Toda a população de Gaza está em risco de fome extrema, diz agência da ONU
Território palestino é atualmente o lugar 'mais faminto do mundo', segundo o porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Entrega de ajuda humanitária sob tutela de Israel, considerada insuficiente pela ONU, tem caos e reclamações. Nova entrega de ajuda humanitária em Gaza tem correria e reclamações de desrespeito e caos Toda a população da Faixa de Gaza está em risco de fome extrema, afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) nesta sexta-feira (30). "Gaza é o lugar mais faminto do mundo. (...) 100% da população está em risco de fome extrema", afirmou o porta-voz da OCHA, Jens Laerke. Israel realizou um bloqueio total da entrada de ajuda humanitária que durou cerca de 11 semanas, que começou a ser abrandado há duas semanas. A situação agravou a crise humanitária no território. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A declaração de Laerke ocorre no final da primeira semana de entrega de ajuda humanitária no território controlada por Israel. A quantidade de alimentos que chegou aos palestinos até o momento são insuficientes diante da dimensão da fome, é considerada pela ONU como "uma gota em um oceano" e não há distribuição perene ao longo de Gaza. A distribuição de alimentos em Gaza está sendo realizada pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), empresa apoiada pelos Estados Unidos e vista com desconfiança pela imprensa internacional e por organismos humanitários, em dois pontos fortificados. Um terceiro ponto será aberto nos próximos dias, afirmou Israel. Ainda segundo Laerke, 200 mil palestinos foram deslocados forçadamente dentro do território nas últimas duas semanas, ou seja, desde o início da nova operação terrestre de Israel. Além de operações em solo das tropas israelenses, bombardeios diários mataram centenas de pessoas. O desespero em Gaza é grande. Ainda nesta semana, outra agência da ONU, o Programa Mundial de Alimentos, descreveu como "horda de famintos" os palestinos que invadiram um armazém de suprimentos na faixa central de Gaza. Eles levaram tudo e o tumulto deixou mortos e feridos. Na terça-feira, outro tumulto com tiroteio também deixou mortos e feridos após palestinos terem invadido centro da GHF durante entrega de suprimentos. A ONU continua pressionando pela permissão da entrada de caminhões de ajuda internacional, que são majoritariamente barrados por Israel. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, afirmou à rede britânica "BBC" nesta sexta-feira que Israel está submetendo população de Gaza "à fome forçada". 'Se você é forte, consegue pegar ajuda' Palestinos carregam suprimentos na Faixa de Gaza perto do Corredor de Netzarim, no centro do território, em 29 de maio de 2025. REUTERS/Ramadan Abed Após quase uma semana de entrega de ajuda humanitária mediada por Israel na Faixa de Gaza, palestinos relataram caos, dificuldades e falta de dignidade para terem acesso a comida. "Se você é forte, consegue pegar. Se não for, não pega." Segundo os palestinos, que enfrentam grave crise humanitária em Gaza, o cenário se repete nas entregas de alimentos realizadas pela GHF. Na quinta-feira (29), palestinos em Rafah, no sul de Gaza, foram vistos carregando pacotes de alimentos próximo a um ponto de distribuição da GHF. Teve correria e cada um carregou o que conseguiu. No entanto, muita gente sai de mãos abanando. “Estou com fome e quero comer. Não tem farinha, não tem comida, não tem pão, não tem nada em casa. Toda vez que eu vou (buscar ajuda), pego uma caixa, cem pessoas se amontoam em cima de mim, trezentas. Não consigo pegar nada. Só volto pra casa. Antes, a agência (UNRWA) me mandava uma mensagem: eu ia como qualquer pessoa respeitada, pegava (a ajuda) e voltava (pra casa). Agora, não tem nada. Se você for forte, pega (a ajuda); se não for forte, não pega”, afirmou o Abdel Wader Rabie à agência de notícias Reuters. Israel afirma que suas operações militares têm como alvo apenas integrantes do grupo terrorista Hamas e acusa o grupo de usar civis como escudo, alegação que o Hamas nega. A nova rodada de ajuda humanitária, criticada e ainda considerada insuficiente pela ONU, ocorre após bloqueio total de 11 semanas de entrada de suprimentos no território. O argumento israelense era que a ajuda chegava ao grupo terrorista. “É muito difícil, queremos comer, queremos viver. O que devemos fazer? Não é fácil. Pegamos apenas comida (em quantidade necessária) para nos manter vivos”, disse à Reuters um palestino que carregava caixa de suprimentos em Rafah. Apoiada por Israel e por seu aliado Estados Unidos, a GHF disse que distribuiu cerca oito mil caixas de alimentos —o equivalente a 462 mil refeições— desde o início da semana, quando começou a atuar em Gaza sob a tutela israelense. A Organização das Nações Unidas e outras entidades internacionais de ajuda humanitária boicotaram a fundação, argumentando que ela enfra


