Quem era o jornalista morto por Israel acusado de ser terrorista

Al Jazeera Anas al Sharif foi morto no último domingo (10/8), junto com quatro colegas durante um ataque do governo israelense

Agosto 11, 2025 - 13:00
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Quem era o jornalista morto por Israel acusado de ser terrorista

O jornalista da Al Jazeera Anas al Sharif foi morto no último domingo (10/8), junto com quatro colegas no que parece ter sido um ataque israelense direcionado, segundo o diretor do hospital Al Shifa, na cidade de Gaza. Um sexto jornalista freelancer, atingido no mesmo bombardeio, não resistiu aos ferimentos e faleceu nesta segunda-feira (11/8).

Acusado pelo governo de Benjamin Netanyahu de atuar “secretamente” como terrorista, o repórter tinha 28 anos e cobria a guerra em Gaza desde o início do conflito, após o ataque feito pelo Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.

Sharif nasceu em Jabaliya, considerado hoje um dos maiores campos de refugiados da Palestina. Ele era casado e tinha dois filhos pequenos. Nesta segunda-feira (11), foi compartilhado no X, a última mensagem do jornalista, escrita por ele em abril, que deveria ser divulgada caso morresse. No texto, o palestino pede para as pessoas não esquecerem de Gaza.

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“Este é o meu testamento e minha última mensagem. Se estas palavras chegarem até vocês, saibam que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz (…) Alá sabe que me esforcei ao máximo e dediquei todas as minhas forças para ser um apoio e uma voz para o meu povo, desde que abri os olhos para a vida nos becos e ruas de Jabaliya”, diz o começo da extensa mensagem compartilhada no perfil do jornalista.

Em dezembro de 2023, o pai dele também foi morto por um ataque israelense à casa da família no campo de refugiados de Jabaliya.

Acusado de terrorismo por Israel

O exército israelense alega que Anas al Sharif “se fazia passar por jornalista” e que, na verdade, ele “era o líder de uma célula terrorista dentro do Hamas, sendo o responsável pelo planejamento de ataques com foguetes contra civis e tropas israelenses”.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) rebateu dizendo que não há provas a respeito dessas acusações. “Anas al Sharif, um dos jornalistas mais conhecidos na Faixa de Gaza, foi a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos”, afirmou a RSF em um comunicado, pedindo “ações enérgicas da comunidade internacional para deter o exército israelense”.

Em julho, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) já havia se posicionado sobre o assunto, acusando o exército israelense de realizar uma “campanha de difamação” contra o jornalista, retratando-o em publicações online como membro do Hamas.

“Desde o início do conflito, funcionários da Al Jazeera têm sido alvos recorrentes. A equipe da Al Jazeera e Anas al Sharif estavam se preparando para a possibilidade de tal ataque (…) Foi por isso que ele escreveu uma carta que foi tornada pública pela Al Jazeera nas horas seguintes à sua morte”, disse Thibaut Bruttin, diretor-geral do Repórteres Sem Fronteiras, à RFI, nesta segunda-feira.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023, quase 200 jornalistas foram mortos, segundo um levantamento feito pelo RSF.

“Tentativa desesperada de silenciar as vozes”

Nesta segunda, a Al Jazeera condenou “uma tentativa desesperada de silenciar as vozes que denunciam a ocupação israelense”. Segundo o canal, 10 de seus correspondentes foram mortos pelo exército israelense em Gaza desde o início da ofensiva, lançada em retaliação ao ataque do Hamas outubro de 2023.

Anas al Sharif era apontado pela emissora como um dos rostos mais conhecidos entre os correspondentes que cobriam diariamente o conflito. Em 2024, ele recebeu o prêmio Defensores dos Direitos Humanos da Anistia Internacional por sua cobertura em Gaza. No início do ano, um vídeo do jornalista viralizou pela forma emocionada como ele anunciou e celebrou ao vivo o então cessar-fogo entre Israel e Hamas (já rompido).

“Agora posso tirar este capacete que usei durante toda esta guerra e este colete que se tornou parte do meu corpo”, comemorou ele na época, retirando seu colete à prova de balas com a identificação “Imprensa” e seu capacete de proteção.

Leia mais matérias como esta em RFI, parceiro do Metrópoles. 

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