Moraes sobre Bolsonaro exaltando Trump: “Parece não ter limites”
Bolsonaro foi alvo de operação na manhã desta sexta. Pedido de operação da PF ocorreu no mesmo dia que Bolsonaro exaltou tarifaço de Trump

A Polícia Federal (PF) apresentou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), em uma petição, pedindo a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo dia em que o ex-chefe do Executivo publicou uma postagem após ser elogiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O pedido da PF acerca da operação contra o ex-presidente foi protocolado, inicialmente, em 11 de julho. Na data, Trump disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “está tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta” e que o norte-americano “negociou com ele [Bolsonaro]” — sem mencionar se seria o tarifaço ou não.
Bolsonaro republicou o vídeo no perfil dele no X e apontou que Trump é o “presidente da principal democracia do mundo e o representante mais proeminente dos valores que sustentam a civilização ocidental”. Ao deliberar sobre o pedido da PF, o ministro Alexandre de Moraes considerou a medida de Bolsonaro em apoiar o tarifaço como uma “ousadia criminosa”.
“A ousadia criminosa parece não ter limites, com as diversas postagens em redes sociais e declarações na imprensa atentatórias à Soberania Nacional e à independência do Poder Judiciário, inclusive, em 11/7/2025, o réu Jair Messias Bolsonaro publicou postagem na rede social X, divulgando vídeo de entrevista do Presidente dos Estados Unidos da América”, escreveu Moraes.
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Moraes: Bolsonaro e Eduardo instigaram “agressão” de Trump ao Brasil
O ministro pontuou que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o próprio Bolsonaro atuaram em claros atos executórios e flagrantes confissões, especialmente dos crimes de coação do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolve organização criminosa e atentado à soberania.
“E permanecem, sempre no sentido de induzirem, instigarem e auxiliarem governo estrangeiro à prática de atos hostis ao Brasil e à ostensiva tentativa de submissão do funcionamento do Supremo Tribunal Federal aos Estados Unidos da América, com a finalidade de ‘arquivamento/extinção’ da AP 2668, em curso nessa Suprema Corte, cujo um dos corréus é Jair Messias Bolsonaro”, prosseguiu o ministro.






Fachada do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME) VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto2 de 5
Comboio que trouxe o ex-presidente Jair Bolsonaro ao Centro integrado de monitoração Eletrônica (CIME), para colocar a tornozeleira eletrônicaSamuel Reis3 de 5
Bolsonaro chegando ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto4 de 5
Jair Bolsonaro responde jornalistas ao deixar o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto5 de 5
Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao deixar o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Incentivo ao tarifaço
Para a PF, Bolsonaro atuou para instigar seus seguidores contra o Poder Judiciário e suas ações foram cruciais para que Trump adotasse medidas contra o Brasil, “buscando criar entraves econômicos nas relações comerciais entre os Estados Unidos da América e o Brasil, a fim de obstar o regular prosseguimento da Ação Penal nº 2.668, em trâmite nesta Suprema Corte, que visa apurar a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022”.
“As ações de Jair Messias Bolsonaro demonstram que o réu está atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho Eduardo Nantes Bolsonaro com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa Corteno julgamento da AP 2.668/DF”, escreveu Moraes na decisão.
O governo norte-americano aplicou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o que abriu questionamentos comerciais que podem ter implicações para o país. Bolsonaro foi alvo de nova operação da PF na manhã desta sexta-feira (18/7) e terá de usar tornozeleira eletrônica, já que a corporação apontou risco de fuga do ex-presidente.
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