Território palestino é atualmente o lugar 'mais faminto do mundo', segundo o porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Entrega de ajuda humanitária sob tutela de Israel, considerada insuficiente pela ONU, tem caos e reclamações. Nova entrega de ajuda humanitária em Gaza tem correria e reclamações de desrespeito e caos Toda a população da Faixa de Gaza está em risco de fome extrema, afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) nesta sexta-feira (30). "Gaza é o lugar mais faminto do mundo. (...) 100% da população está em risco de fome extrema", afirmou o porta-voz da OCHA, Jens Laerke. Israel realizou um bloqueio total da entrada de ajuda humanitária que durou cerca de 11 semanas, que começou a ser abrandado há duas semanas. A situação agravou a crise humanitária no território. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A declaração de Laerke ocorre no final da primeira semana de entrega de ajuda humanitária no território controlada por Israel. A quantidade de alimentos que chegou aos palestinos até o momento são insuficientes diante da dimensão da fome, é considerada pela ONU como "uma gota em um oceano" e não há distribuição perene ao longo de Gaza. A distribuição de alimentos em Gaza está sendo realizada pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), empresa apoiada pelos Estados Unidos e vista com desconfiança pela imprensa internacional e por organismos humanitários, em dois pontos fortificados. Um terceiro ponto será aberto nos próximos dias, afirmou Israel. Ainda segundo Laerke, 200 mil palestinos foram deslocados forçadamente dentro do território nas últimas duas semanas, ou seja, desde o início da nova operação terrestre de Israel. Além de operações em solo das tropas israelenses, bombardeios diários mataram centenas de pessoas. O desespero em Gaza é grande. Ainda nesta semana, outra agência da ONU, o Programa Mundial de Alimentos, descreveu como "horda de famintos" os palestinos que invadiram um armazém de suprimentos na faixa central de Gaza. Eles levaram tudo e o tumulto deixou mortos e feridos. Na terça-feira, outro tumulto com tiroteio também deixou mortos e feridos após palestinos terem invadido centro da GHF durante entrega de suprimentos. A ONU continua pressionando pela permissão da entrada de caminhões de ajuda internacional, que são majoritariamente barrados por Israel. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, afirmou à rede britânica "BBC" nesta sexta-feira que Israel está submetendo população de Gaza "à fome forçada". 'Se você é forte, consegue pegar ajuda' Palestinos carregam suprimentos na Faixa de Gaza perto do Corredor de Netzarim, no centro do território, em 29 de maio de 2025. REUTERS/Ramadan Abed Após quase uma semana de entrega de ajuda humanitária mediada por Israel na Faixa de Gaza, palestinos relataram caos, dificuldades e falta de dignidade para terem acesso a comida. "Se você é forte, consegue pegar. Se não for, não pega." Segundo os palestinos, que enfrentam grave crise humanitária em Gaza, o cenário se repete nas entregas de alimentos realizadas pela GHF. Na quinta-feira (29), palestinos em Rafah, no sul de Gaza, foram vistos carregando pacotes de alimentos próximo a um ponto de distribuição da GHF. Teve correria e cada um carregou o que conseguiu. No entanto, muita gente sai de mãos abanando. “Estou com fome e quero comer. Não tem farinha, não tem comida, não tem pão, não tem nada em casa. Toda vez que eu vou (buscar ajuda), pego uma caixa, cem pessoas se amontoam em cima de mim, trezentas. Não consigo pegar nada. Só volto pra casa. Antes, a agência (UNRWA) me mandava uma mensagem: eu ia como qualquer pessoa respeitada, pegava (a ajuda) e voltava (pra casa). Agora, não tem nada. Se você for forte, pega (a ajuda); se não for forte, não pega”, afirmou o Abdel Wader Rabie à agência de notícias Reuters. Israel afirma que suas operações militares têm como alvo apenas integrantes do grupo terrorista Hamas e acusa o grupo de usar civis como escudo, alegação que o Hamas nega. A nova rodada de ajuda humanitária, criticada e ainda considerada insuficiente pela ONU, ocorre após bloqueio total de 11 semanas de entrada de suprimentos no território. O argumento israelense era que a ajuda chegava ao grupo terrorista. “É muito difícil, queremos comer, queremos viver. O que devemos fazer? Não é fácil. Pegamos apenas comida (em quantidade necessária) para nos manter vivos”, disse à Reuters um palestino que carregava caixa de suprimentos em Rafah. Apoiada por Israel e por seu aliado Estados Unidos, a GHF disse que distribuiu cerca oito mil caixas de alimentos —o equivalente a 462 mil refeições— desde o início da semana, quando começou a atuar em Gaza sob a tutela israelense. A Organização das Nações Unidas e outras entidades internacionais de ajuda humanitária boicotaram a fundação, argumentando que ela enfraquece o princípio de que a ajuda deve ser distribuída de forma independente das partes em conflito, com base nas necessidades da população. Palestinos invadem centros de ajuda humanitária em Gaza em busca de comida A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, minimizou as críticas ao programa de ajuda, chamando-as de “reclamações sobre o estilo”. Israel afirma que uma vantagem do novo sistema de distribuição é a possibilidade de fazer triagem dos beneficiários nos pontos designados, excluindo qualquer pessoa associada ao Hamas. Em guerra contra o grupo desde outubro de 2023, Israel acusa o Hamas de roubar suprimentos e usá-los para fortalecer sua posição — algo que o Hamas nega. Israel iniciou sua campanha militar em Gaza em resposta ao ataque terrorista do Hamas contra comunidades do sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e resultou no sequestro de 251 pessoas levadas como reféns para Gaza, segundo números israelenses. A ofensiva israelense já matou mais de 54 mil palestinos, segundo as autoridades de saúde de Gaza, e reduziu grande parte do enclave costeiro densamente povoado a escombros. LEIA TAMBÉM: Imparcialidade e possível 'fachada': a controversa fundação escolhida por Israel para atuar na ajuda humanitária em Gaza VÍDEO: 'Hordas de famintos' invadem armazém de agência da ONU em Gaza em busca de comida Quem é Izz al-Din Haddad, apontado como sucessor do chefe do Hamas
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