LAÍRE ROSADO – Metamorfose das oligarquias (2)
Considerando-se que o termo oligarquia “serve para designar os grupos dominantes locais (estaduais) que fazem uso do seu predomínio econômico para controlar o nível político”, o Rio Grande do Norte conviveu com alguns grupos tidos como oligárquicos, desde a Proclamação da República. A primeira família com essa característica oligárquica foi a Albuquerque Maranhão, liderada por […]

Considerando-se que o termo oligarquia “serve para designar os grupos dominantes locais (estaduais) que fazem uso do seu predomínio econômico para controlar o nível político”, o Rio Grande do Norte conviveu com alguns grupos tidos como oligárquicos, desde a Proclamação da República. A primeira família com essa característica oligárquica foi a Albuquerque Maranhão, liderada por Pedro Velho, primeiro governador eleito pelo voto direto no estado, o irmão Alberto Maranhão, que foi o segundo govenador, o irmão Augusto Severo e o genro Tavares de Lira.
Depois desse grupo, a força política foi transferida para o Seridó, com o grupo Bezerra de Medeiros, liderado por Dinarte de Medeiros Mariz seu principal representante. Na década de 50, com a eleição de Dix-sept Rosado governador do estado, a família Rosado passou a ocupar posições importantes, sobretudo na região de Mossoró. Dix-huit Rosado e Vingt Rosado foram suas principais lideranças. Nos anos 60, Aluísio Alves foi eleito governador passando a ser o principal opositor de Dinarte. Aluísio seguiu o mesmo caminho de lideranças anteriores, e elegeu irmãos, sobrinhos e primos para cargos de destaque na política potiguar. Com o golpe militar, foi a vez de Tarcísio Maia, indicado governador em 1975, e fazendo Lavoisier Maia, primo, e José Agripino Maia, filho, como sucessores. Também não hesitou em trazer vários parentes que residiam no vizinho estado da Paraíba, onde seu irmão João Agripino foi governador, para o desempenho de funções político-administrativas no estado. O prestígio dos Maia foi além dos 12 anos consecutivos do golpe militar.
É fácil observar que os grupos oligárquicos no Rio Grande do Norte estão em transformação., com a extinção dos mais antigos e o surgimento de novos figurantes. O vice-governador Walter, da família Alves, assumirá o mandato por nove meses a partir de abril do próximo ano, quando da renúncia da governadora Fátima Bezerra que disputará o cargo de senador em 2026. Tem reiterado que não concorrerá a nenhum cargo eletivo no próximo ano. Ao que tudo indica, não haverá Maia, Rosado nem Alves fazendo parte da nominata para cargos eletivos mais importantes. Pode até não ser um afastamento definitivo, mas é o que parece.
Os exemplos citados anteriormente poderão ser os futuros oligarcas no Rio Grande do Norte, caso seus projetos sejam vitoriosos, embora outros possam surgir. Caso o prefeito de Mossoró seja eleito governador do estado, terá a esposa ao seu lado, como deputada estadual. O prefeito Paulinho Freire, poderá ser reeleito e tem todas as chances de eleger a esposa Nina Souza deputada federal ou vice-governadora. O deputado federal João Maia, após introduzir a irmã Zenaide Maia no Poder Legislativo, articula o nome de sua esposa, Shirley Targino, para vice-governadora ou deputada estadual. Tais movimentos demonstram que as famílias políticas não se contentam com a hegemonia em um único cargo ou esfera. A estratégia é ocupar o máximo de espaços eletivos e de chefia no executivo, garantindo uma teia de proteção, troca de favores e controle sobre as verbas e nomeações públicas. É a repetição da história. Na verdade, é o que sempre aconteceu no mundo da política.
A transferência do poder político não ocorre apenas de pai para filho, mas também para primos, esposas, irmãos e outros parentes próximos. O laço sanguíneo ou matrimonial funciona como o fator de confiança supremo, superando o mérito ou a capacidade individual. Como sempre aconteceu.
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