Lula lamenta morte de ex-deputado petista: “Coração partido”
Paulo Frateschi, 75, morreu nesta quinta-feira (6/11) após ser esfaqueado pelo próprio filho, que estava em surto psiquiátrico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte do ex-deputado petista Paulo Frateschi, 75 anos, nesta quinta-feira (6/11). O político não sobreviveu após ser esfaqueado pelo próprio filho, Francisco Frateschi, 34, em São Paulo. De acordo com a polícia, ele estava em surto e atacou o pai.
“A morte de meu querido amigo Paulo Frateschi, nesta quinta-feira, me deixa com o coração partido. Perco um grande e leal companheiro, com quem compartilhei décadas de lutas por um Brasil mais justo”, escreveu Lula em postagem nas redes sociais.
“Paulo Frateschi sempre uniu sua simpatia e sua capacidade agregadora a uma grande coragem. Desafiou com bravura o autoritarismo. Foi perseguido pela ditadura militar. Mas venceu. Ajudou o Brasil a reconquistar a sua democracia. E atuou na fundação e consolidação do Partido dos Trabalhadores, do qual foi um grande dirigente.”
“Paulo fará muita falta a todos nós que tivemos o privilégio de andar lado a lado com ele. Mas sua lembrança e seus exemplos de dedicação e compromisso com a construção de um país melhor para todos sempre iluminarão nossas mentes e corações”, completou o petista.
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Frateschi (no meio) com o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica (esquerda) e o presidente brasileiro Lula (PT)Reprodução/ Facebook
O ex-deputado estadual e ex-presidente estadual do PT em SP Paulo FrateschiDivulgação/Alesp
Paulo Frateschi foi presidente do PT estadual de SPReprodução/ Facebook
Francisco Frateschi, filho do ex-deputado Paulo FrateschiReprodução
Francisco Frateschi, filho do ex-deputado Paulo FrateschiReprodução
Francisco Frateschi com o pai, o ex-deputado Paulo FrateschiReprodução
Francisco Frateschi e a mãe, Yolanda ViannaReprodução
Francisco Frateschi com o pai, o ex-deputado Paulo FrateschiReprodução
Francisco Frateschi e a mãe, Yolanda ViannaReprodução
Como foi o crime
- Segundo informações da Polícia Militar (PM), agentes foram acionados para atender uma ocorrência em que um homem em surto atacou o próprio pai com golpes de arma branca na Vila Ipojuca, zona oeste da capital.
- De acordo com o boletim de ocorrência, Paulo Frateschi foi atingido no abdômen.
- A mãe do rapaz, Yolanda Vianna, de 64 anos tentou intervir e sofreu ferimentos. A irmã de Francisco, de 42 anos, também foi ferida.
- Após o ataque, o ex-deputado entrou em parada cardiorrespiratória, foi socorrido e encaminhado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.
- O local foi preservado e as partes foram encaminhadas pela Polícia Militar ao 91º DP.
- Segundo pessoas ligadas à família, o casal e o filho vivem em Paraty e estavam na capital paulista para que Francisco passasse por atendimento psiquiátrico. Ele estaria sob efeito de medicamentos desde a última sexta-feira (31/10).
O Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma nota de pesar após a morte do ex-deputado. “É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do ex-presidente do PT Paulista e ex-deputado estadual Paulo Frateschi, companheiro e dedicado militante do nosso partido. Durante toda a sua trajetória, nosso companheiro demonstrou coragem, integridade e compromisso com o PT e pela busca de um país mais justo”, afirmou o diretório nacional do partido.
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Outros nomes da sigla, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também lamentaram o ocorrido.
Na manhã desta quinta-feira, Lula participou da abertura Cúpula do Clima no Pará. O encontro reúne chefes de Estado e demais representantes de alto nível de mais de 100 países com o objetivo de estabelecer as bases de discussão para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que começa na próxima segunda-feira (10/11).
Quem era Paulo Frateschi
Ex-deputado estadual e ex-presidente do PT em São Paulo, Paulo Frateschi fez parte da fundação do partido e concorreu a cargos eletivos desde o fim da ditadura militar. Nos últimos anos, segundo petistas, Frateschi estava um pouco afastado da política partidária.
Na virada do século, Frateschi era presidente do PT paulista. Entre 1983 e 1987, foi deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No ano seguinte, em 1988, ele foi candidato a vereador na capital paulista. Durante a gestão de Marta Suplicy (2001-2005), na prefeitura de São Paulo, Frateschi foi secretário de Relações Governamentais, mesma pasta em que também foi titular na gestão do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, em 2014.
Paulo Frateschi foi preso e torturado durante a Ditadura Militar em 1969, aos 19 anos, quando era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Em um relato feito à Agência Pública, ele contou sobre quando foi levado à sala do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos símbolos da tortura no país.
“Fleury xingava, falava palavrões. Repetia ‘Porra! Bosta! e cuspia’. Logo pensei: Putz, vai começar tudo de novo [tortura]. De repente, ele olhou fixo pra mim e falou: ‘O merda do juiz mandou te soltar. Se alguém te procurar, você vai voltar aqui e me contar!’”, afirmou Frateschi à agência.
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