Manifestantes vão às ruas contra PEC da Blindagem nas 27 capitais

Convocadas por partidos políticos, movimentos sociais, artistas e influenciadores, as manifestações ocorreram em todo país

Sep 21, 2025 - 21:30
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Manifestantes vão às ruas contra PEC da Blindagem nas 27 capitais

O domingo (21/9) foi marcado por atos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2021, conhecida como PEC da Blindagem, e contra o Projeto de Lei (PL) da Anistia. Convocadas por partidos políticos, movimentos sociais, artistas e influenciadores, as manifestações ocorreram nas 27 capitais brasileiras.

Encaradas como um termômetro político da capacidade de mobilização do campo progressista, as manifestações começaram de manhã em Brasília, Salvador e Belo Horizonte, e ganharam força à tarde com protestos em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. A Avenida Paulista, em São Paulo, e Copacabana, no Rio de Janeiro, registraram mais de 41 mil pessoas – cada uma, segundo estimativa do Monitor do Debate Político da USP.

A PEC da Blindagem prevê que parlamentares só possam ser investigados ou presos com a permissão dos pares. Já 0 PL discute o perdão ou redução de pena para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A aprovação da PEC da Blindagem ocorreu na terça-feira (16/9) na Câmara dos Deputados. Já o PL da Anistia teve o regime de urgência aprovado na quarta-feira (17/9).

Os votos a favor da blindagem e da anistia foram majoritariamente de partidos do Centrão. A segunda pauta, no entanto, é mais cara aos parlamentares bolsonaristas.

Situação das propostas

  • A PEC da Blindagem foi aprovada em dois turnos na Câmara e agora segue para o Senado.
  • O PL da Anistia teve o regime de urgência aprovado na quarta.
  • Na quinta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) nomeou como relator para o PL da Anistia o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP).
  • Paulinho da Força tem proposto a redução das penas aos condenados por atos antidemocráticos e envolvidos na trama golpista em vez de um perdão.
  • A proposta de alterar as penas por meio de um “PL da Dosimetria”, ideia defendida por Paulinho da Força, encontra resistência na base governista e também na oposição. Apesar disto, ele acredita ser possível uma votação na quarta-feira (24/9)

Em São Paulo, os manifestantes empunharam bandeiras do Brasil, de movimentos sociais e cartazes criticando os congressistas. Em palavras de ordem, a PEC da Blindagem era chamada de PEC da Picaretagem. Marina Lima, Jota.Pê e Emicida estavam entre os artitas que compareceram ao ato público.

Na Paulista, a concentração foi de 42,4 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common. Só para efeito de comparação, a manifestação pró-anistia convocada pelo pastor Silas Malafaia ao lado de bolsonaristas contou com 42,2 mil pessoas em São Paulo de acordo com o mesmo grupo.

Em Copacabana, no Rio de Janeiro, os protestos começaram por volta das 15h. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan e Paulinho da Viola cantaram para os manifestantes que, de acordo com o Monitor da USP, somaram 41,8 mil.

Em Belo Horizonte, a concentração ocorreu na praça Raul Soares, no centro da cidade. No ato, a cantora Fernanda Takay se apresentou em um caminhão de som do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mesmo palco onde subiu a banda Lamparina. “A gente fica totalmente indignado, é sempre pior do que conseguimos imaginar. Vamos cantar para espantar essa cambada de vagabundo do Brasil”, disparou Takai.

