Israel ataca mais de 150 alvos na Cidade de Gaza e abre novo corredor para fuga de moradores

Israel inicia operação por terra na Cidade de Gaza Um dia após o início da ofensiva por terra para a tomada integral da Cidade de Gaza, Israel anunciou nesta quarta-feira (17) que atacou mais de 150 alvos na localidade. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O Exército do país também anunciou a abertura de um novo corredor para acelerar a fuga dos moradores em direção ao sul — a nova ofensiva levou milhares de pessoas a deixar novamente a Cidade de Gaza, para onde parte da população local havia voltado após fugir para o sul em uma primeira fase da guerra na Faixa de Gaza. Nesta semana, estradas que levam ao sul do território palestino já estavam colapsadas com filas de carros amontoados e pessoas fugindo a pé (veja imagem abaixo). Palestinos fogem para o sul após Israel ordenar evacuação e iniciar operação terrestre para ocupar a Cidade de Gaza, em 16 de setembro de 2025. Reuters/Mahmoud Issa Israel vem reiterando as ordens para a evacuação da Cidade de Gaza, mas até então recomendava que os moradores fugissem pela estrada costeira. A nova passagem, chamada de Salaheddine, estará disponível apenas durante 48 horas, indicou o coronel israelense Avichay Adraee nas redes sociais nesta quarta-feira.  Segundo o porta-voz do Exército de Israel, Effie Deffrin, o Exército israelense já controla "boa parte" do território palestino. Cerca de 350 mil moradores da Cidade de Gaza deixaram a localidade rumo às chamadas zonas humanitárias no sul do enclave. Até a semana anterior ao início da ofensiva, entre 900 mil a um milhão de pessoas viviam nesta que é a principal cidade da Faixa de Gaza. Nesta manhã, duas divisões do Exército de Israel operavam na Cidade de Gaza e mais uma terceira vai se somar a elas nos próximos dias. Os dados são sigilosos, mas a RFI obteve a informação de que as forças regulares israelenses contam com entre seis e sete divisões. Ou seja, essa expansão na Cidade de Gaza deve contar com a participação de metade das divisões do Exército.  De acordo com o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, "o Hamas recebeu duros golpes que levaram à derrota da maior parte de poderio militar" do grupo palestino. Segundo ele, "as conquistas [na Faixa de Gaza] permitirão que Israel se aproxime do fim da guerra”. Zamir foi o grande protagonista de embates com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nas recentes reuniões do gabinete de segurança por demonstrar oposição à ofensiva. O chefe do Estado-Maior do Exército deixou claro que considera a decisão um risco para os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro, dos quais 20 estão vivos, e para os próprios soldados do país.  Segundo informação apurada pela RFI, a avaliação de uma fonte israelense é que essa operação deve levar vários meses, podendo se estender até janeiro de 2026.  Fuga da Cidade de Gaza Atualmente, a população da Cidade de Gaza se divide em três grupos: aqueles que tentam fugir rumo ao sul e seguem as orientações do Exército de Israel, aqueles que decidiram ficar por impossibilidade de se deslocar, e os que vão ficar por pressão por parte do Hamas ou porque não acreditam nas diretrizes de Israel.  Quem tenta fugir enfrenta um longo engarrafamento de pessoas que trafegam a pé, de carro ou caminhão pela estrada de Al-Rashid, a principal via litorânea de Gaza. Além disso, há uma questão econômica que dificulta a fuga: o número de caminhões disponíveis para transportar as pessoas e seus bens é reduzido, porque que aumentou de forma significativa o preço do serviço.  O valor dos combustíveis também subiu no território justamente em função da escassez. Todos esses elementos tornam ainda mais difícil a vida de quem quer sair da Cidade de Gaza e fugir do foco atual da guerra.  Israel avalia que entre 200 mil a 300 mil civis palestinos vão permanecer na Cidade de Gaza durante esta fase da expansão militar.  