Game over. Só um milagre salvará Bolsonaro de ser banido da política
A culpa é de quem? Dele mesmo

O título deste texto é uma junção de respostas dadas por Bolsonaro a perguntas que lhe foram feitas pelos repórteres e colunistas do portal UOL que o entrevistaram ontem, ao vivo. A certa altura da conversa, Bolsonaro disse:
“Não tem para onde recorrer mais ali [no Supremo Tribunal Federal]. Se eu for condenado, pronto, acabou, é ‘game over’. Vamos ver como vai ser, se vai ter reação da população.
Estou com 70 anos. Pode até achar que estou com uma cara de bom, mas a carcaça tem 70 anos. Não aguento disputar uma eleição daqui a oito, dez anos. Não dá mais”.
Bolsonaro sabe que será condenado pelos crimes de tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e danos ao patrimônio público.
Sabe que seus seguidores mais radicais reagirão ao que aconteceu, só não sabe como, se com ocupações de ruas, bloqueios de estradas, acampamentos à porta de instituições. Desejaria que sim.
Mas sabe também que nada disso seria tolerado por muito tempo. E que ao fim e ao cabo de nada adiantará porque a justiça manterá sua decisão. Ele continuará preso, em casa ou em quartel.
Para Bolsonaro, a prisão será o equivalente a uma pena de morte. O colunista Josias de Souza perguntou-lhe: “Pena de morte política?”. Bolsonaro respondeu:
“Política e física, porque não tenho mais condições de encarar um presídio”.
Fugirá? Isso não lhe perguntaram. O que ele mais teme é ser esquecido e de passar à História como uma nota de rodapé. Daí a resistência em apoiar desde já um nome para suceder a Lula.
Como ele mesmo admitiu, demorará a anunciar seu apoio para continuar a ser procurado e não perder relevância. Fala-se muito na solidão do Poder. A solidão do sem poder é muito pior.
O fim da carreira do presidente mais acidental que o país já teve desde a redemocratização há 40 anos foi escrito quando Bolsonaro tornou-se réu pelos crimes aqui já mencionados.
Ao denunciá-lo, Paulo Gonet, Procurador-Geral da República observou:
“Quando um Presidente da República, que é a autoridade suprema das Forças Armadas, reúne a cúpula dessas Forças para expor planejamento minuciosamente concebido para romper com a ordem constitucional, tem-se ato de insurreição em curso”.
Ao aceitar a denúncia, o ministro Alexandre de Moraes decretou:
“Não é normal que o presidente que acabou de perder uma eleição se reúna com o comandante do Exército, o comandante da Marinha e o ministro da Defesa para tratar de uma minuta de golpe”.
Game over. Perdeu, mané.
What's Your Reaction?






