Maior consultoria de risco do mundo aposta contra tarifas de Trump
Para CEO da Eurasia Group, tarifa de Trump ao Brasil “é ilegal”, “não tem respaldo nacional” e pode fortalecer Lula

O CEO da Eurasia Group, Ian Bremmer, afirmou em artigo publicado em sua newsletter GZero, que a tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil deve ter efeito contrário ao que o presidente norte-americano pretende. Para Bremmer, cientista político nascido nos Estados Unidos, a medida é um “abuso de poder executivo” e “não tem respaldo nacional”.
Em sua análise, o consultor destaca que a tarifa foi anunciada “puramente por motivos políticos” com o objetivo de pressionar o governo Lula. “Não há interesse nacional envolvido”, disse.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald TrumpKevin Dietsch/Getty Images3 de 3
Presidente LulaAgência Brasil
Bremmer avalia que Trump utiliza “poder econômico para ditar políticas internas de uma nação soberana”.
O CEO argumenta ainda que a iniciativa “é ilegal”, pois se baseia em leis que exigem a existência de uma “emergência econômica nacional”, o que não se aplica ao caso. Ele lembra que o Supremo Tribunal dos EUA deve avaliar a legalidade desses dispositivos ainda neste ano.
Além disso, Bremmer projeta que o governo Lula pode usar a tarifa como trunfo político: “Trump acabou de entregar a Lula um presente embrulhado na bandeira”, afirmou.
Segundo ele, a ação fortalece o presidente brasileiro em meio à disputa com Jair Bolsonaro e cria um “incentivo para escalar o confronto”.
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Contra-ataque de Trump
A coluna mostrou que Trump já estabeleceu uma estratégia para neutralizar o contra-ataque de Lula à tarifa de 50% sobre o preço dos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.
Enquanto o presidente brasileiro argumenta que a taxação é ilegal por se tratar de uma retaliação contra posicionamentos políticos, uma investigação comercial determinada pelo presidente norte-americano reúne argumentos técnicos para sustentar a medida.
A investigação anunciada oficialmente pelo governo dos EUA aponta práticas adotadas pelo Brasil e consideradas “desleais” por supostamente restringirem o comércio norte-americano.
Além de sustentar a taxação de 50% já anunciada, o resultado da manobra pode gerar novas tarifas e desmontar a ação que a Advocacia-Geral da União (AGU) pretende apresentar à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao Tribunal de Comércio Internacional dos EUA contra Trump.
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