Rotatividade no mercado de trabalho é maior na Geração Z, diz estudo

Em fevereiro deste ano, cerca de 40% dos profissionais com até 29 anos de idade haviam trocado de emprego nos 12 meses anteriores

abril 20, 2025 - 13:00
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Rotatividade no mercado de trabalho é maior na Geração Z, diz estudo

Um estudo realizado pela LCA Consultores indica que o Brasil atingiu um nível recorde de rotatividade no mercado de trabalho, em resultado impulsionado, principalmente, pela Geração Z.


O que diz a pesquisa

  • De acordo com o levantamento da LCA, com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 36% dos trabalhadores brasileiros registrados com carteira assinada (CLT) mudaram de emprego nos últimos 12 meses. Há 5 anos, esse percentual era bem menor, de 25%.
  • A curva de crescimento da rotatividade no mercado é mais acentuada entre os integrantes da Geração Z, que vêm se inserindo cada vez mais no mercado de trabalho e imprimindo um modo peculiar de lidar com suas responsabilidades no ambiente corporativo.
  • Em fevereiro deste ano, cerca de 40% dos profissionais com até 29 anos de idade haviam trocado de emprego no período dos 12 meses anteriores, ante 26% em fevereiro de 2020.
  • Considerando apenas a faixa etária entre 18 e 24 anos, o índice salta para 41% (eram 22% em 2020).
  • Entre os jovens de até 17 anos, o percentual de rotatividade chega a 42% (ante 30% há 5 anos).

Empresas ainda em “transição”

De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles em reportagem publicada no fim de março, as empresas, de forma geral, ainda têm muito a fazer para se conectar efetivamente com a Geração Z, de modo que consigam mobilizar esse grupo em torno dos objetivos do negócio.

“As empresas estão em transição. Algumas estão em um momento de maturidade maior, principalmente aquelas do ramo de tecnologia, com a cultura das startups”, afirma Távira Magalhães, diretora de Recursos Humanos da Sólides. “Depende muito do momento e do foco da organização. As empresas estão em patamares diferentes neste período de transição. Algumas ainda não reconheceram a necessidade de se preparar”, explica Távira.

“Quem ainda não reconheceu terá de fazer isso em breve, porque estamos falando da mão de obra que vem chegando com toda força no mercado de trabalho. É um bom momento para as empresas que ainda não se prepararam começarem a olhar para isso”, alerta a diretora de RH.

Para a economista Carla Beni, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e conselheira do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), a grande diferença entre a “Gen Z” e gerações anteriores como os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), a geração X (1965-1980) e os baby boomers (1946-1964) é a maneira de lidar com o trabalho.

“Houve uma mudança de visão de mundo. Para a Geração X, o trabalho é a vida da pessoa. Tanto que, quando se aposentam, muitas pessoas dessa geração praticamente perdem o sentido da vida. Já para a Geração Z, o trabalho faz parte da vida, mas não é a vida da pessoa. Essa mudança é radical no comportamento,”, compara Beni.

“A Geração X e os baby boomers não foram criados para ser felizes. O tal propósito de vida não era sequer discutido. Você tem de produzir, dar resultado e se sustentar com o seu trabalho”, prossegue a economista. “Essa geração mais nova quer ter propósito, quer qualidade de vida. Quer ser feliz, mesmo que esse conceito seja subjetivo e, por mais paradoxal que possa parecer, muitas vezes também traga um grande componente de sofrimento.”

Presencial, híbrido ou home office?

Cinco anos após o início da pandemia, um dos pontos de atrito mais sensíveis entre empregados e empregadores (nesse caso, não apenas da Geração Z) continua sendo o formato de trabalho – 100% presencial, híbrido ou home office. Para os funcionários mais jovens, a possibilidade de um modelo mais flexível, sem horários tão rígidos, é um dos diferenciais mais atrativos que uma empresa pode oferecer.

“Grande parte do retorno ao trabalho 100% presencial é exigência da cabeça da Geração X e dos baby boomers. Essas duas gerações foram muito sacrificadas ao longo da vida e aprenderam a pensar dessa forma”, diz Carla Beni, da FGV.

“Também existe uma situação financeira em questão, que é muito pouco abordada. As empresas já imobilizaram capital, construíram prédios, têm salas para reuniões e precisam dar uso a isso. Abrir mão daquilo que compraram faz com que as empresas queiram colocar as pessoas de novo sentadas na cadeira para trabalhar, mesmo sabendo que a produtividade não aumenta necessariamente”, explica a economista. “Você vai vender o prédio? Vai vender metade do prédio? Esse também é um processo decisório que tem a ver com questões patrimoniais e financeiras.”

Uma pesquisa da consultoria imobiliária JLL indica que a taxa de vacância (percentual de imóveis comerciais disponíveis para locação) vem caindo de forma gradativa nos últimos anos, se aproximando dos níveis pré-pandemia. Em São Paulo, no 4º trimestre de 2024, houve um recuo de 2,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.

“A Geração Z é uma geração de experiências. Você precisa ter motivos para o presencial. Por exemplo, é uma geração muito voltada para jogos. Quando você proporciona eventos e atividades ligados à gamificação, isso gera uma conexão maior para esses jovens”, afirma Távira Magalhães. “O modelo presencial é um ambiente para fomentar conexões, e não isolamento. Fazer práticas de aprendizado e vivências entre equipes, mesmo que sejam de áreas diversas, são exemplos de propósito para incentivar esse trabalho”, defende.

Segundo estimativas da consultoria McKinsey, a Geração Z já responde por 27% da força de trabalho global. Esse percentual deve chegar a 30% nos próximos 5 anos.

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