,717. A mínima foi de R$ 5,644.
  • Na véspera, o dólar fechou em baixa de 0,53%, negociado a R$ 5,645.
  • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 0,33% no mês e de 9,54% no ano.

Ibovespa

  • O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), encerrou o pregão em queda, embora tenha reduzido as perdas durante a tarde.
  • Por volta das 17 horas, nos minutos finais do pregão, o Ibovespa recuava 0,35%, aos 139 mil pontos.
  • Na cotação mínima do dia, o índice foi a 138,5 mil pontos. A máxima foi de 139,5 mil.
  • No dia anterior, o indicador terminou o pregão com forte alta de 1,02%, aos 139,5 mil pontos.
  • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 3,31% em maio e de 16,01% em 2025.

IOF e a questão fiscal

Segundo analistas do mercado, a tensão nos negócios nesta quarta-feira se deveu, em grande parte, às preocupações dos investidores em relação à questão fiscal no Brasil.

Há, ainda, temor do mercado acerca de um possível enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após o desgaste causado pelas idas e vindas do anúncio do aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na semana passada.

Nesta quarta, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan (número 2 da pasta), afirmou que a equipe econômica estuda alternativas ao aumento do IOF.

“Nós vamos nos debruçar sobre as alternativas […] para que a gente faça uma avaliação cuidadosa, séria, mas faça uma avaliação do que é melhor para o país neste momento”, disse Durigan a jornalistas.

A declaração do auxiliar do ministro Fernando Haddad foi dada após reunião com representantes dos maiores bancos privados do Brasil e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Ainda segundo Durigan, a Fazenda está disposta a fazer “as revisões e ajustes necessários”.

“A gente discutiu alternativas apresentadas pela Febraban e outras que a gente trouxe para o debate. É natural que a gente avance nesse debate sobre o que poderia ser uma alternativa a itens isolados desse ajuste no IOF”, completou.

O IOF é um tributo federal que alcança pessoas físicas e empresas e incide sobre operações que envolvem crédito, câmbio, seguros e títulos mobiliários.

As medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda na última quinta-feira (22/5) visavam ao aumento da arrecadação. No entanto, a reação negativa do mercado financeiro fez com que a pasta voltasse atrás em alguns pontos, horas depois.

Um dos trechos revogados diz respeito às aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior. Originalmente, a alíquota para tal movimentação era zero. Com as mudanças anunciadas pela Fazenda, foi implementada a taxação equivalente a 3,5%. Horas depois, o governo recuou e voltou a zerar o IOF para esse tipo de transação.

O segundo ponto se refere à cobrança de IOF sobre remessas ao exterior por parte de pessoas físicas. O Ministério da Fazenda esclareceu que as remessas destinadas a investimentos continuarão sujeitas à alíquota atualmente vigente de 1,1% – ou seja, sem alterações.

Por outro lado, os aumentos de IOF na compra de moeda estrangeira, nos gastos com cartões no exterior e em depósitos mensais acima de R$ 50 mil em previdência privada foram mantidos.

Agentes do mercado temem que o Congresso Nacional derrube o aumento do IOF, o que traria ainda mais dificuldade para a equipe econômica na tarefa de promover um ajuste fiscal eficiente.

Caged acima das expectativas

Ainda no cenário doméstico, o destaque do dia ficou por conta da divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes ao mês de abril, por parte do Ministério do Trabalho.

O Brasil criou 257.528 vagas de emprego formal (ou seja, com carteira assinada) em abril, segundo dados do Caged. Este é o maior número para o mês desde 2020, início da série histórica do Novo Caged. O recorde anterior foi registrado no ano passado, com a abertura de 239,9 mil postos de trabalho formal.

O saldo de abril é decorrente de 2.282.187 de admissões e 2.024.659 de desligamentos. Na comparação ao mesmo período de 2024 (239.886), o resultado do mês representa um aumento de 7,35%.

No acumulado do ano (de janeiro a abril), foram abertas 922.362 vagas de emprego formal.

O resultado veio acima das estimativas do mercado, que giravam em torno de 175 mil novas vagas.

Depois do Caged, está prevista a divulgação do índice oficial de desemprego no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quinta-feira (29/5).

Azul em recuperação judicial nos EUA

Outro fato relevante desta quarta-feira foi o anúncio de que a Azul, uma das três principais companhias aéreas do Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA.

A empresa recorreu ao “Chapter 11” – mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras. O instrumento é semelhante ao da recuperação judicial no Brasil.

De acordo com comunicado da Azul, o processo iniciado nos EUA “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.

“A Azul pretende usar esse instrumento legal, comprovado e amplamente conhecido, para eliminar aproximadamente US$ 2 bilhões em dívida total financiada, reduzir obrigações de arrendamento e otimizar sua frota, permitindo que a companhia saia do processo com mais flexibilidade e uma estrutura de negócios e de capital mais sustentável”, diz a companhia aérea.

Ainda segundo a Azul, o processo envolve US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas, o equivalente a cerca de R$ 11,2 bilhões, além de US$ 950 milhões em possíveis novos aportes de capital no momento de saída da recuperação judicial.

A empresa afirma também, que durante esse período, continuará operando normalmente, mantendo “compromissos com nossos públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume”.

Logo na abertura do pregão, nesta manhã, os papéis da Azul chegaram a desabar cerca de 12% na mínima, negociados abaixo de R$ 1. Nos minutos seguintes, as perdas foram amenizadas.

Por volta das 10h45 (pelo horário de Brasília), a ação preferencial da Azul recuava 1,87%, cotada a R$ 1,05.

Já na reta final do pregão, por volta das 16 horas, as ações da companhia aérea recuavam 2,8%, a R$ 1,04.

Ata do Fed aponta “inflação persistente”

Nos EUA, os investidores acompanharam com atenção a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) da autoridade monetária dos EUA.

No início de maio, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Foi a terceira reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.

Antes das três últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.

Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.

“Quase todos os participantes [da reunião] comentaram sobre o risco de a inflação se mostrar mais persistente do que o esperado”, diz a ata do Fed.

No documento, o BC norte-americano diz ainda que a economia dos EUA poderia enfrentar “tradeoffs difíceis” nos próximos meses, como o aumento da pressão inflacionária e do desemprego – o que, em última análise, reforça riscos de uma eventual recessão.

O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,3% em abril, na base anual, uma leve queda em relação aos 2,4% registrados em março.

Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, após uma queda de 0,1% em março (o primeiro recuo da inflação norte-americana desde maio de 2020).

Os resultados da inflação nos EUA vieram dentro do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,4% (anual) e 0,3% (mensal).

A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.

A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.

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