Quem quer dinheiro? (por Eduardo Fernandez Silva)
O bordão ficou famoso na TV brasileira, pois mesmo os poucos bilionários existentes, insanamente, querem mais dinheiro. Mas a questão correta é: quem precisa de mais dinheiro? Os governantes dos países mais ricos concordaram direcionar mais recursos para os fabricantes de armas, e ajustaram seus orçamentos correspondentemente. Claramente, esses dirigentes vivem num mundo distinto daquele […]

O bordão ficou famoso na TV brasileira, pois mesmo os poucos bilionários existentes, insanamente, querem mais dinheiro. Mas a questão correta é: quem precisa de mais dinheiro? Os governantes dos países mais ricos concordaram direcionar mais recursos para os fabricantes de armas, e ajustaram seus orçamentos correspondentemente. Claramente, esses dirigentes vivem num mundo distinto daquele em que labutam e sofrem mais de sete dos 8,3 bilhões de seres humanos hoje vivos!
Os gases de efeito estufa emitidos pelas atividades militares são elevadíssimos, mas não são reportadas nos inventários nacionais. Isso, devido ao forte lobby exercido pelos EUA e OTAN, lá atrás, quando se discutia o Protocolo de Kioto (1997)! Lembremos do general Eisenhower, que nos advertiu, muito antes, sobre o risco decorrente do poder e influência, sobre os governos, do complexo industrial-militar. Agora, industrial-militar-financeiro-consumista!
Claro, com loucos controlando diferentes governos nos vários espaços da geopolítica, uns chamando os outros de autocratas, há riscos militares na atualidade. Por outro lado, a história demonstra que ampliar gastos com armas e munições apenas resolve os problemas dos produtores de armas, sem garantir segurança à população. Pelo contrário, é esta que é sacrificada, bombardeada por armas cujo custo faz a alegria de seus produtores e impede o atendimento das necessidades da maioria! Democracia?
Segundo o The Guardian (22/4/25), estudo cobrindo 125 países revelou que 89% das pessoas querem ação governamental mais forte contra as mudanças climáticas, mas os dirigentes dos maiores países, ao invés de responderem às necessidades da população, optaram por ampliar gastos militares. Democracia?
Segundo estimativas, pois inexistem dados oficiais, as forças armadas dos EUA, sozinhas, emitem anualmente mais CO2 que países como Suécia e Portugal. Se fossem um país, os militares norte-americanos estariam entre os 40 maiores emissores do mundo. Mesmo nações que dizem respeitar democraticamente a vontade da maioria ocultam informações sobre as emissões dos seus militares. Estima-se que estas representem cerca de 6% das emissões globais. A partir de hoje, com maiores gastos com armas, essa proporção aumentará. Ou seja, exatamente o contrário do que a maioria da população precisa e quer. Democracias?
Com tamanha divergência entre as preocupações dos seus habitantes e os alertas dos cientistas, de um lado, e de outro as decisões dos governantes, não espanta que cresça o descrédito das populações na possibilidade de suas necessidades serem atendidas. Não espanta, também, que eleitores – sempre mal-informados sobre as intenções e alianças dos candidatos – busquem opções esdrúxulas para comandar seus países!
E, ainda pior, nossos muitos bizarros dirigentes sigam construindo, cada vez mais rapidamente, um mundo de guerras, eventos climáticos extremos, morte e desespero para nossos filhos e netos!
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