Genocídio e desnutrição infantil O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que mais de cem mil crianças precisam de tratamento para desnutrição aguda no enclave palestino. A porta-voz da entidade, Tess Ingram, diz que "o deslocamento forçado e em massa de famílias da Cidade de Gaza é uma ameaça mortal aos mais vulneráveis". Segundo ela, centros de nutrição na Cidade de Gaza foram "forçados a fechar esta semana devido a ordens de retirada e à escalada militar".  Israel contesta as alegações de fome na Faixa de Gaza. No caso específico da operação em curso, as autoridades israelenses afirmam que as pessoas que se deslocarem para as zonas humanitárias no sul do território "encontrarão comida, abrigo e medicamento".  Um novo relatório realizado por uma comissão independente da ONU também afirmou na terça-feira (16) que Israel é responsável por ter cometido genocídio contra os palestinos não apenas na Faixa de Gaza, mas também em Jerusalém Oriental. Segundo o documento, Israel cometeu quatro dos cinco atos genocidas definidos pela Convenção para a Prevenção e Punição do

Sep 17, 2025 - 08:00
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Israel ataca mais de 150 alvos na Cidade de Gaza e abre novo corredor para fuga de moradores

Israel inicia operação por terra na Cidade de Gaza Um dia após o início da ofensiva por terra para a tomada integral da Cidade de Gaza, Israel anunciou nesta quarta-feira (17) que atacou mais de 150 alvos na localidade. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O Exército do país também anunciou a abertura de um novo corredor para acelerar a fuga dos moradores em direção ao sul — a nova ofensiva levou milhares de pessoas a deixar novamente a Cidade de Gaza, para onde parte da população local havia voltado após fugir para o sul em uma primeira fase da guerra na Faixa de Gaza. Nesta semana, estradas que levam ao sul do território palestino já estavam colapsadas com filas de carros amontoados e pessoas fugindo a pé (veja imagem abaixo). Palestinos fogem para o sul após Israel ordenar evacuação e iniciar operação terrestre para ocupar a Cidade de Gaza, em 16 de setembro de 2025. Reuters/Mahmoud Issa Israel vem reiterando as ordens para a evacuação da Cidade de Gaza, mas até então recomendava que os moradores fugissem pela estrada costeira. A nova passagem, chamada de Salaheddine, estará disponível apenas durante 48 horas, indicou o coronel israelense Avichay Adraee nas redes sociais nesta quarta-feira.  Segundo o porta-voz do Exército de Israel, Effie Deffrin, o Exército israelense já controla "boa parte" do território palestino. Cerca de 350 mil moradores da Cidade de Gaza deixaram a localidade rumo às chamadas zonas humanitárias no sul do enclave. Até a semana anterior ao início da ofensiva, entre 900 mil a um milhão de pessoas viviam nesta que é a principal cidade da Faixa de Gaza. Nesta manhã, duas divisões do Exército de Israel operavam na Cidade de Gaza e mais uma terceira vai se somar a elas nos próximos dias. Os dados são sigilosos, mas a RFI obteve a informação de que as forças regulares israelenses contam com entre seis e sete divisões. Ou seja, essa expansão na Cidade de Gaza deve contar com a participação de metade das divisões do Exército.  De acordo com o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, "o Hamas recebeu duros golpes que levaram à derrota da maior parte de poderio militar" do grupo palestino. Segundo ele, "as conquistas [na Faixa de Gaza] permitirão que Israel se aproxime do fim da guerra”. Zamir foi o grande protagonista de embates com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nas recentes reuniões do gabinete de segurança por demonstrar oposição à ofensiva. O chefe do Estado-Maior do Exército deixou claro que considera a decisão um risco para os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro, dos quais 20 estão vivos, e para os próprios soldados do país.  Segundo informação apurada pela RFI, a avaliação de uma fonte israelense é que essa operação deve levar vários meses, podendo se estender até janeiro de 2026.  