Por que ataque de Israel é sem precedentes e maior golpe à elite no poder no Irã
O ataque de Israel ao Irã não só foi mais abrangente e intenso do que as duas operações militares anteriores, realizadas em 2024, como também parece ter adotado parte da estratégia usada na ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano em novembro passado. Pessoas observam um prédio danificado após ataques israelenses em Teerã, no Irã. Reuters via BBC O ataque de Israel ao Irã não só foi mais abrangente e intenso do que as duas operações militares anteriores, realizadas em 2024, como também parece ter adotado parte da estratégia usada na ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano em novembro passado. A ação não visa apenas atingir as bases de mísseis do Irã — e, portanto, a capacidade do país de responder com força — mas também lançar ataques para eliminar membros-chave da liderança iraniana. Essa estratégia de mirar em figuras importantes do Hezbollah teve consequências devastadoras para a capacidade do grupo montar uma contraofensiva sustentável. Imagens de Teerã mostraram o que parecem ser prédios específicos atingidos, semelhantes às imagens dos ataques de Israel aos subúrbios localizados no sul de Beirute, que culminaram na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Nenhuma figura dessa magnitude parece ter sido morta no Irã. O líder supremo Ali Khamenei não foi alvo, por exemplo. Mas matar o chefe do Estado-Maior Militar do Irã, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária e vários dos principais cientistas nucleares do país nas primeiras horas de uma operação — que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sugeriu que poderia durar dias — significa infligir um grau de dano sem precedentes à elite iraniana. Isso parece exigir uma resposta mais feroz do Irã do que a que vimos em seus dois ataques a Israel no ano passado. Mas também pode dificultar muito a capacidade de Teerã de formular tal resposta. Presumivelmente, esse é o cálculo que Netanyahu fez ao ordenar essa nova escalada do conflito. Fumaça sobe de um prédio danificado após ataques israelenses em Teerã. Reuters via BBC Maior operação no território desde guerra com Iraque O painel de informações de voo no Aeroporto do Catar mostra que voos foram cancelados não apenas para o Irã, mas também para o país vizinho, o Iraque. O Irã fechou oficialmente seu espaço aéreo após uma série de ataques israelenses sem precedentes. No entanto, parece que muitas companhias aéreas também evitam o Iraque em razão de preocupações com a segurança. Grupos paramilitares iranianos e iraquianos aliados a Teerã alertaram repetidamente que qualquer ataque ao Irã — seja por Israel ou pelos Estados Unidos — tornaria os interesses e as bases americanas na região, particularmente no Iraque, alvos "legítimos". Na quinta-feira (12/6) à noite, um assessor do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, disse à BBC que o governo tem mantido conversas intensivas com grupos apoiados pelo Irã para dissuadi-los de retaliar caso o país vizinho fosse atacado, pois Bagdá tenta evitar a entrada em um novo conflito. Outro assessor de política externa de Sudani alertou anteriormente que, se algo acontecesse ao Irã, "não seria parecido ao que já tínhamos visto antes". E ele estava certo. Embora trocas de farpas entre Irã e Israel tenham acontecido no passado, o Irã não vivencia operações militares dessa escala em seu próprio território desde a guerra contra o Iraque nos anos 1980. O ataque israelense acontece apenas dois dias antes da sexta rodada de negociações entre Irã e EUA, que estava marcada para acontecer no próximo domingo (15/6). Mas agora, só restam incertezas. Não está claro se as negociações prosseguirão. E está mais difícil do que nunca prever o que o futuro reserva para o Oriente Médio.


O ataque de Israel ao Irã não só foi mais abrangente e intenso do que as duas operações militares anteriores, realizadas em 2024, como também parece ter adotado parte da estratégia usada na ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano em novembro passado. Pessoas observam um prédio danificado após ataques israelenses em Teerã, no Irã. Reuters via BBC O ataque de Israel ao Irã não só foi mais abrangente e intenso do que as duas operações militares anteriores, realizadas em 2024, como também parece ter adotado parte da estratégia usada na ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano em novembro passado. A ação não visa apenas atingir as bases de mísseis do Irã — e, portanto, a capacidade do país de responder com força — mas também lançar ataques para eliminar membros-chave da liderança iraniana. Essa estratégia de mirar em figuras importantes do Hezbollah teve consequências devastadoras para a capacidade do grupo montar uma contraofensiva sustentável. Imagens de Teerã mostraram o que parecem ser prédios específicos atingidos, semelhantes às imagens dos ataques de Israel aos subúrbios localizados no sul de Beirute, que culminaram na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Nenhuma figura dessa magnitude parece ter sido morta no Irã. O líder supremo Ali Khamenei não foi alvo, por exemplo. Mas matar o chefe do Estado-Maior Militar do Irã, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária e vários dos principais cientistas nucleares do país nas primeiras horas de uma operação — que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sugeriu que poderia durar dias — significa infligir um grau de dano sem precedentes à elite iraniana. Isso parece exigir uma resposta mais feroz do Irã do que a que vimos em seus dois ataques a Israel no ano passado. Mas também pode dificultar muito a capacidade de Teerã de formular tal resposta. Presumivelmente, esse é o cálculo que Netanyahu fez ao ordenar essa nova escalada do conflito. Fumaça sobe de um prédio danificado após ataques israelenses em Teerã. Reuters via BBC Maior operação no território desde guerra com Iraque O painel de informações de voo no Aeroporto do Catar mostra que voos foram cancelados não apenas para o Irã, mas também para o país vizinho, o Iraque. O Irã fechou oficialmente seu espaço aéreo após uma série de ataques israelenses sem precedentes. No entanto, parece que muitas companhias aéreas também evitam o Iraque em razão de preocupações com a segurança. Grupos paramilitares iranianos e iraquianos aliados a Teerã alertaram repetidamente que qualquer ataque ao Irã — seja por Israel ou pelos Estados Unidos — tornaria os interesses e as bases americanas na região, particularmente no Iraque, alvos "legítimos". Na quinta-feira (12/6) à noite, um assessor do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, disse à BBC que o governo tem mantido conversas intensivas com grupos apoiados pelo Irã para dissuadi-los de retaliar caso o país vizinho fosse atacado, pois Bagdá tenta evitar a entrada em um novo conflito. Outro assessor de política externa de Sudani alertou anteriormente que, se algo acontecesse ao Irã, "não seria parecido ao que já tínhamos visto antes". E ele estava certo. Embora trocas de farpas entre Irã e Israel tenham acontecido no passado, o Irã não vivencia operações militares dessa escala em seu próprio território desde a guerra contra o Iraque nos anos 1980. O ataque israelense acontece apenas dois dias antes da sexta rodada de negociações entre Irã e EUA, que estava marcada para acontecer no próximo domingo (15/6). Mas agora, só restam incertezas. Não está claro se as negociações prosseguirão. E está mais difícil do que nunca prever o que o futuro reserva para o Oriente Médio.
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