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A fuga dos que se dizem inocentes

Perdi a conta do número de vezes que já fui processado por reportagens e artigos que escrevi desde que me mudei para Brasília em 1982, e daqui nunca mais saí.
No Recife, onde nasci, também fui processado e até preso, mas por ações consideradas “subversivas” pela ditadura. Do tipo: distribuir panfletos, participar de passeatas e pregar contra o regime.
Ganhei todos os processos que me moveram como jornalista, menos dois: um por um senador, e o outro por um grileiro de terras. Nesse caso, incúria do advogado que me defendeu.
Salvo na época da ditadura, nunca me escondi para escapar de ser intimado. Até virei amigo de alguns oficiais de Justiça. Nunca faltei a audiências que agora são virtuais. Melhor assim.
É por isso que estranho quando vejo políticos, figuras com mandato e direito a tratamento especial, se recusarem a ser intimados ou fugirem do país para não encarar a Justiça.
Se de fato são inocentes como proclamam em voz alta, declaram em entrevistas e escrevem em mensagens postadas nas redes sociais, por que então se escondem ou fogem para o exterior?
A desculpa oferecida é sempre a mesma: sentem-se perseguidos pela Justiça. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fugiu para os Estados Unidos dizendo que a Justiça o perseguia. Mentira!
Sequer era investigado. Agora, é investigado por atacar a Justiça brasileira à distância e tentar atrapalhar os processos contra seu pai. Licenciou-se do mandato. O pai manda dinheiro para ele.
A Polícia Federal não consegue contatar Eduardo. Ele não responde às suas mensagens, não atende às suas ligações. Foi autorizado a depor por escrito, mas não quer depor. Tornou-se um marginal.
A situação da deputada também licenciada Carla Zambelli (PL-SP) é pior. Ela fugiu do país depois de condenada a 10 anos de prisão por fraude no sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça.
Atravessou de carro a fronteira do Brasil com a Argentina. De lá, voou para os Estados Unidos. Finalmente, desembarcou ontem na Itália, onde pretende se apresentar às autoridades e permanecer.
Alega que é uma vítima da ditadura instaurada no Brasil desde a posse de Lula. A eleição de Lula não foi legítima, segundo Zambelli, mas resultado de um golpe em conluio com a Justiça.
Eduardo pensa igualzinho a Zambelli, mas se sente protegido pelo governo Donald Trump, e mais em casa nos Estados Unidos do que aqui. Zambelli será devolvida ao Brasil e não demora.
Eduardo só voltará se o pai o escolher para candidato a presidente no próximo ano. Para candidatar-se a senador, talvez não volte.
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