Quem são os presos libertados em acordo inédito entre EUA e Venezuela
Os americanos que a Venezuela libertou no avião de volta para seu país Reuters Os governos dos EUA e da Venezuela realizaram uma troca de prisioneiros sem precedentes nesta sexta-feira (18), com a mediação do presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Um total de 252 venezuelanos que haviam sido deportados dos Estados Unidos em março e estavam no Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), uma prisão de segurança máxima em El Salvador, foram enviados à Venezuela. Em troca, o governo de Nicolás Maduro libertou dez cidadãos americanos detidos na Venezuela, bem como um número não especificado de venezuelanos que Washington considera presos políticos, segundo autoridades de ambos os países. A operação foi resultado de semanas de negociações entre os governos da Venezuela e dos EUA. LEIA MAIS 3 pontos-chave que explicam reaproximação entre EUA e Venezuela no novo governo Trump Analisamos o que se sabe sobre os presos libertados de ambos os lados: Um dos migrantes que chegaram à Venezuela vindos de El Salvador. Getty Images Os venezuelanos que estavam em El Salvador Os 252 venezuelanos repatriados nesta sexta-feira estavam presos há quatro meses em Cecot, em El Salvador, após um acordo entre Trump e Bukele. Muitos deles foram acusados de pertencer a organizações criminosas como o Trem de Aragua, embora familiares, advogados e ativistas tenham dito que não há provas sobre as acusações e que os processos judiciais foram arbitrários. Alguns dos libertados prestaram depoimentos, transmitidos pela emissora oficial venezuelana Telesur. "Fomos sequestrados por quatro meses sem comunicação", disse um deles do avião que os levava de volta, e outro acrescentou: "Não sabíamos que dia era". Eles disseram ter dormido em placas de metal e sido espancados várias vezes ao dia. Os venezuelanos durante o regresso. Getty Images A mãe de um dos libertados falou da Venezuela à BBC. Ela afirmou que Óscar González Pineda, que trabalhava como instalador de azulejos e carpetes quando foi detido pelas autoridades de imigração em Dallas, Texas, não tinha vínculos com a gangue Tren de Aragua e disse estar feliz com seu retorno. O presidente dos EUA justificou as deportações com base na Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, que lhe dá o poder de deter e deportar nativos ou cidadãos de nações "inimigas" em tempos de guerra, fora do devido processo legal estabelecido. O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, reiterou nesta sexta-feira que todos eles estavam envolvidos em atividades criminosas, incluindo assassinato, estupro e roubo, embora seu governo nunca tenha apresentado provas concretas. Alguns dos deportados foram detidos em suas casas ou empregos nos Estados Unidos e transferidos para El Salvador em voos administrados pelo governo Trump. Muitos dos retornados tinham tatuagens, uma das características que as autoridades americanas usaram para associá-los a gangues, de acordo com organizações Getty Images De acordo com documentos judiciais e depoimentos de familiares, vários deles residiam legalmente nos EUA, não tinham antecedentes criminais e não foram autorizados a contestar sua deportação. Organizações de direitos humanos têm denunciado repetidamente as condições extremas na prisão salvadorenha. Alguns familiares alegam que os vínculos com gangues criminosas foram inferidos apenas por suas tatuagens ou outras características físicas. Os libertados da prisão na Venezuela Além dos dez americanos, Caracas libertou um número não especificado de venezuelanos classificados como presos políticos pelos EUA e por organizações de direitos humanos. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que eles foram presos por se oporem ao governo do presidente Maduro. O presidente Bukele falou em "presos políticos" e em ter ajudado a "libertar 80 venezuelanos". O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez (à esquerda), conversou com o ministro do Interior e da Justiça, Diosdado Cabello, na sexta-feira no Aeroporto Simón Bolívar. A vice-presidente Delcy Rodríguez estava ao seu lado Jesus Vargas/Getty Images O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, por sua vez, os descreveu como indivíduos processados por crimes comuns e atos contra a ordem constitucional. O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou em declarações transmitidas pelo canal estatal VTV que um dos indivíduos libertados é o ex-deputado Williams Dávila. Questionado sobre outros presos libertados, ele disse que não tinha uma lista naquele momento, mas que "alguns setores da oposição vinham dizendo quem havia sido libertado" e esclareceu que "eles já haviam sido libertados". Ele indicou que essas medidas foram tomadas como parte de uma iniciativa de José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol, "que sempre se preocupou com a paz e a tranquilidade na Venezuela". "Isso tem a ver com uma negociação em andamento. Eles sabem que nenhum dos que estão sendo libertados são meras crianças, nenhum deles, e sabem do que foram


