O afastamento inevitável de Marcelo Moreira da Codevasf
A Polícia Federal (PF) já havia solicitado o afastamento do executivo antes mesmo da ação ostensiva, com deferimento do STF

A deflagração da quinta fase da Operação Overclean, na manhã desta quinta-feira (17/7) colocou o ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, no centro das investigações sobre fraudes, desvios de recursos e corrupção.
Informações de bastidores revelam que o afastamento de Moreira do comando da estatal era inevitável, uma vez que já havia um movimento articulado entre órgãos de investigação e controle, com etapas que antecederam a operação policial.
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A Polícia Federal (PF) já havia solicitado o afastamento do executivo antes mesmo da ação ostensiva, com deferimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e concordância da Procuradoria-Geral da República (PGR), demonstrando a gravidade das suspeitas e a necessidade de neutralizar sua influência no cargo.
Marcelo Moreira assumiu a presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em 28 de agosto de 2019 e permaneceu no cargo até 17 de junho de 2025, exatamente um mês antes da deflagração da quinta fase da Overclean.
A coluna apurou que a PF apresentou ao STF um pedido formal para afastar Moreira com base em indícios de participação em esquemas de desvio de recursos e irregularidades administrativas. O Supremo analisou o material apresentado e deferiu o afastamento preventivo, entendendo que sua permanência à frente da estatal poderia comprometer a lisura das apurações.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também teve papel importante no processo. Em manifestação oficial, o órgão concordou com a necessidade do afastamento, sustentando que havia provas robustas que justificavam a medida cautelar.
Clima de instabilidade e pressões políticas
O ambiente político em torno da Codevasf já era de instabilidade desde maio de 2025. Notícias veiculadas à época antecipavam a saída de Moreira, citando tanto as investigações da PF quanto denúncias de assédio que vinham desgastando sua gestão.
Para analistas, a antecipação do afastamento pode ter sido uma tentativa de reduzir o impacto político da operação ou mesmo uma estratégia para conter danos antes que o escândalo ganhasse maior repercussão.
Após deixar a Codevasf, Marcelo Moreira foi submetido a uma quarentena de seis meses, determinada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP). Durante esse período, ele continuará recebendo o mesmo salário da estatal — R$ 36.951,06 em junho deste ano — antes de assumir o cargo de diretor de contratos na Odebrecht.
Moreira recorreu da decisão da CEP, alegando não haver conflito de interesse, mas teve o pedido negado.
Operação Overclean
A quinta fase da Operação Overclean aprofunda as investigações sobre desvios de emendas parlamentares e esquemas de corrupção. Durante buscas realizadas em Salvador, um novo episódio chamou atenção, o pai de Marcelo Moreira foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.
A PF segue investigando o envolvimento de Moreira e outros alvos, ampliando o mapeamento de contratos e recursos públicos suspeitos.
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