O Brasil deveria ter a Bomba Atômica? (por Ricardo Guedes)
“Se queres a paz, prepara-te para a guerra”, do autor romano Flávio Vegécio, no século IV DC

Vocês já notaram que ninguém mexe com quem tem a Bomba Atômica?
Sou pacifista, essa sempre foi a minha posição. Mas, convenhamos, do jeito que as coisas vão indo no mundo as pessoas e os países têm que se defender.
De acordo com o “Union of Concerned Scientists”, fundado em 1969 por Professores e Alunos do MIT, existem hoje 13.000 ogivas nucleares distribuídas por 7 países: Rússia 6.000; Estados Unidos 5.400; China 410; França 290; Inglaterra 225; Paquistão 170; Índia 160; Israel entre 90 e 400; e Coreia do Norte entre 45 e 55.
O “Acordo de Não Proliferação Nuclear” (TNP), que possibilita o desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos, impedindo a seus signatários o desenvolvimento de armamentos nucleares, foi fundado em 1968, assinado pelo Brasil em 1998, hoje com 191 países.
No caso da Coreia do Norte, não signatária do “Acordo”, o protocolo de ativação nuclear provê o “lançamento nuclear automático se a liderança do país for alvo”. O PIB da Coreia do Norte para 2023 é estimado em US$ 23,3 bilhões pelo Bank of Korea (Banco Central da Coreia do Sul), US$ 29,6 bilhões pela Statista, 135ª economia do mundo.
O Brasil, juntamente com a Argentina, Irã, Arabia Saudita, Alemanha, Japão, Canadá, Austrália, e Coreia do Sul, dentre 30 países, conta hoje com a capacidade tecnológica para desenvolver armamentos nucleares. O Brasil tem uma das maiores reservas de urânio do mundo; com duas Usinas de Energia Nuclear em Angra dos Reis, enriquecendo o urânio em até 5%; e programa de submarinos movidos a energia nuclear. Nossa Academia é de alta qualidade, como a USP, a UNICAMP, a UFMG, e o CBPF, dentre outras. Na UNICAMP, foi instalado recentemente o Acelerador de Partículas Sirius, de fabricação 100% brasileiro. Segundo estimativas do “Los Alamos National Laboratory” dos Estados Unidos, levaria cerca de 1 ano para o Brasil enriquecer o urânio a 90% para ter uma Bomba Atômica. Certamente que isto não é nosso objetivo, e nem uma decisão unilateral, nem internamente, nem internacionalmente, signatários que somos do “Acordo de Não Proliferação Nuclear” (TNP), sob inspeção da “Agência Internacional de Energia Atômica” (AIEA). Além disso, haveria forte oposição dos países nucleares, e uma corrida armamentista na América Latina e outros países.
O mundo hoje está muito modificado. Até o final do século XX, prevalecia a percepção da prosperidade e da internacionalização da economia, na tentativa da solução dos problemas. Hoje, vemos as ordens políticas se esfacelarem; o individualismo passando a prevalecer; e a crise ecológica, que já se inicia, irá levar à maior escassez de recursos naturais, gerando o antagonismo entre as nações.
Não advogo que o Brasil tenha a Bomba Atômica, apenas trago os fatos. Mas é necessário e estratégico que o Brasil reveja suas políticas de sobrevivência.
No futuro, teremos países donos, e países escravos.
Ricardo Guedes é formado em Física pela UFRJ, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, e Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro
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