Postos ligados ao PCC: esquema usou 60 motéis para lavar dinheiro
Investigações da Receita Federal mostram que motéis movimentaram R$ 450 milhões para o esquema da organização criminosa em quatro anos

Investigações da Receita Federal mostram que mais de 60 motéis eram usados para lavar dinheiro no esquema bilionário em postos de gasolina que liga o Primeiro Comando da Capital (PCC) à Faria Lima. Os estabelecimentos estavam registrados em nome de laranjas e movimentaram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.
De acordo com a Receita, os motéis eram usados para distribuir lucros e dividendos dos envolvidos na organização criminosa. Um dos locais chegou a repartir 64% da receita bruta declarada. As empresas são alvo da Operação Spare, deflagrada nesta quinta-feira (25/9) em São Paulo.
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Restaurantes localizados nesses estabelecimentos, com CNPJs próprios, também integravam o esquema — um deles distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após registrar receita de R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.
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Empreendimentos imobiliários, especialmente prédios residenciais construídos em Santos, no litoral paulista, na década de 2010, também foram usados pelo esquema. A Receita estima que pelo menos 14 empreendimentos movimentaram R$ 260 milhões entre 2020 e 2024 para fins de lavagem.
Bens de luxo
Além do uso de motéis, a Receita também apurou que os integrantes adquiriram imóveis e bens de alto valor, diretamente ou por meio de empresas patrimoniais e de fachada.
Entre os bens estão:
- Um iate de 23 metros, inicialmente comprado por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada, que também adquiriu um helicóptero.
- Um outro helicóptero, modelo Augusta A109E, comprado em nome de um dos investigados.
- Um Lamborghini Urus adquirido por empresa patrimonial.
- Terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Estima-se que os bens identificados representem apenas 10% do patrimônio real dos envolvidos.
Fraude no Imposto de Renda
A Receita Federal também detectou que os envolvidos usavam uma estratégia de retificação do Imposto de Renda para aumentar seu patrimônio de forma irregular.
Nesse esquema, declarações antigas e recentes eram retificadas no mesmo dia, com inclusão de altos valores na ficha de bens e direitos da declaração mais antiga sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de imposto. Usando desse artifício, membros da família do principal alvo aumentaram seu patrimônio informado de forma irregular em cerca de R$ 120 milhões.
Operação Carbono Oculto
Durante as investigações, foram identificadas conexões entre os alvos da Operação Spare e indivíduos envolvidos em outras ações de combate ao crime organizado, incluindo a própria Operação Carbono Oculto e a Operação Rei do Crime.
Entre os indícios estão transações comerciais e imobiliárias entre os investigados, uso compartilhado de helicópteros e reservas conjuntas de passagens para viagens internacionais.
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