Polônia: 2º turno da eleição presidencial promete disputa acirrada
Disputa em eleição presidencial está entre o prefeito de Varsóvia que é pró-europeu e um historiador nacionalista admirador de Trump

O prefeito pró-europeu de Varsóvia Rafal Trzaskowski e o historiador nacionalista Karol Nawrocki, admirador de Trump, entraram nessa sexta-feira (30/5) na reta final da campanha para o segundo turno da eleição presidencial na Polônia. As pesquisas apontam para uma votação acirrada nas eleições previstas para este domingo (1°/6), já que nenhum dos dois candidatos obteve mais de 50% dos votos no primeiro turno, realizado em 18 de maio.
A vitória do prefeito representaria um impulso significativo para o governo liberal do primeiro-ministro Donald Tusk, que tem posições divergentes do presidente conservador Andrzej Duda. Trzaskowski defende medidas como a legalização da união civil para casais do mesmo sexo e o flexibilização da proibição quase total do aborto no país.
Já a vitória de Karol Nawrocki, 42, admirador do presidente americano Donald Trump, enfraqueceria o apoio da Polônia à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Nawrocki se opõe à entrada do país na Otan e critica a ajuda oferecida a refugiados ucranianos.
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Protesto durante o comício eleitoral de Karol Nawrocki, candidato à Presidência da República da Polônia, apoiado pelo partido Lei e Justiça, na Praça das Flores em Katowice, Polônia, em 29 de maio de 2025. No segundo turno da eleição, em 1º de junho, Karol Nawrocki enfrenta Rafal Trzaskowski, da Plataforma CívicaKlaudia Radecka/NurPhoto via Getty Images2 de 6
Karol Nawrocki, candidato à presidência da Polônia apoiado pelo partido Lei e Justiça, participa de um comício eleitoral na Praça das Flores em Katowice, Polônia, em 29 de maio de 2025Klaudia Radecka/NurPhoto via Getty Images3 de 6
Nawrocki na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) da Polônia. O evento é originário dos Estados Unidos, organizado pela União Conservadora Americana, onde ativistas e políticos conservadores se encontram todos os anos e reúne conservadores de todo o mundoKlaudia Radecka/NurPhoto via Getty Images4 de 6
Homem usa boné vermelho com os dizeres “Make Poland Great Again” (Torne a Polônia Grande Novamente) participa da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Jasionka, Polônia, em 27 de maio de 2025Jakub Porzycki/Anadolu via Getty Images5 de 6
candidato presidencial polonês Rafal Trzaskowski gesticula enquanto discursava para uma multidão dois dias antes do segundo turno das eleições presidenciais da Polônia, em 30 de maio de 2025, em Gdansk, Polônia. Trzaskowski, o prefeito liberal de Varsóvia, apoiado pelo primeiro-ministro Donald Tusk, obteve 31,4% dos votos no primeiro turno, realizado em 18 de maio, enquanto seu oponente, Karol Nawrocki, do Partido Lei e Justiça (PiS), recebeu 29,5%. A eleição é vista como um teste para saber se o governo, com sua coalizão parlamentar centrista, conseguirá superar o populismo de direita personificado pelo PiS, que ocupa a presidência desde 2015Sean Gallup/Getty Images6 de 6
Rafal Trzaskowski, candidato da Plataforma Cívica à Presidência da Polônia, participa de um comício eleitoral na Praça Principal de Cracóvia, Polônia, em 13 de maio de 2025Klaudia Radecka/NurPhoto via Getty Images
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Em um de seus últimos comícios, Trzaskowski convocou seus apoiadores à mobilização. “Se a participação for tão alta quanto em 2023, ou até maior, venceremos esta eleição presidencial”, disse em Chojnice, no norte do país.
Nas eleições legislativas de 2023, que deram vitória à coalizão pró-Europa de Tusk, a participação foi de 74,38%. “Vamos escolher um presidente disposto a construir, a reunir a comunidade, alguém que sempre estenderá a mão. A alternativa é mais conflito e caos”, afirmou.
Em sua campanha, Nawrocki prestou homenagem às vítimas dos massacres de poloneses por nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial, um tema sensível nas relações entre os dois países.
“Foi um genocídio contra o povo polonês. Não há dúvida: foi um crime cometido por nacionalistas ucranianos”, declarou em Domostawa, no sudeste da Polônia.
“Choque de civilizações”
Analistas preveem que uma vitória de Nawrocki pode levar a novas eleições legislativas. O resultado final só deve ser conhecido na segunda-feira (2/5).
“Eu não abriria o champanhe no domingo à noite”, diz a cientista política Anna Materska-Sosnowska, que classificou a eleição como um “verdadeiro choque de civilizações”, dada a diferença ideológica entre os candidatos.
A média das últimas pesquisas aponta uma vitória apertada de Trzaskowski, com 50,6% contra 49,4% para Nawrocki. O resultado dependerá da capacidade do prefeito de Varsóvia de mobilizar seus eleitores e do comportamento do eleitorado de extrema direita, que tende a apoiar Nawrocki.
No primeiro turno, realizado em 18 de maio, candidatos da extrema direita somaram mais de 21% dos votos. Trzaskowski liderou o primeiro turno com 31%, contra 30% de Nawrocki. Na Polônia, o presidente tem um papel majoritariamente simbólico, mas possui poder de veto.
O atual presidente, Andrzej Duda, usou esse poder para bloquear promessas de campanha de Tusk, como reformas judiciais, liberação do aborto e reconhecimento de uniões civis. A campanha também foi marcada por revelações sobre o passado de Nawrocki.
A imprensa local noticiou que ele teria adquirido um imóvel de forma suspeita de um idoso e que, há cerca de 20 anos, teria facilitado a entrada de prostitutas em um hotel onde trabalhava como segurança, em Sopot, no norte do país. Nawrocki negou as acusações e classificou as denúncias como “mentiras”.
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