Embaixador palestino agradece apoio do Brasil contra Israel em Haia
Segundo embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, decisão do Brasil é um importante passo político e diplomático

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, agradeceu o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por expressar o desejo de se juntar à ação da África do Sul no Tribunal de Haia, que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. Em nota enviada ao Metrópoles nesta terça-feira (15/7), o diplomata classificou a decisão como um “grande peso político e jurídico”.
“A possível decisão do Brasil de participar do processo em curso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) fortalece o movimento global contra o genocídio, mostrando responsabilidade, justiça e respeito ao direito dos povos à autodeterminação, ao lado dos países que também apresentaram suas posições”, escreveu Alzeben na manifestação.
De acordo com o representante palestino em Brasília, a postura do governo Lula mostra uma renovação ao “compromisso legitimado” do Brasil contra o fim das ocupações ilegais de Israel em territórios palestinos, e da solução pacífica para a guerra que se arrasta desde outubro de 2023.
“A decisão possui grande peso político e jurídico, dado o peso do Brasil na arena política mundial e do Sul Global, podendo influenciar futuras decisões da ONU de pôr fim a genocídios e crimes de lesa humanidade”, disse o embaixador. “A Palestina agradece este passo político, diplomático e jurídico significativo”.
No último fim de semana, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, afirmou à rede Al Jazeera que o Brasil “está trabalhando” para aderir a denúncia sul-africana no Tribunal de Haia. Segundo o chanceler, a adesão pode acontecer “em muito pouco tempo”.
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Desde 2023, corre no Tribunal de Haia uma ação contra Israel, apresentada pela África do Sul. De acordo com a denúncia, o país liderado por Benjamin Netanyahu promoveu genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza.
O governo de Israel, por sua vez, rejeita as alegações, classificadas como uma “difamação de sangue” e um gesto de apoio ao grupo extremista Hamas.
Ao mesmo tempo em que o Estado de Israel é acusado, o premiê do país, Benjamin Netanyahu, também é alvo da Justiça Internacional. Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense, sob acusações de crimes de guerra.
Relação desgastada
O possível apoio do Brasil a ação contra Israel acontece no momento em que as relações entre Brasília e Tel Aviv estão desgastadas.
Por conta disso, existe a incerteza sobre a manutenção de um embaixador israelense no Brasil. Desde janeiro, o governo brasileiro tem travado a aprovação do nome escolhido por Israel para assumir a representação diplomática em Brasília.
No mundo da diplomacia, o gesto é visto como um rebaixamento nas relações entre duas nações. A medida já foi defendida publicamente pelo principal assessor de Lula para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim.
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