Fuga da Cidade de Gaza Atualmente, a população da Cidade de Gaza se divide em três grupos: aqueles que tentam fugir rumo ao sul e seguem as orientações do Exército de Israel, aqueles que decidiram ficar por impossibilidade de se deslocar, e os que vão ficar por pressão por parte do Hamas ou porque não acreditam nas diretrizes de Israel.  Quem tenta fugir enfrenta um longo engarrafamento de pessoas que trafegam a pé, de carro ou caminhão pela estrada de Al-Rashid, a principal via litorânea de Gaza. Além disso, há uma questão econômica que dificulta a fuga: o número de caminhões disponíveis para transportar as pessoas e seus bens é reduzido, porque que aumentou de forma significativa o preço do serviço.  O valor dos combustíveis também subiu no território justamente em função da escassez. Todos esses elementos tornam ainda mais difícil a vida de quem quer sair da Cidade de Gaza e fugir do foco atual da guerra.  Israel avalia que entre 200 mil a 300 mil civis palestinos vão permanecer na Cidade de Gaza durante esta fase da expansão militar.  Genocídio e desnutrição infantil O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que mais de cem mil crianças precisam de tratamento para desnutrição aguda no enclave palestino. A porta-voz da entidade, Tess Ingram, diz que "o deslocamento forçado e em massa de famílias da Cidade de Gaza é uma ameaça mortal aos mais vulneráveis". Segundo ela, centros de nutrição na Cidade de Gaza foram "forçados a fechar esta semana devido a ordens de retirada e à escalada militar".  Israel contesta as alegações de fome na Faixa de Gaza. No caso específico da operação em curso, as autoridades israelenses afirmam que as pessoas que se deslocarem para as zonas humanitárias no sul do território "encontrarão comida, abrigo e medicamento".  Um novo relatório realizado por uma comissão independente da ONU também afirmou na terça-feira (16) que Israel é responsável por ter cometido genocídio contra os palestinos não apenas na Faixa de Gaza, mas também em Jerusalém Oriental. Segundo o documento, Israel cometeu quatro dos cinco atos genocidas definidos pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, de 1948. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou rejeitar categoricamente o relatório, denunciando-o como "distorcido e falso". Israel também acusou os três especialistas da comissão de servirem como "representantes" do grupo armado palestino e de se basearem "inteiramente em falsidades do Hamas, branqueadas e repetidas por outros" que "já haviam sido completamente desmascaradas". "Em nítido contraste com as mentiras do relatório, o Hamas é a parte que tentou o genocídio em Israel ao assassinar 1.200 pessoas, estuprar mulheres, queimar famílias vivas e declarar abertamente o objetivo de matar todos os judeus", afirmou o ministério por meio de nota.  Guerra entre Israel e os houthis  Paralelamente Israel e os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, continuam sua "guerra de atrito", como são chamados os conflitos de longa duração. Essas hostilidades são travadas entre inimigos distantes dois mil quilômetros um do outro.  Desde o fim do breve período de cessar-fogo entre Israel e Hamas, em meados de março deste ano, o grupo armado iemenita disparou 84 mísseis balísticos e pelo menos 37 drones contra o território israelense. Já Israel realizou 18 ataques contra alvos houthis no Iêmen que incluíram a eliminação de boa parte da cadeia de comando dos rebeldes, no último dia 31 de agosto.  Segundo informação obtida pela RFI, a nova política israelense em relação aos houthis é de buscar o seu isolamento econômico. Por isso o ataque de terça-feira (16) teve como foco o porto de Hodeida, na costa oeste do Iêmen, o principal posto de abastecimento do regime dos houthis.  Segundo o canal de TV Al-Masirah, filiado ao grupo, os israelenses realizaram 12 ataques contra as docas do porto. Duas fontes no local disseram à agência Reuters que três dessas docas haviam sido reconstruídas após ações anteriores de Israel.  Cerca de uma hora antes da operação, o porta-voz em idioma árabe do Exército de Israel divulgou um comunicado em que alertava à população civil para deixar o local.

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