Morre ex-PM acusado de liderar maior esquema de fraude em concursos
As apurações indicam que o grupo vendia aprovações em certames de alto nível e tinha como base uma estrutura familiar
O ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa (foto em destaque), de 44 anos, morreu na tarde dessa terça-feira (16/12) no Hospital Regional de Patos, na Paraíba, ele estava preso. O homem era apontado como o principal articulador de uma organização criminosa especializada em fraudar concursos públicos em diferentes estados do país.
Segundo a Polícia Federal, Wanderlan comandava um esquema sofisticado que atuava desde pelo menos 2022 e que ganhou dimensão nacional após a investigação do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024.
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As apurações indicam que o grupo vendia aprovações em certames de alto nível e tinha como base uma estrutura familiar, o que, para os investigadores, funcionava como um mecanismo de blindagem interna.
Além do CNU, há indícios de fraudes em concursos da Polícia Civil de Pernambuco, Polícia Civil de Alagoas, Universidade Federal da Paraíba, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Em alguns desses certames, o próprio Wanderlan figurava como aprovado, incluindo a classificação para o cargo de auditor fiscal do trabalho, com salário inicial superior a R$ 22 mil.
A PF afirma que pelo menos quatro familiares integravam o núcleo da organização criminosa. Entre eles, irmãos, filho e sobrinha do ex-policial, cujos gabaritos apresentaram coincidência absoluta de acertos e erros em provas distintas, algo considerado estatisticamente impossível por especialistas ouvidos na investigação.
Um dos casos que chamou atenção dos investigadores envolve uma candidata aprovada em pelo menos 14 concursos públicos em áreas distintas, como medicina, direito e fiscalização.
Com extensa ficha criminal, Wanderlan já respondia por homicídio, roubo qualificado, peculato, concussão, abuso de autoridade e uso de documento falso.
Para a Polícia Federal, o conhecimento adquirido durante o período em que atuou na Polícia Militar foi utilizado para estruturar o esquema criminoso, com especial atenção à ocultação de provas.
Interceptações mostram que ele apagava mensagens sistematicamente e discutia estratégias para dificultar o avanço das investigações.
Mesmo após a prisão do filho em 2024, durante uma operação da Polícia Civil da Paraíba que investigava fraudes em concurso da PM, Wanderlan teria mantido atuação ativa.
Em diálogos interceptados, ele aparece debatendo formas de atribuir a responsabilidade do esquema a terceiros, incluindo um traficante já morto.
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