Israel x Irã: o que se sabe sobre as instalações nucleares iranianas

Líderes israelenses justificaram o ataque a Teerã como necessária para evitar uma ameaça iminente de que o Irã estaria buscando construir armas nucleares. Entenda a cronologia da escalada de tensões entre Irã e Israel Israel realizou ataques contra diversas instalações nucleares e militares iranianas nesta sexta-feira (13), em um cenário de escalada de tensões devido ao avanço do programa nuclear de Teerã. Líderes israelenses justificaram a ação como necessária para evitar uma ameaça, segundo eles, iminente de que o Irã estaria buscando construir armas nucleares. O Irã, por sua vez, afirma há anos que seu programa nuclear é pacífico. O ataque ocorreu um dia após o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) censurar o Irã pela primeira vez em 20 anos, por falta de cooperação com seus inspetores. Em resposta à censura, o Irã anunciou que estabeleceria uma terceira unidade de enriquecimento no país e trocaria algumas centrífugas por modelos mais avançados. Foto mostra destroços em Teerã após ataque de Israel ao Irã MEGHDAD MADADI / TASNIM NEWS / AFP A investida acontece em um momento em que Estados Unidos e Irã estavam em negociações. Essas conversas poderiam ter resultado na suspensão, por parte dos EUA, de algumas de suas sanções econômicas ao Irã, em troca de Teerã limitar drasticamente ou encerrar seu enriquecimento de urânio. Principais locais atacados e sua importância no programa nuclear A ação israelense mirou pontos-chave do programa nuclear iraniano, cuja infraestrutura é detalhada a seguir: Instalação de enriquecimento de Natanz Localizada a cerca de 220 quilômetros (135 milhas) a sudeste de Teerã, Natanz é o principal local de enriquecimento de urânio do Irã. Parte da instalação, situada no Planalto Central iraniano, é subterrânea para proteção contra potenciais ataques aéreos. O local opera múltiplas cascatas, que são grupos de centrífugas trabalhando juntas para enriquecer urânio em maior velocidade. O Irã também tem realizado escavações na Kūh-e Kolang Gaz Lā, ou Montanha Pickax, que fica adjacente a Natanz. Historicamente, Natanz foi alvo do vírus Stuxnet, que se acredita ser uma criação israelense e americana, e que causou danos a centrífugas iranianas. Dois ataques de sabotagem separados, atribuídos a Israel, também atingiram esta instalação. Instalação de enriquecimento de Fordo Situada a aproximadamente 100 quilômetros a sudoeste de Teerã, a instalação de Fordo também abriga cascatas de centrífugas, embora seja de menor porte que Natanz. Construída sob uma montanha e protegida por baterias antiaéreas, Fordo é vista como uma instalação projetada para resistir a ataques aéreos. Sua construção começou por volta de 2007, mas o Irã só informou a AIEA sobre a instalação em 2009, após agências de inteligência ocidentais terem conhecimento de sua existência. Usina nuclear de Bushehr A única usina nuclear comercial do Irã está em Bushehr, no Golfo Pérsico, a cerca de 750 quilômetros ao sul de Teerã. Sua construção teve início na década de 1970, sob o governo do Xá Mohammad Reza Pahlavi. Após a Revolução Islâmica de 1979, a usina foi atacada repetidamente durante a Guerra Irã-Iraque. Posteriormente, a Rússia concluiu a construção da instalação. O Irã está construindo outros dois reatores similares no local. Bushehr é abastecida com urânio de origem russa, não iraniana, e é monitorada pela AIEA. Reator de água pesada de Arak Localizado a 250 quilômetros a sudoeste de Teerã, o reator de água pesada de Arak utiliza água pesada para resfriar os reatores nucleares. Este processo produz plutônio como subproduto, que pode ser utilizado em armas nucleares. Esse cenário ofereceria ao Irã uma via alternativa para desenvolver uma bomba, além do urânio enriquecido, caso o país opte por essa direção. No acordo nuclear de 2015 com potências mundiais, o Irã havia concordado em redesenhar a instalação para atenuar as preocupações com a proliferação. Centro de tecnologia nuclear de Isfahan A instalação em Isfahan, a cerca de 350 quilômetros a sudeste de Teerã, emprega milhares de cientistas nucleares. O local também abriga três reatores de pesquisa e laboratórios chineses associados ao programa atômico do país. Reator de pesquisa de Teerã O Reator de Pesquisa de Teerã fica na sede da Organização de Energia Atômica do Irã, o órgão civil que supervisiona o programa atômico do país. Este reator foi fornecido ao Irã pelos EUA em 1967, como parte do programa americano "Átomos para a Paz" durante a Guerra Fria. Inicialmente, o reator exigia urânio altamente enriquecido, mas foi adaptado para usar urânio pouco enriquecido devido a preocupações com a proliferação nuclear.

