Inversão histórica: verba da Educação encolhe e Saúde lidera gastos em SP

Gestão Tarcísio de Freitas marca inversão histórica na prioridade de despesas entre as duas áreas mais importantes da administração em SP

Oct 9, 2025 - 02:30
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Inversão histórica: verba da Educação encolhe e Saúde lidera gastos em SP

A caminho do seu último ano, a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo vai marcar uma inversão histórica na distribuição dos recursos destinados às duas áreas mais importantes do estado: educação e saúde.

Desde 2023, primeiro ano do atual governo, a Secretaria Estadual da Educação viu sua receita encolher, perdendo o status de maior orçamento do estado para a Secretaria da Saúde.

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Essa inversão de prioridade financeira foi consolidada com a aprovação da chamada “PEC do Manejo”, em novembro de 2024, e sacramentada no Projeto de Lei Orçamentária de 2026, enviado pelo governador à Assembleia Legislativa (Alesp), no fim de setembro.

No ano passado, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do governador mudou a regra que obrigava o governo de São Paulo a aplicar pelo menos 30% de toda a receita do estado em “manutenção e desenvolvimento do ensino”.

Com a mudança, o piso de gastos em educação foi reduzido para 25%, mínimo exigido pela Constituição Federal, e os 5% restantes passaram a ficar disponíveis para despesas na área da saúde. 6 imagensEstudantes da rede estadual de São Paulo Estudante acompanha aula em escola pública da rede estadual com livro e computadorAlunos do 2° ano do ensino fundamental são destaque na avaliaçãoCrianças acompanham aula em escola na periferia da zona leste de São Paulo Escola Estadual Professora Lídia Onélia Kalil Aun Crepaldi,  em Cosmópolis (SP)Fechar modal.1 de 6

Fachada da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de Sâo PauloMarcelo S. Camargo/Governo de SP2 de 6

Estudantes da rede estadual de São Paulo Jessica Bernardo / Metrópoles3 de 6

Estudante acompanha aula em escola pública da rede estadual com livro e computadorJessica Bernardo / Metrópoles4 de 6

Alunos do 2° ano do ensino fundamental são destaque na avaliaçãoJessica Bernardo / Metrópoles5 de 6

Crianças acompanham aula em escola na periferia da zona leste de São Paulo Jessica Bernardo/Metrópoles6 de 6

Escola Estadual Professora Lídia Onélia Kalil Aun Crepaldi, em Cosmópolis (SP)Reprodução/Google Street View

 

Segundo Tarcísio, essa flexibilização era necessária por causa do crescente gasto público com saúde, resultado do envelhecimento da população. À época, críticos à mudança negavam haver “sobra” no orçamento da educação e apontavam sucateamento no ensino paulista.

Em resposta, o governo criou um programa de parceria com a iniciativa privada para terceirizar a construção e manutenção de escolas públicas estaduais que está em expansão.

Para o ano que vem, o governo Tarcísio propõe um orçamento para a Secretaria da Saúde de R$ 37,7 bihões, 13% maior do que o previsto para a pasta da Educação: R$ 33,3 bilhões — reajuste abaixo da inflação do período. A diferença prevista é de R$ 4,38 bilhões.

O cenário é bem diferente do foi executado pelo governo em 2022, último ano das gestões dos ex-tucanos João Doria e Rodrigo Garcia. Naquele ano, a Educação gastou R$ 55,8 bilhões, em valores corrigidos, ante R$ 33,7 bihões da Saúde. Uma diferença de R$ 22,1 bilhões.

Se a previsão para o Orçamento de 2026 se confirmar — a proposta ainda será debatida pelos deputados estaduais antes de ser votada até o final do ano — o governo Tarcísio terá realizado o menor gasto em educação dos últimos 16 anos (veja gráfico abaixo), enquanto que as despesas com saúde serão as maiores no mesmo período. chart visualization

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A gestão atual nega ter feito cortes no orçamento da Educação, e atribui a redução das despesas a uma queda de R$ 2 bilhões em repasses federais após a mudança na Quota Estadual do Salário-Educação (QESE), em 2024 (leia nota completa abaixo).

Despesas em Educação em valores corrigidos:

  • Tarcísio de Freitas (2023-2026): R$ 133,5 bilhões – média anual de R$ 33,4 bilhões
  • João Doria e Rodrigo Garcia (2019 – 2022): R$ 196,8 bilhões – média anual de R$ 49,2 bilhões
  • Geraldo Alckmin e Márcio França (2015 – 2018): R$ 182,5 bilhões – média anual de R$ 45,6 bilhões
  • Geraldo Alckmin (2011 – 2014): R$ 191,6 bilhões – média anual de R$ 47,9 bilhões

O que diz o governo

Questionada sobre o orçamento da Secretaria da Educação nos últimos anos, a Secretaria da Fazenda afirmou que houve uma redução nos repasses federais para a área e que o Orçamento de 2026 apresenta uma “contenção das despesas” por causa da “menor atividade econômica no país e seus impactos na arrecadação dos estados”.

“É preciso considerar a redução de repasses federais, como a subtração de R$ 2 bilhões da Quota Estadual do Salário-Educação (QESE), somada a outras mudanças em políticas federais. Ainda assim, ao contrário do que afirma a reportagem, não houve redução nos repasses estaduais para a Educação no atual exercício. O orçamento total da pasta apresentou acréscimo de 2,3% em relação a 2024.

Só na Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), foram mais de R$ 634 milhões em investimentos para obras, reformas, climatização, acessibilidade, tecnologia e ampliação da rede escolar — evidenciando o compromisso permanente com a melhoria da qualidade da educação pública.

Na proposta orçamentária elaborada para o próximo ano, a Sefaz reafirma o compromisso da gestão com a higidez fiscal e a necessária contenção das despesas, com o objetivo de manter o equilíbrio financeiro do Estado em função de menor atividade econômica no país e seus impactos na arrecadação dos Estados”.

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