Vai de Bet: valor pago pelo Corinthians parou em conta de braço do PCC
Segundo a polícia, comissão paga pelo Corinthians à mediadora de patrocínio foi parar em empresa ligada ao PCC. Clube é apontado como vítima

São Paulo — Um relatório da Polícia Civil indica que parte da comissão paga pelo Corinthians à empresa que intermediou o patrocínio da Vai de Bet, no valor de R$ 1.074.150, foi transferida para a conta bancária de uma empresa ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Rede Social Media Design Ltda, contratada para negociar o contrato com a empresa de apostas esportivas, recebeu a quantia do clube em março deste ano. A empresa pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que fez parte da equipe de comunicação de Augusto Melo durante a campanha eleitoral que o elegeu como presidente do Corinthians, há dois anos.
Após uma sequência de operações, a investigação identificou que o dinheiro recebido pela intermediadora foi parar nas contas da empresa UJ Football Talent, apontada pela investigação como um dos braços do PCC no futebol. Cassundé nega conhecimento das movimentações.
A relação da empresa com a facção foi descrita em delação de Antonio Vinícius Gritzbach, que foi assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro passado. Segundo o delator, o empresário de futebol Danilo Lima de Oliveira, conhecido como Tripa, tem participação na UJ Football Talent — ele é tratado pela polícia como suspeito de lavar dinheiro do PCC.
O relatório foi publicado primeiro pelo jornal O Estado de São Paulo. De acordo com o inquérito, o Corinthians foi vítima de um esquema que desviou dinheiro do clube. “Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito da sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente” escreveu o delegado Tiago Correia, responsável pelo caso.
A polícia apura a razão de o dinheiro ter ido parar na conta da UJ Football e quem seriam os responsáveis pela operação. “Em suma, que o Sport Club Corinthians Paulista foi lesado, é indubitável; e concordemos que, não se trata de coincidência, muito menos de mero acaso, o dinheiro ter saído das contas de um renomado Clube brasileiro para ser abocanhado por uma afamada Agência de Assessoria Esportiva”, escreveu o delegado.
O Corinthians se manifestou em nota oficial. “O Sport Club Corinthians Paulista informa que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados. O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro”, diz o texto.
O clube afirma ser vítima das movimentações investigadas e que “não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados”.
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