Ex de Gisele Bündchen clona cadela morta; saiba como funciona e riscos
Tom Brady, ex-marido de Gisele Bündchen, fez a clonagem da cadela Lua, falecida em 2023. Entenda como funciona o processo e seus riscos
Recentemente, Tom Brady, ex-atleta de futebol americano, voltou as mídias por algo bastante curioso. Ele revelou que sua cadela, chamada Junie, é um clone da que ele compartilhava com Gisele Bündchen, sua ex-mulher, e que faleceu em 2023.
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A história se espalhou nas redes sociais e levantou muitas dúvidas entre os internautas. Ele contou à imprensa que o processo de clonagem exigiu apenas uma “simples coleta de sangue” antes do falecimento da cadela idosa, que se chamava Lua e era uma mistura de pitbull.
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Segundo informações no site da Viagen, empresa que realizou o processo, preservar a genética de um animal de estimação custa US$ 1.600. Já a clonagem de cães e gatos custa US$ 50 mil. Convertidos, esses valores representam algo em torno de R$ 8.500 e R$ 267 mil, respectivamente.
A foto da esquerda mostra a cadela Lua, que faleceu em 2023. À direita, está Junie, o clone genético
Apesar de cientistas realizarem esse procedimento desde a década de 1990, quando uma equipe escocesa clonou uma ovelha a partir de uma célula da glândula mamária, o assunto ainda gera muitos questionamentos. A veterinária Simone Freitas explica como funciona a clonagem de animais de estimação e suas consequências.
As etapas
“A clonagem de cães na prática funciona como um ‘transplante’ de DNA e usa uma técnica chamada Transferência Nuclear de Células Somáticas (SCNT)”, esclarece. Segundo a profissional, o processo envolve, basicamente, cinco etapas. São elas:
- É coletada uma célula do cão, que contém todo o DNA, o “mapa genético”, que se quer copiar;
- O núcleo (parte que contém o DNA original) de um óvulo da cadela doadora é removido. Ou seja, o óvulo fica “vazio”;
- O DNA coletado do cão a ser clonado é inserido nesse óvulo vazio;
- O óvulo é ativado com um pulso elétrico para fazê-lo “achar” que foi fertilizado e começar a se multiplicar;
- Este embrião recém-criado é colocado cirurgicamente no útero de uma cadela receptora (a “mãe de aluguel”), que irá gestá-lo até o nascimento.
A gravidez canina dura cerca de 63 dias, mas os sinais só começam a aparecer por volta da terceira ou quarta semana
Ela ainda acrescenta que os principais desafios técnicos são a dificuldade de coletar e maturar os óvulos com sucesso e o fato de que não há um protocolo consistente. “Ou seja, um ‘manual de instruções’ infalível para o cultivo dos embriões clonados, tornando o sucesso do processo imprevisível.”
Os cães são realmente um clone?
Quando se fala em clonagem, esta é a pergunta que não quer calar: os animais, de fato, são os mesmos? A resposta é que o processo apenas gera um gêmeo genético, mas não “ressuscita” um animal idêntico. As semelhanças físicas podem até existir, mas o comportamento não é influenciado.
“O que existe é uma combinação de fatores genéticos e ambientais quando se trata de personalidade, temperamento e comportamento. Fatores como a socialização, o treinamento, as experiências de vida e o carinho recebido moldam quem o cão se torna”, salienta.
Acerca da saúde do pet, a especialista explica que não há evidências científicas sobre a longevidade dos animais resultantes da clonagem. “No entanto, há um risco de nascimentos com anormalidades físicas que não são comuns na reprodução natural, como os filhotes nascerem muito maiores que o normal, por exemplo.”
A clonagem pode gerar filhotes com doenças ou que morrem prematuramente
Ela também fala sobre outra complicação, a hipermiotrofia muscular, que é um excesso de músculos. “Em quase todos os casos, é fatal devido a dificuldades respiratórias.” Também pode haver problemas como macroglossia, a língua desproporcional, e fenda palatina, uma abertura no céu da boca, que dificultam a alimentação e a respiração do filhote.
Já para as mães de aluguel e as doadoras de óvulos, os impactos são maiores. “Os centros de clonagem afirmam seguir padrões de bem-estar, fornecendo cuidados e analgésicos. O uso repetido de animais saudáveis em procedimentos cirúrgicos complexos é um impacto real no bem-estar deles”, comenta a veterinária.
Como fica a questão ética
Para Simone, o principal entrave ético é justamente o bem-estar animal. “A clonagem expões doadoras e receptoras a procedimentos invasivos, além de existir o risco dos filhotes nascerem com anormalidades físicas que podem levar a morte dos mesmos.”
A clonagem pode ajudar a estudar doenças que são comuns entre cães e seres humanos
Ela ainda menciona que a clonagem existe, principalmente, para estudar doenças humanas. Isso é possível porque os cães compartilham cerca de 350 condições genéticas com humanos. Eles também são considerados um excelente modelo para o estudo, especialmente das doenças mais complexas, como câncer, diabetes, doenças cardíacas e epilepsia.
“Logo, clonar um cão na expectativa de ‘recuperar’ o animal de estimação perdido deve ser desmistificada, porque o clone é um indivíduo geneticamente idêntico, mas biologicamente distinto e com riscos de saúde associados ao processo de nascimento”, comenta.
Depois de saber dessa possibilidade, certamente muitos tutores pensarão em clonar seus pets que estão prestes a falecer. Porém, a especialista deixa um conselho: “O melhor a fazer é guardar na memória os melhores momentos com seu pet e estar aberto a acolher novas vidas de quatro patas”.
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