Noivas se conheceram em convento de SP: “Amor onde menos se espera”

Francília e Luiza estão juntas desde 2022. Atualmente, o casal faz parte de um grupo de acolhimento para membros LGBT+ na Igreja Católica

May 4, 2025 - 02:30
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Noivas se conheceram em convento de SP: “Amor onde menos se espera”

São Paulo — Ao decidir se tornar freira, a mulher faz voto de celibato, abrindo mão de se casar, e promete viver a vida religiosa em castidade. Era este o caminho planejado por duas jovens que entraram para um convento, há cinco anos, em São Paulo. Elas só não imaginavam que uma amizade iniciada lá dentro se transformaria em amor do lado de fora.

Atualmente, a piauiense Francília Costa, de 29 anos, estuda publicidade e trabalha com marketing. Em abril de 2024, ficou noiva da mineira Luiza Silvério, de 23, estudante de psicanálise e funcionária na área administrativa. O casal, que se conheceu no convívio religioso, mora em Pouso Alegre, Minas Gerais. Agora, fora dos muros do convento, elas usam a própria história para mostrar que a igreja deve ser um espaço de acolhimento e respeito às diferenças.

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Elas são noivas há um ano
Ambas tiveram influência religiosa da família desde a infâcia
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Francília e Luiza ficaram nove e dois anos no convento, respectivamenteMaterial cedido ao Metrópoles

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Elas são noivas há um anoMaterial cedido ao Metrópoles

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Ambas tiveram influência religiosa da família desde a infâciaMaterial cedido ao Metrópoles

Do convento ao namoro

A ligação de Luiza e Francília com a religião começou na infância. Ambas seguiram os ritos tradicionais por influência das avós: catequese, primeira comunhão, crisma e missas. Na adolescência, passaram a participar de pastorais.

“Por meio das orações e conhecimento dentro da igreja fui aprendendo e superando muitos medos, e com isso me apeguei muito ao catolicismo”, explica Luiza. A experiência de Francília foi parecida. “A partir do grupo de jovens fui aprendendo sobre fé, sexualidade e vocação religiosa”, relembra.

Em 2019, se conheceram durante um evento vocacional, em São Paulo. No entanto, a afinidade não foi imediata, como explica Francília. “O encontro aconteceu na casa onde eu morava, mas não fui com a cara dela [Luiza] no início. Quando a vi, pensei logo ‘que menina metida'”, conta.

No ano seguinte, Luiza integrou oficialmente o convento. Lá, então, nasceu a amizade. “Nós só percebemos a mudança dos sentimentos quando saímos do convento, em 2022, por motivos de saúde”, compartilha a mineira.

“Por falta de conhecimento, não sabíamos que existia uma comunidade em que nos encaixávamos. Foi a partir de estudos no convento e após o convento que tivemos conhecimento da comunidade LGBT e a coragem de nos assumirmos”, acrescenta.

“Nosso relacionamento é cura”

O apoio das famílias foi essencial para que Luiza e Francília lidassem com o entendimento do próprio relacionamento amoroso. Contudo, elas também enfrentaram afastamentos e preconceitos, o que consideram a maior dificuldade da vivência LGBT.

Para Francília, o namoro ensinou o verdadeiro significado e a preciosidade da vida. “Defino nosso relacionamento como uma constante cura”, avalia. “Nosso amor é a soma da cura com o anseio por viver, pois foi por meio dele que entendi que somos parte de algo muito maior, como os planos de Deus para nós, e essa certeza que nos faz construir nossa família. Amar a Luiza é lembrar constantemente de viver, e viver é lembrar, sentir e renovar tudo o que somos uma para a outra”, acrescenta.

No mesmo sentido, Luiza aponta “cumplicidade” como a palavra que traduz a trajetória do casal. “Estamos lado a lado, enfrentando juntas cada desafio que a vida coloca no nosso caminho. Só nós conhecemos as batalhas silenciosas que travamos, e é justamente nelas que encontramos ainda mais motivos para continuar construindo e fortalecendo a nossa família com amor”, analisa. “O amor pode surgir da forma e onde menos se espera, como, por exemplo, por meio de uma amizade com uma menina no convento.”

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Luiza e Francília não perderam a fé
O casal acredita que "o amor pode surgir da forma e onde menos se espera"
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Atualmente elas fazem parte do grupo Diversidade Católica, que acolhe pessoas da comunidade LGBTQIAPN+Material cedido ao Metrópoles

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Luiza e Francília não perderam a féMaterial cedido ao Metrópoles

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O casal acredita que "o amor pode surgir da forma e onde menos se espera"Material cedido ao Metrópoles


Fé permanece

Atualmente, Francília e Luiza fazem parte do Diversidade Católica, grupo de acolhimento, oração e partilhas de membros LGBTQIAPN+ dentro da Igreja Católica.

“Hoje ainda vivo intensamente a minha vivência religiosa, principalmente por poder ser sincera com Deus sobre quem sou eu”, assegura Luiza. “Ainda hoje busco viver a minha fé pois é um pilar essencial na minha vida”, completa Francília.

Os planos do casal são repletos de afeto. “Temos planejado terminar nossa casa própria, casarmos e, então, entrarmos para a fila de adoção. Queremos aumentar a família muito em breve. Pretendemos continuar trabalhando com as redes sociais, falando e levando para todos como o amor é colorido, como o amor é leve. E que podemos amar e ser feliz independentemente da religião, pois Deus é amor”, finaliza.

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