Os americanos que a Venezuela libertou no avião de volta para seu país Reuters Os governos dos EUA e da Venezuela realizaram uma troca de prisioneiros sem precedentes nesta sexta-feira (18), com a mediação do presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Um total de 252 venezuelanos que haviam sido deportados dos Estados Unidos em março e estavam no Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), uma prisão de segurança máxima em El Salvador, foram enviados à Venezuela. Em troca, o governo de Nicolás Maduro libertou dez cidadãos americanos detidos na Venezuela, bem como um número não especificado de venezuelanos que Washington considera presos políticos, segundo autoridades de ambos os países. A operação foi resultado de semanas de negociações entre os governos da Venezuela e dos EUA. LEIA MAIS 3 pontos-chave que explicam reaproximação entre EUA e Venezuela no novo governo Trump Analisamos o que se sabe sobre os presos libertados de ambos os lados: Um dos migrantes que chegaram à Venezuela vindos de El Salvador. Getty Images Os venezuelanos que estavam em El Salvador Os 252 venezuelanos repatriados nesta sexta-feira estavam presos há quatro meses em Cecot, em El Salvador, após um acordo entre Trump e Bukele. Muitos deles foram acusados de pertencer a organizações criminosas como o Trem de Aragua, embora familiares, advogados e ativistas tenham dito que não há provas sobre as acusações e que os processos judiciais foram arbitrários. Alguns dos libertados prestaram depoimentos, transmitidos pela emissora oficial venezuelana Telesur. "Fomos sequestrados por quatro meses sem comunicação", disse um deles do avião que os levava de volta, e outro acrescentou: "Não sabíamos que dia era". Eles disseram ter dormido em placas de metal e sido espancados várias vezes ao dia. Os venezuelanos durante o regresso. Getty Images A mãe de um dos libertados falou da Venezuela à BBC. Ela afirmou que Óscar González Pineda, que trabalhava como instalador de azulejos e carpetes quando foi detido pelas autoridades de imigração em Dallas, Texas, não tinha vínculos com a gangue Tren de Aragua e disse estar feliz com seu retorno. O presidente dos EUA justificou as deportações com base na Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, que lhe dá o poder de deter e deportar nativos ou cidadãos de nações "inimigas" em tempos de guerra, fora do devido processo legal estabelecido. O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, reiterou nesta sexta-feira que todos eles estavam envolvidos em atividades criminosas, incluindo assassinato, estupro e roubo, embora seu governo nunca tenha apresentado provas concretas. Alguns dos deportados foram detidos em suas casas ou empregos nos Estados Unidos e transferidos para El Salvador em voos administrados pelo governo Trump. Muitos dos retornados tinham tatuagens, uma das características que as autoridades americanas usaram para associá-los a gangues, de acordo com organizações Getty Images De acordo com documentos judiciais e depoimentos de familiares, vários deles residiam legalmente nos EUA, não tinham antecedentes criminais e não foram autorizados a contestar sua deportação. Organizações de direitos humanos têm denunciado repetidamente as condições extremas na prisão salvadorenha. Alguns familiares alegam que os vínculos com gangues criminosas foram inferidos apenas por suas tatuagens ou outras características físicas. Os libertados da prisão na Venezuela Além dos dez americanos, Caracas libertou um número não especificado de venezuelanos classificados como presos políticos pelos EUA e por organizações de direitos humanos. