64 mortes: após megaoperação contra o CV, toda a polícia do RJ está de sobreaviso
Nesta terça-feira (28/10), foi deflagrada uma das operações mais letais da história do RJ. Entre as vítimas, quatro eram policiais
Após a megaoperação deflagrada contra o Comando Vermelho (CV), nesta terça-feira (28/10), nos complexos do Alemão e da Penha (Zona Norte do Rio de Janeiro), a coluna apurou que todos os policiais militares e civis do Rio de Janeiro (RJ) estão agora de sobreaviso. Isso significa que ambas as corporações ficarão em regime de prontidão especial, com agentes podendo ser convocados para atuar a qualquer momento, caso seja necessário.
A decisão ocorre após a morte de 64 pessoas e a prisão de outras 81 durante a ação policial. Entre os mortos, quatro eram policiais civis — dois agentes da Polícia Civil e dois militares.
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A ofensiva
As comunidades, em que a megaoperação foi deflagrada, foram acordadas ao som de disparos. O cenário rapidamente foi tomado pelas chamas das barricadas incendiadas pelos criminosos e pela fumaça das bombas explodidas.
Cerca de 2,5 mil agentes participaram da ofensiva contra a facção criminosa. O objetivo era cumprir 51 mandados de prisão contra traficantes que atuam no Complexo da Penha.
A ação policial contou com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core/PCERJ) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope/PMERJ).
Prisões e mortes
Lideranças do CV que estavam foragidas há anos foram presas na ação policial. Entre elas, o traficante Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo. O criminoso é chefe do Morro do Quitungo, na Penh e responde por uma série de crimes ligados a tráfico de drogas, comércio de armas e confrontos com quadrilhas rivais.
O operador financeiro Edgard Alves de Andrade, criminoso conhecido como Doca, um dos chefes do CV mais procurados do Rio, também foi preso. Ele foi identificado como Nikolas Fernandes Soares.
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A comunidade foi acordada com os disparosImagem cedida ao Metrópoles
Fogo e chamas intensas foram vistos nas comunidadesImagem cedida ao Metrópoles
Os criminosos colocaram fogo nas barricadasImagem cedida ao Metrópoles
Operador financeiro de Doca, um dos líderes do CV, é preso no RioReprodução / PCERJ
Megaoperação no Complexo do Alemão e da PenhaReprodução/Redes sociais
Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiaisImagem cedida ao Metrópoles
Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiaisImagem cedida ao Metrópoles
Mansão de traficante do CV preso em megaoperação tinha quadro do OruamImagem cedida ao Metrópoles
CV ataca polícia com drones e bombas em megaoperação no AlemãoImagem cedida ao Metrópoles
Governo do Rio se pronuncia
Na manhã desta terça (28/10), a PCERJ, a Polícia Militar e o governo do Rio concederam uma entrevista coletiva para detalhar a megaoperação. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), cobrou o governo federal e afirmou que o estado está “sozinho” na luta contra o crime organizado. “Em 2010, o Brasil inteiro viu um trabalho de integração, e hoje o Rio está sozinho”, reclamou o governador fluminense.
Em seu pronunciamento, Castro afirmou que não chegou a solicitar auxílio para essa operação, uma vez que, anteriormente, pedidos para o uso de blindados teriam sido negados. “Tivemos pedidos negados três vezes. Para emprestar o blindado, tinha que ter GLO [Garantia da Lei e da Ordem], e o presidente é contra a GLO. Cada dia é uma razão para não colaborar”, continuou.
Por fim, o governador classificou a ação como “a maior da história do RJ”: “O estado está fazendo a sua parte, sim, mas, quando se fala em exceder — exceder inclusive as nossas competências —, já era para haver um trabalho de integração muito maior com as forças federais, o que, neste momento, não está acontecendo.”
Governo federal responde
O Ministério da Justiça e Segurança Pública se manifestou após as críticas de Castro, alegando que atende os pedidos do estado na área da segurança. “O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do governo do estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual. Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP no território fluminense. Todas acatadas”, alega a pasta.
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