Justiça bloqueia Porsche de R$ 945 mil do patrão de ex-nora de Lula
Empresário André Gonçalves Mariano foi alvo da operação Coffee Break. Ex-nora de Lula é descrita como tendo "alegada influência" no governo
Ao autorizar a operação Coffee Break, deflagrada nesta quarta-feira (12/11), a Justiça Federal bloqueou veículos do empresário André Mariano Gonçalves que somam quase R$ 2 milhões. Entre eles está um Porsche 911 Carrera S, avaliado em R$ 945 mil.
Mariano é dono da empresa Life Tecnologia Educacional, que recebeu centenas de milhões de reais de prefeituras do interior de São Paulo. Pelo menos parte dos contratos foi custeada com verbas federais.
A investigação apura se houve superfaturamento nesses contratos e se André Mariano se valeu de tráfico de influência no Ministério da Educação e no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Parte da verba que custeou os contratos veio de repasses federais.
A Coffee Break também cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Carla Ariane Trindade e de Kalil Bittar. Carla é ex-mulher de Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente Lula (PT). Já Kalil Bittar foi sócio de outro filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, conhecido como Lulinha.
Além do Porsche, também foram bloqueados dois Hyundai HB20; uma BMW X4 xDrive 30i, de R$ 412 mil; e outra BMW X3 xDrive 30e, de R$ 397 mil. Os veículos estavam em nome da empresa, com exceção do Porsche, que estava em nome de André Mariano.
Uma terceira BMW, modelo 540i, teria sido “doada” por André Mariano a Kalil Bittar, segundo a Polícia Federal, como parte do pagamento pelos serviços de lobby em Brasília.
“Além dos pagamentos a Kalil, há fortes indícios de que Mariano teria ‘doado’ o mesmo veículo BMW 540i (…) adquirido em nome da Life. Após manter a posse do veículo desde 2023, os interlocutores buscaram transferi-lo para a empresa de Kalil, a Harmony BR Desenvolvimento de Sistemas”. Atualmente, essa BMW está registrada em nome de uma empresa da Bahia, não mencionada nas investigações.
Ex-nora de Lula tinha “alegada influência no governo federal”
Na decisão judicial que autorizou a operação, tanto Carla quanto Kalil Bittar são descritos como pessoas “com alegada influência no governo federal”. A decisão é da juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da 1ª Vara Federal de Campinas (SP).
Como mostrou a coluna, a empresa Life Educacional aumentou seu capital social em mais de 113 vezes em menos de dois anos, em um período que vai de maio de 2022 a meados de 2024.
Segundo as investigações, a Life Tecnologia Educacional faturou R$ 111 milhões com a venda de material escolar e livros didáticos para prefeituras do interior de São Paulo, mesmo sem ter estrutura ou funcionários para atender às demandas. São investigados contratos com as prefeituras de Sumaré, Hortolândia, Morungaba e Limeira.
Ao todo, a operação cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e prendeu cinco pessoas, entre elas o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB).
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