Farra do INSS: entidade pagou R$ 14,7 milhões a deputado de MG, diz PF

A Polícia Federal (PF) extraiu mensagens do celular do “operador financeiro” da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), Cícero Marcelino de Souza Santos, que revelam pagamentos ao deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e dois assessores que trabalharam em seu gabinete.

Segundo a PF, a Conafer desviou R$ 640 milhões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no esquema de descontos indevidos de aposentadorias e pensões revelado pelo Metrópoles.

Leia também

• São Paulo

  PF diz que ex-presidente do INSS recebia R$ 250 mil de propina por mês

• São Paulo

  Ex-presidente do INSS era chamado de “Italiano” em planilha de propina

• São Paulo

  PF: operador de propina chamava diretores do INSS de “heróis” e “amigos”

• Tácio Lorran

  INSS: PF pediu para suspender mandato de deputado, mas Mendonça negou

Pettersen (foto em destaque) recebeu ao menos R$ 14,7 milhões por meio de uma lotérica e uma construtora, do interior de Minas Gerais. Em troca, diz a PF, ele dava acesso a Carlos Lopes, presidente da Conafer, que, conforme as investigações, influenciava na escolha de presidentes do INSS.

O ex-assessor parlamentar Walton Cardoso Lima Júnior aparece como beneficiário dos repasses. Segundo a PF, ele seria “intermediário” entre Lopes e Pettersen. Outro assessor do deputado mineiro suspeito de envolvimento é André Luiz Martins Dias. A PF classifica ambos como “operadores financeiros do parlamentar” no interior de Minas.

“Walton e André são tidos pela PF como ‘operadores financeiros do parlamentar’, responsáveis por receber, fracionar e redistribuir valores que beneficiavam o deputado Euclydes Pettersen e sua base política em Governador Valadares”, escreveu o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), na decisão que autorizou a operação desta quinta-feira (13/11).

A PF pediu para que Pettersen usasse tornozeleira eletrônica, mas Mendonça negou o monitoramento do deputado. Os investigadores chamam o parlamentar de “a pessoa melhor paga na lista de propina”.

Em nota ao Metrópoles, Pettersen disse que apoia o trabalho das autoridades e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.

“Acredito na justiça, na verdade e na importância das investigações sérias, conduzidas dentro da legalidade e com total transparência”, prosseguiu Pettersen”, disse o deputado.