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que eles foram presos por se oporem ao governo do presidente Maduro. O presidente Bukele falou em "presos políticos" e em ter ajudado a "libertar 80 venezuelanos". O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez (à esquerda), conversou com o ministro do Interior e da Justiça, Diosdado Cabello, na sexta-feira no Aeroporto Simón Bolívar. A vice-presidente Delcy Rodríguez estava ao seu lado Jesus Vargas/Getty Images O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, por sua vez, os descreveu como indivíduos processados por crimes comuns e atos contra a ordem constitucional. O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou em declarações transmitidas pelo canal estatal VTV que um dos indivíduos libertados é o ex-deputado Williams Dávila. Questionado sobre outros presos libertados, ele disse que não tinha uma lista naquele momento, mas que "alguns setores da oposição vinham dizendo quem havia sido libertado" e esclareceu que "eles já haviam sido libertados". Ele indicou que essas medidas foram tomadas como parte de uma iniciativa de José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol, "que sempre se preocupou com a paz e a tranquilidade na Venezuela". "Isso tem a ver com uma negociação em andamento. Eles sabem que nenhum dos que estão sendo libertados são meras crianças, nenhum deles, e sabem do que foram acusados e por que foram acusados. É uma medida para buscar paz e tranquilidade", afirmou Cabello. O filho de Dávila, William Dávila Valeri, confirmou a libertação do pai nas redes sociais: "Estamos ansiosos para nos reunirmos como família e recuperar o tempo perdido juntos." A organização não governamental Comitê para a Libertação de Presos Políticos (Clipp) também informou no X que, na sexta-feira, "mães e familiares confirmaram a libertação de vários presos políticos detidos no contexto pós-eleitoral e mantidos em Tocorón e alguns em El Helicoide". Inicialmente, eles ofereceram uma lista de 14 nomes, que desde então foi ampliada para 28. "Esta notícia nos enche de força e esperança, mas também nos lembra que a liberdade é para todos." Os estrangeiros libertados por Maduro Autoridades dos EUA divulgaram uma fotografia dos dez americanos libertados, cujas identidades foram confirmadas pela ONG Global Reach, que trabalha para trazer de volta americanos detidos no exterior. O grupo de americanos libertados, em uma fotografia divulgada pela Embaixada dos EUA na Venezuela Reuters Entre eles está Lucas Hunter, um cidadão americano e francês de 37 anos que foi detido em janeiro enquanto praticava windsurf e pilotava uma motocicleta na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Segundo sua família, agentes venezuelanos o forçaram a cruzar a fronteira e o prenderam. Eles não tiveram contato com ele desde então. "Minha família e eu estamos muito felizes em saber que meu irmão, Lucas, foi libertado pela Venezuela hoje", disse Sophie Hunter, sua irmã, em um comunicado divulgado na sexta-feira pela Global Reach. "Mal podemos esperar para vê-lo pessoalmente e ajudá-lo a se recuperar", acrescentou. "Somos gratos ao presidente Trump por ter feito desta questão uma prioridade para sua equipe." A família de Lucas Hunter afirma que ele foi capturado pelas autoridades venezuelanas em território colombiano Freelucas.com Outro dos libertados é Wilbert Joseph Castañeda Gómez, suboficial de primeira classe da Marinha dos EUA, detido em Caracas em agosto passado enquanto visitava um amigo. Sua família afirma que ele foi preso sem justa causa e usado como instrumento de barganha pelo governo Maduro. De acordo com fontes oficiais citadas pela mídia americana, Castañeda não estava em missão oficial, mas sim em viagem pessoal. "Rezamos por ele todos os dias por quase um ano", disse o irmão dele, Christian Castañeda, em comunicado publicado pelo jornal The Washington Post. "Estamos felizes por ele estar livre e poder receber o tratamento e a ajuda que merece, e por poder comemorar seu próximo aniversário de 38 anos com sua família em liberdade." A revista Newsweek relata que a Fundação Foley, dedicada à libertação de cidadãos americanos injustamente presos no exterior, nomeou outros americanos que foram libertados pelo governo Maduro: Jorge Marcelo Vargas, que ficou preso por 304 dias, e Renzo Castillo, que ficou preso por 299 dias. Enquanto isso, a Hostage Aid Worldwide nomeou outros dois: Jonathan Pagan González, que foi preso em outubro, e Fabian Buglione Reyes, cidadão uruguaio residente nos Estados Unidos, que foi preso em um posto de controle, também em outubro. O governo Maduro sustenta que os americanos que retornaram cometeram crimes graves contra o Estado, enquanto Washington os considera presos políticos ou detidos injustamente. Apesar da troca de prisioneiros no contexto atual, não se espera nenhuma mudança nas sanções impostas pelos EUA à Venezuela, nem o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, que ainda carecem de representação mútua oficial. Vídeos em alta no g1 O que está por trás da surpreendente aproximação entre EUA e Venezuela A raiva e frustração de venezuelanos após sua entrada ser proibida nos EUA: 'Passamos de um país poderoso à escória' 'Tenho medo que me prendam apenas porque tenho tatuagens': imigrante nos EUA que teme deportação para megaprisão de Bukele em El Salvador
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