Explosão em SP: família não sabia que homem armazenava fogos em imóvel

Alessandro de Oliveira Mariano, que assina o contrato de locação do imóvel onde ocorreu uma explosão na noite dessa quinta-feira (13/11) no Tatuapé, zona leste de São Paulo, teria descoberto há apenas alguns dias que o irmão, Adir de Oliveira Mariano, estaria morando na casa. Os dois não se falavam há 7 anos.

As informações foram confirmadas ao Metrópoles pela advogada Fernanda Nunes, que faz a defesa de Alessandro.

A bacharel explicou que Alessandro alugou a casa 9 anos atrás, quando era casado, e morou lá durante 4 anos ao lado da então esposa e das filhas. Segundo Fernanda, a agora ex de Alessandro se mudou do local há cerca de 3 meses.

A família não sabe como o imóvel foi passado para Adir ou há quanto tempo ele estava morando lá. Alessandro também não tinha conhecimento de que, quando deixou a casa, a ex-esposa não havia rescindido o contrato de locação. Quando descobriu, ele – que não falava com o irmão –, chegou a procurar uma irmã para ajudar na conversa e regularizar a situação.

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Fernanda Nunes afirmou que, ao saber sobre a explosão, Alessandro se dirigiu ao local, se identificou como locatário e irmão do homem que estava morando lá e foi para a delegacia, onde prestou depoimento como testemunha.

De acordo com a advogada, a família também não tinha conhecimento que Adir possuía fogos de artifício armazenados de forma irregular. Os familiares só sabiam que o homem, desde criança, gostava de soltar balão.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil sobre o caso apontam que Adir Mariano, de 46 anos, seria a vítima que não sobreviveu à explosão. Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (14/11), o delegado Felipe Soares, da 5ª Delegacia Seccional Leste, explicou que o corpo encontrado provavelmente se trata de Adir, já que ele estava sozinho no imóvel no momento do ocorrido.

Ainda é preciso aguardar o resultado do exame necroscópico do Instituto Médico-Legal (IML) para confirmar a identidade da vítima. Segundo o delegado, familiares não conseguem localizar Adir desde quinta-feira, o que aumenta as suspeitas de que ele seja a vítima. Adir Mariano morava no imóvel há cerca de 40 dias, segundo a polícia.

O corpo do homem que não sobreviveu à explosão foi encontrado carbonizado pelo Esquadrão de Bombas do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) – acionado pelo Corpo de Bombeiros durante o rescaldo. Um familiar chegou a ir ao IML para tentar fazer o reconhecimento, mas não conseguiu.

Quem é Adir

Segundo a Polícia Civil, Adir Mariano não era muito conhecido pela vizinhança. O homem já tinha uma passagem pela polícia em 2011 e 2012 por soltar balões, e foi absolvido em 2015.

Nas redes sociais, o suspeito já havia feito postagens sobre balões. Para a corporação policial, as publicações fazem referência à fabricação e soltura de balões ilegalmente. 3 imagensFechar modal.1 de 3

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Reprodução/ Facebook

“Poucos vão entender que por traz de papel cola vela e fogo existe algo inexplicável [sic] um sentimento de adoração e necessidade que nos leva a um lugar único e a explicação é que é um dom que Deus nos abençoou (fica a saudade mais também fica a alegria de saber que foi uma pessoa especial que foi selecionada por Deus pra ter o dom desta arte) descanse em paz”, escreveu ele para homenagear um amigo que havia morrido.

Explosão no Tatuapé

O imóvel fica localizado na Rua Francisco Bueno, no Tatuapé, próximo à Avenida Celso Garcia, que faz cruzamento com a Salim Farah Maluf. A casa funcionava como um depósito irregular de fogos de artifício.

Além de atingir os imóveis ao redor, a explosão derrubou estruturas metálicas e provocou danos em veículos estacionados na região. A força do impacto também levou à interdição temporária da Avenida Salim Farah Maluf para garantir a segurança das equipes em atuação no momento da ocorrência.

Veja o antes e depois da casa: 4 imagensFechar modal.1 de 4

Veja antes e depois de imóvel que explodiu no TatuapéReprodução/ Google Maps2 de 4

Casas destruídas após explosão no TatuapéLeonardo Amaro/ Metrópoles3 de 4

Casas destruídas após explosão no TatuapéLeonardo Amaro/ Metrópoles4 de 4

Casas destruídas após explosão no TatuapéLeonardo Amaro/ Metrópoles

Além do homem que morreu, pelo menos 10 pessoas ficaram feridas. As outras vítimas foram encaminhadas a unidades de saúde próximas ou atendidas no local pelas equipes de emergência.

