O peso histórico de um voto feminino pela democracia
A história política do Brasil acaba de ganhar um marco simbólico e inesquecível: foi uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, quem deu o voto que formou a maioria pela condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Esse gesto carrega uma força histórica. Afinal, Bolsonaro construiu sua trajetória pública marcada por comentários machistas e agressivos contra mulheres, […]


A história política do Brasil acaba de ganhar um marco simbólico e inesquecível: foi uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, quem deu o voto que formou a maioria pela condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Esse gesto carrega uma força histórica. Afinal, Bolsonaro construiu sua trajetória pública marcada por comentários machistas e agressivos contra mulheres, que entraram para os registros mais sombrios da política brasileira.
Os ataques de Bolsonaro contra as mulheres
2003 – No plenário da Câmara dos Deputados, Bolsonaro disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS): “Não te estupro porque você não merece.” A fala, de cunho violento e misógino, gerou processos e pedidos de cassação.
2014 – Reiterou a mesma frase ofensiva a Maria do Rosário em entrevistas, demonstrando não apenas desprezo pela dignidade da parlamentar, mas também pela gravidade do crime de estupro.
2016 – Declarou em entrevista à Folha de S.Paulo que ter uma filha mulher foi uma “fraquejada”, reduzindo a existência feminina a um sinal de fraqueza.
Campanha de 2018 – Disse que mulheres deveriam ganhar salários menores que homens por engravidarem, desconsiderando a luta histórica por igualdade de gênero no mercado de trabalho.
Durante o governo – Minimizou políticas de igualdade, desdenhou do movimento feminista e, em várias ocasiões, ironizou pautas de proteção contra a violência doméstica.
Esses episódios consolidaram a imagem de um líder que, além de atacar instituições democráticas, também cultivou um discurso hostil às mulheres.
A resposta da história
Ao votar pela condenação, a ministra Cármen Lúcia enviou uma mensagem clara: ninguém está acima da lei — e a democracia não pode ser refém do autoritarismo nem do machismo.
O fato de ter sido justamente uma mulher ministra a consolidar a maioria contra um ex-presidente conhecido por seu histórico de falas misóginas reforça o caráter simbólico desse momento.
Um marco democrático e feminista
O julgamento entra para a história não apenas pelo resultado jurídico, mas também pelo simbolismo social. Em um país onde mulheres ainda precisam lutar diariamente para conquistar respeito e igualdade, o voto de Cármen Lúcia ecoa como justiça histórica e como exemplo de que a democracia brasileira se sustenta na pluralidade de vozes, inclusive, e sobretudo, das mulheres.
Por Joyce Moura – jornalista
@joycemourarealize
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