Jun 13, 2025 - 11:00
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Israel x Irã: o que se sabe sobre as instalações nucleares iranianas

Líderes israelenses justificaram o ataque a Teerã como necessária para evitar uma ameaça iminente de que o Irã estaria buscando construir armas nucleares. Entenda a cronologia da escalada de tensões entre Irã e Israel Israel realizou ataques contra diversas instalações nucleares e militares iranianas nesta sexta-feira (13), em um cenário de escalada de tensões devido ao avanço do programa nuclear de Teerã. Líderes israelenses justificaram a ação como necessária para evitar uma ameaça, segundo eles, iminente de que o Irã estaria buscando construir armas nucleares. O Irã, por sua vez, afirma há anos que seu programa nuclear é pacífico. O ataque ocorreu um dia após o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) censurar o Irã pela primeira vez em 20 anos, por falta de cooperação com seus inspetores. Em resposta à censura, o Irã anunciou que estabeleceria uma terceira unidade de enriquecimento no país e trocaria algumas centrífugas por modelos mais avançados. Foto mostra destroços em Teerã após ataque de Israel ao Irã MEGHDAD MADADI / TASNIM NEWS / AFP A investida acontece em um momento em que Estados Unidos e Irã estavam em negociações. Essas conversas poderiam ter resultado na suspensão, por parte dos EUA, de algumas de suas sanções econômicas ao Irã, em troca de Teerã limitar drasticamente ou encerrar seu enriquecimento de urânio. Principais locais atacados e sua importância no programa nuclear A ação israelense mirou pontos-chave do programa nuclear iraniano, cuja infraestrutura é detalhada a seguir: Instalação de enriquecimento de Natanz Localizada a cerca de 220 quilômetros (135 milhas) a sudeste de Teerã, Natanz é o principal local de enriquecimento de urânio do Irã. Parte da instalação, situada no Planalto Central iraniano, é subterrânea para proteção contra potenciais ataques aéreos. O local opera múltiplas cascatas, que são grupos de centrífugas trabalhando juntas para enriquecer urânio em maior velocidade. O Irã também tem realizado escavações na Kūh-e Kolang Gaz Lā, ou Montanha Pickax, que fica adjacente a Natanz. Historicamente, Natanz foi alvo do vírus Stuxnet, que se acredita ser uma criação israelense e americana, e que causou danos a centrífugas iranianas. Dois ataques de sabotagem separados, atribuídos a Israel, também atingiram esta instalação. Instalação de enriquecimento de Fordo Situada a aproximadamente 100 quilômetros a sudoeste de Teerã, a instalação de Fordo também abriga cascatas de centrífugas, embora seja de menor porte que Natanz. Construída sob uma montanha e protegida por baterias antiaéreas, Fordo é vista como uma instalação projetada para resistir a ataques aéreos. Sua construção começou por volta de 2007, mas o Irã só informou a AIEA sobre a instalação em 2009, após agências de inteligência ocidentais terem conhecimento de sua existência. Usina nuclear de Bushehr A única usina nuclear comercial do Irã está em Bushehr, no Golfo Pérsico, a cerca de 750 quilômetros ao sul de Teerã. Sua construção teve início na década de 1970, sob o governo do Xá Mohammad Reza Pahlavi. Após a Revolução Islâmica de 1979, a usina foi atacada repetidamente durante a Guerra Irã-Iraque. Posteriormente, a Rússia concluiu a construção da instalação. O Irã está construindo outros dois reatores similares no local. Bushehr é abastecida com urânio de origem russa, não iraniana, e é monitorada pela AIEA. Reator de água pesada de Arak Localizado a 250 quilômetros a sudoeste de Teerã, o reator de água pesada de Arak utiliza água pesada para resfriar os reatores nucleares. Este processo produz plutônio como subproduto, que pode ser utilizado em armas nucleares. Esse cenário ofereceria ao Irã uma via alternativa para desenvolver uma bomba, além do urânio enriquecido, caso o país opte por essa direção. No acordo nuclear de 2015 com potências mundiais, o Irã havia concordado em redesenhar a instalação para atenuar as preocupações com a proliferação. Centro de tecnologia nuclear de Isfahan A instalação em Isfahan, a cerca de 350 quilômetros a sudeste de Teerã, emprega milhares de cientistas nucleares. O local também abriga três reatores de pesquisa e laboratórios chineses associados ao programa atômico do país. Reator de pesquisa de Teerã O Reator de Pesquisa de Teerã fica na sede da Organização de Energia Atômica do Irã, o órgão civil que supervisiona o programa atômico do país. Este reator foi fornecido ao Irã pelos EUA em 1967, como parte do programa americano "Átomos para a Paz" durante a Guerra Fria. Inicialmente, o reator exigia urânio altamente enriquecido, mas foi adaptado para usar urânio pouco enriquecido devido a preocupações com a proliferação nuclear.

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