A vizinhança amanheceu em escombros nesta sexta, devido à explosão. Veja: 12 imagensFechar modal.1 de 12

Depósito de fogos clandestino explode no Tatuapé e deixa um mortoLeonardo Amaro/Metrópoles2 de 12

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Casa próxima ao local da explosão no TatuapéLeonardo Amaro/Metrópoles12 de 12

Cão resgatado após explosão no TatuapéLeonardo Amaro/Metrópoles

Uma vizinha do imóvel sofreu ferimentos na cabeça e, com o seu filho, que teve lesões leves, foi levada ao Hospital Nipo-Brasileiro, na zona norte da capital. A informação é da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Uma câmera de segurança registrou o momento exato da forte explosão que assustou moradores da zona leste.

Veja imagens da explosão

Corpo de Bombeiros envia viaturas ao Tatuapé para controlar fumaça e pequenas explosões subsequentes Reprodução / Redes Sociais2 de 11

Câmera de segurança registra momento de explosão na zona lesteReprodução/Câmera de segurança3 de 11

Câmera de segurança registra momento de explosão na zona lesteReprodução/Câmera de segurança4 de 11

Câmera de segurança registra momento de explosão na zona lesteReprodução/Câmera de segurança5 de 11

Explosão na zona leste de SPReprodução/Redes sociais6 de 11

Apartamento danificado por explosão na zona lesteReprodução/Redes sociais7 de 11

Explosão na zona leste de SPReprodução/Redes sociais8 de 11

Explosão na zona leste de SPReprodução/Redes sociais9 de 11

Corpo de Bombeiros envia viaturas ao Tatuapé para controlar fumaça e pequenas explosões Reprodução / Redes Sociais10 de 11

Explosão causou estragos na zona lesteReprodução/Redes sociais11 de 11

Explosão causou estragos na zona lesteReprodução/Redes sociais

A explosão, que ocorreu por volta das 19h, mobilizou pelo menos oito viaturas do Corpo de Bombeiros. Segundo a corporação, o incidente aconteceu em uma residência e envolveu fogos de artifício, gerando muita fumaça e pequenas explosões subsequentes.

Moradores da região relataram, nas redes sociais, que o impacto quebrou vidros das janelas de vários apartamentos em um prédio próximo ao local da explosão. Carros estacionados nas ruas do entorno do local que explodiu também foram danificados.

Casas interditadas

A explosão afetou ao menos 23 casas da vizinhança até 10h30 desta sexta-feira. De acordo com a Defesa Civil, foram interditados preventivamente 12 imóveis de forma total e 11 de forma parcial.

Anteriormente, 21 casas estavam interditadas.

O vice-prefeito da capital, coronel Mello Araújo (PL), informou aos jornalistas que equipes da Subprefeitura da Mooca, funcionários da Defesa Civil e engenheiros realizam uma varredura para confirmar o status de interdição das casas. Segundo ele, é possível que a interdição parcial em determinados imóveis vire parcial, e vice-versa. A ideia é que os profissionais identifiquem eventuais abalos estruturais nas residências.

“Foi feita aquela primeira [interdição], na hora do sufoco, e agora o pessoal está revendo para saber a situação real das famílias. Então, por enquanto, são 23 residências que estão, de alguma forma, interditadas”, disse o coronel.

A explosão aconteceu em uma casa localizada na Rua Francisco Bueno, perto da Avenida Celso Garcia, que faz cruzamento com a Salim Farah Maluf. O imóvel era usado como um depósito irregular de fogos de artifício.

Mello Araújo reforçou que as famílias que tiverem que deixar seus imóveis receberão ajuda da Prefeitura de São Paulo, que acionou a Secretaria Municipal de Habitação. Ele espera que a nova avaliação sobre as estruturas das casas seja finalizada ainda nesta sexta-feira.

“Conversei com o prefeito Ricardo Nunes e não vamos deixar ninguém desamparado. As pessoas que, porventura, não tenham para onde ir, a prefeitura de alguma forma vai alocá-las […] Ninguém vai ficar na mão”, garantiu o vice-prefeito.

Investigação

A Polícia Civil vai investigar o caso como explosão, crime ambiental e lesão corporal. Um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da ocorrência.

O caso foi registrado no 30º Distrito Policial (Tatuapé), segundo a SSP. A perícia do local foi requisitada, e o exame necroscópico será realizado pelo Instituto Médico-Legal (IML), disse a pasta.