PCC: Bolívia virou “hub” e abriga outros líderes da facção, diz MPSP

Promotor do Gaeco afirma que outras lideranças do PCC, como André do Rap e Mijão, também devem estar na Bolívia, onde foi preso Tuta

May 17, 2025 - 19:00
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PCC: Bolívia virou “hub” e abriga outros líderes da facção, diz MPSP

A prisão na Bolívia de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado como uma das maiores lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), aponta que o país vizinho se tornou um “grande hub” de membros da facção criminosa brasileira nos últimos tempos, com a presença de outros líderes importantes.

O criminoso foi preso pela Polícia Federal (PF) em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, nessa sexta (16/5).

De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), as investigações indicam que também estão na Bolívia lideranças como André do Rap, Patrick Wellington Salomão, o Forjado, Pedro Luiz da Silva, o Chacal, e Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão.

“Já sabíamos desde 2020, quando deflagramos a operação Sharks, que o Tuta estava foragido e que estava escondido na Bolívia. Aliás, onde esteve também o Fuminho, que fugiu da Casa de Detenção em São Paulo e ficou na Bolívia escondido por quase 20 anos. Esse país, infelizmente, se tornou um grande hub que acoberta esses criminosos brasileiros”, afirmou o promotor ao Metrópoles.

Ainda de acordo com o investigador, há indícios de que Mijão, tido como como uma das importantes lideranças do tráfico de drogas do PCC e foragido há mais de 10 anos, leva uma vida de luxo na Bolívia.

“Tive conhecimento de que ele vive num condomínio de luxo de Santa Cruz de La Sierra, que tem lá um restaurante, uma casa de show, tem o filhos em escola particular. Ele tem mandado de prisão aberto, está na lista de difusão vermelha da Interpol. Mas não conseguimos prendê-lo”, disse.

Além dos nomes citados, Gakiya afirma ainda que há suspeitas de que Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, acusado de usar empresa de ônibus para lavar dinheiro do PCC em São Paulo, também estaria na Bolívia.

De acordo com Gakiya, as investigações indicam que os criminosos têm se abrigado no país por encontrar facilidades por meio da corrupção de agentes públicos, especialmente policiais.

“Eles conseguem viver naquele país pagando uma espécie de propina e com documento falso, sem ser incomodados. Hoje, com esses aplicativos de mensagem e a possibilidade de fazer reuniões online, conseguem, a partir da Bolívia, comandar o PCC em qualquer lugar do país, sobretudo em São Paulo”, explica o promotor do Gaeco.

Para Gakiya, a esperança é que, com a prisão do Tuta, “a Bolívia passe a colaborar e a cumprir os acordos de cooperação que ela tem com o Brasil, entregando esses criminosos para as autoridades brasileiras”.


Prisão na Bolívia

  • Tuta foi preso na tarde dessa sexta em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, por agentes da PF e da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC).
  • O brasileiro, que estava foragido da Justiça, foi preso por uso de documento falso.
  • Ele permanece sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando os procedimentos legais que poderão resultar em sua expulsão ou extradição ao Brasil.
  • O criminoso estava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura, segundo a PF.

Fuga da Sharks

Em 2020, Tuta era um dos principais alvos dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, que investigavam as movimentações financeiras da cúpula do PCC.

A Rota ficou encarregada de cumprir vários mandados de prisão expedidos no âmbito da operação, entre eles o de Tuta. Para a surpresa dos promotores, no entanto, o chefão do PCC não foi localizado no endereço previsto.

Inicialmente, houve a suspeita de que alguém do prédio do criminoso poderia ter vazado a informação. Mais tarde, os promotores tiveram acesso a um áudio em que o próprio Tuta conversava com um outro criminoso e dizia: “O pessoal da R [suposta referência à Rota] salvou minha vida na Sharks”.

Os policiais da Rota envolvidos no esquema integrariam o setor de Inteligência do batalhão e eram responsáveis pelo chamado “trabalho velado”

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