Fake news: efeitos legais e reputacionais para marcas e influencers
A internet é “uma faca de dois gumes” onde pode-se tanto obter resultados arrojados em vendas quanto ser assolado por fake news

Podemos dizer que, entre tantas outras iniciativas de promoção de marcas e pessoas, o marketing digital representa importante papel nos planos de comunicação construídos.
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Se a atenção dos consumidores e usuários está nas telas em geral, é mandatório que marcas e empresas se valham do ambiente digital para promover pessoas, produtos e serviços. No digital, fatos, assuntos e notícias podem viralizar e tomar proporções nacionais e até mesmo globais em poucas horas [para não dizer minutos].
Isso pode ser muito positivo ou ser manipulado de maneira totalmente avassaladora, utilizando-se de mentiras, meias verdades e informações questionáveis.
Explico, uma informação fora de contexto, ainda que sem dolo por parte do interlocutor, pode ser interpretada de inúmeras maneiras, inclusive de forma prejudicial. Se disseminada on-line, pode gerar prejuízos e danos irreparáveis às vítimas.
A internet é “uma faca de dois gumes” onde pode-se tanto obter resultados arrojados em vendas e relevância quanto ser assolado por fake news disseminadas.
Empresas e influenciadores digitais, devido às posições de relevância e notoriedade, são constantemente vítimas de casos de fake news, o que gera graves problemas reputacionais, impactando diretamente os negócios.
A fim de ilustrar tal questão, compartilho o caso que imagino ser de conhecimento de grande parte dos leitores: o caso da doceria Perdomo Doces que, em dezembro de 2023, foi acusada de supostamente ter doces envenenados.
A despeito de tratar-se de uma investigação devido a duas pessoas terem falecido por supostamente terem comido doces envenenados, o simples anúncio de uma investigação conduziu milhares de internautas a “cancelarem” e repudiarem a marca, sem qualquer espaço para contraditório ou direito de defesa perante o apedrejamento da opinião pública.
Fato é que em poucos dias ficou evidenciado que a doceria não possuía qualquer envolvimento nos envenenamentos. Isso foi um alívio para a marca, mas o que o público em geral não sabe são os reflexos de uma situação de cancelamento prematuro para a operação de uma marca.
Recentemente estive em visita à fábrica, onde tive a oportunidade de conversar sobre os impactos desse incidente. A CEO relatou que uma das lojas foi temporariamente interditada, mercadorias apreendidas e experimentou relevante prejuízo financeiro, uma grande crise de imagem que exigiu muita energia e sabedoria para contornar.
Hoje, a empresa cresce a passos largos, mas fica a reflexão dos impactos dos julgamentos prematuros, sobretudo aqueles feitos de maneira on-line.
Digo julgamentos prematuros porque nem todos são intencionalmente criados para prejudicar, inobstante saibamos que as fakes news criadas por pessoas interessadas em prejudicar outras podem ser devastadoras a imagens e reputação de igual modo.
Com a capilaridade e pulverização de informações proporcionada pela internet, uma fake news pode ser circulada e gerar enormes prejuízos em pouco tempo.
Há que se ter pensamento crítico ao interpretar uma informação disponibilizada nas redes e mais ainda ao compartilhá-la.
Existem inúmeras iniciativas legais e governamentais para penalizar, fiscalizar e verificar a conformidade da informação e proliferação. Contudo, a efetividade da medida resta, ao meu sentir, sufocada, com a quantidade de informações que circulam diariamente nas redes.
Bruna Zanini é vice-presidente da Comissão de Propriedade Intelectual OAB/DF.
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