Majestades do ouro: criminosos faturaram milhões com garimpo ilegal
Por trás das apreensões da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão esquemas complexos e sofisticados de extração ilegal do brilhante

Na região Norte do país, Irismar Cruz Machado e seu filho Pablo Severo Machado (foto em destaque), figuram como um dos principais personagens no cenário do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima (RR).
Alvos de investigação da Polícia Federal (PF), a mulher de 57 anos, conhecida como Dona Iris ou Rainha do Garimpo, e o jovem de 24 anos são suspeitos de controlar um império criminoso que explora ouro e cassiterita.
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Cabeças de gado, carros de luxo, cavalos e empresas de fachada. Apesar de tentar omitir a rede criminosa e estruturada às forças de segurança, a vontade de ostentar dinheiro e o poderio sempre falou mais alto para a dupla. Nas redes sociais, o jovem costumava expôr vídeos dirgindo veículos de luxo e fotos de rebanhos de gados.
Entretanto, em outubro do ano passado, a dupla foi mirada por uma operação da Polícia Federal (PF) e acabou presa. Apesar de enfrentarem uma série de acusações graves, incluindo usurpação de bens da União, organização criminosa, crimes ambientais, posse ilegal de armas e lavagem de dinheiro, eles foram soltos um mês depois.
Violenta
A Rainha do Garimpo é apontada como operadora do “Garimpo da Íris”, localizado às margens do Rio Uraricoera. Conforme as investigações da PF, o local é tomado pela violência e desrespeito.
Houve boatos de que Iris, inclusive, estaria amedrontando integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tentavam obter parte da fortuna oriunda das extrações.
Ao lado do filho, o “Princípe do Garimpo”, eles são protegidos por capangas armados que sempre os acompanham, coagindo e ameaçando quem cruzar seus caminhos.
Relatos de garimpeiros apontam que Irismar impõe um sistema de extorsão que força os trabalhadores a entregar uma porcentagem significativa de seus lucros, sob ameaça de violência. Essas práticas incluem o uso de armas de fogo, como fuzis e pistolas, com os capangas de Irismar patrulhando a área e intimidando quem tenta desafiar sua autoridade.
Foi identificado pela PF que, para além de focar na extração dos minérios, a dupla mantém a mina ilegal como uma forma de intimidar e subjugar tanto os trabalhadores quanto os indígenas da região.
Destino imprevisível
Em 12 de fevereiro deste ano, um acidente marcou a vida de Pablo e transformou a rotina do chefe do garimpo e de sua mãe.
Um grave acidente de carro, ocorrido no viaduto do Contorno Oeste, na BR-174, em Boa Vista (RO) deixou o jovem paraplégico. Ele sofreu lesão raquimedular, o que ocasionou na perda de todos os movimentos e a sensibilidade dos membros inferiores.
Ele dirigia uma caminhonete Toyota Hilux quando perdeu o controle do veículo, colidiu com a grade de proteção do viaduto e capotou.
Pablo foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros ainda consciente, mas exames revelaram fraturas graves nas vértebras T4 e T5, além de desalinhamento ósseo e lesão medular.
O empresário da montanha de ouro
Nessa semana, um novo personagem na cena do garimpo surgiu. Por trás da maior apreensão de ouro da história da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Bruno Mendes de Jesus, 30 anos, era conhecido por ser empresário antes de ser preso.
Ele foi detido em flagrante quando dirigia uma caminhote carregada com 103 quilos do metal maciço.
Bruno é de Rondônia (RO), mas foi interceptado quando dirigia pela BR-401, em Boa Vista (RR). No momento da prisão, ele estava acompanhado da esposa, a influenciadora Suzy Alencar, de 32 anos, e do filho do casal, um bebê de nove meses.
À coluna, a defesa do homem declarou que tem conhecimento acerca da origem do ouro, mas que o fato será apresentado somente nos autos dos processos.
Em nota, a defesa alegou que Bruno trabalha em atividades relacionadas ao setor mineral e que sua família depende dele, que é o provedor da família, para se manter.
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