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A cantora Daniela Mercury abriu uma bandeira do Brasil no ato realizado em Salvador. “Não aceitamos essa PEC da impunidade para os deputados federais”, disse ela ao ouvir a multidão responder “sem anistia!”. No alto do carro de som no Morro do Cristo, a cantora teve a companhia do ator Wagner Moura e da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). 6 imagensAto na Paulista contra anistia e PEC da Blindagem tem artistas e políticos de esquerdaManifestação contra PEC da Blindagem e anistia começou às 14hManifestantes começam a chegar a ato contra PEC da Blindagem e anistiaFechar modal.1 de 6

Após início, às 14h, ato ficou mais cheio e ocupou todas as faixas da Avenida PaulistaValentina Moreira/Metrópoles2 de 6

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Ato na Paulista contra anistia e PEC da Blindagem tem artistas e políticos de esquerdaValentina Moreira/Metrópoles4 de 6

Manifestação contra PEC da Blindagem e anistia começou às 14hValentina Moreira/Metrópoles5 de 6

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Manifestantes começam a chegar a ato contra PEC da Blindagem e anistiaJoelto Malta/Metrópoles

Também no Nordeste, no Recife, o protesto teve concentração à tarde, em frente ao Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora, Bairro de Santo Amaro. Aracajú, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luís e Teresina também realizaram manifestações.

Centro-Oeste, Norte e Sul

Na capital federal, os manifestantes se concentraram em frente ao Museu Nacional da República, na via S1, ainda pela manhã. O cantor Chico César foi a principal atração musical.

A Praça Universitária foi o local escolhido para a manifestação contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia em Goiânia. O encontro, liderado pelo Fórum Goiano em Defesa dos Direitos, da Democracia e Soberania foi realizado à tarde. Também foram realizados atos em Campo Grande e Cuiabá.

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No Norte, houve manifestações ao menos em Belém, Manaus, Macapá. Em Macapá, o grupo se concentrou em frente ao Teatro da Bacabeiras, no Centro da capital, à tarde. O senador Randolfe Rodrigos (PT-AM) marcou presença na capital do Amapá  e defendeu que o Congresso se atenha a outras pautas. “As prioridades do Congresso Nacional têm que ser o fim da escala 6 por 1, tem que ser a redução do Imposto de Renda para aqueles que mais precisam, para 90 milhões de brasileiros que recebem até R$ 5 mil.”

Na Região Sul, houve manifestações nas capitais Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba. Em Porto Alegre, o ato ocorreu sob chuva com um cortejo iniciado no viaduto do Brooklyn, na Av. João Pessoa.

Análise

Cientista político da Universidade Nacional de Brasília (UnB), Murilo Medeiros considera que a presença de público nas manifestações deste domingo são um sinal de força de mobilização dos partidos de esquerda e instituições com valores progressistas.

Medeiros acrescenta que a respercussão das pautas que avançaram na Câmara, sobretudo a PEC da Blindagem, são uma oportunidade para o governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Essa PEC da Blindagem talvez tenha ganhado até mais coro do que a anistia, um assunto talvez até mais popular nas manifestações para pressionar o Congresso Nacional a destravar sua pauta legislativa [do governo] e criar conexão com a sociedade civil organizada”, diz ao acrescentar que há chance de os desdobramentos dos atos deste domingo se refletirem na popularidade de Lula.

“No momento em que o discurso do governo em defesa da soberania mostra sinais de fadiga de material, a PEC da Blindagem abre uma janela de oportunidade para o governo se reposicionar. O Palácio do Planalto tenta capturar a agenda da moralidade em contraposição a uma oposição ancorada ao tema particular da anistia”, pontua Medeiros.

Repercussão

Um levantamento da Genial Quaest divulgado no sábado (20/9) mostrou uma repercussão negativa nas redes sociais em relação à PEC da Blindagem. Do total, 83% das menções feitas sobre o tema pelos internautas reprovam a iniciativa.

A anistia aos envolvidos em atos antidemocráticos e na tentativa de golpe de Estado também não têm apoio representativo da sociedade, conforme uma pesquisa da Quaest, divulgada na terça.

O resultado foi que 41% das pessoas são contra a anistia e há 36% que se dizem a favor da anistia para todos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Houve ainda 10% que manifestaram ser a favor do benefício apenas para os “manifestantes do 8 de janeiro” e 13% não souberam opinar ou não responderam.

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