A corrida para ver quem será o “Bukele brasileiro”
Megaoperação que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro deflagrou corrida entre políticos para ver quem será o "Bukele brasileiro"
Governistas e lideranças da oposição já sabem há tempos que segurança pública será tema prioritário na eleição de 2026, especialmente porque o próprio entorno de Lula já identificou o assunto como uma “fraqueza” do petista.
A máxima foi reforçada pela reação popular à recente operação no Rio de Janeiro. Pesquisa AtlasIntel divulgada na sexta-feira (31/10) mostrou que 55,2% dos brasileiros aprovaram a ação, enquanto 42,3% desaprovaram.
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Corpos de mortos durante megaoperação no Rio de JaneiroTercio Teixeira/Especial Metrópoles
Coletiva com Governador do Rio, Claudio Castro, o Ministro de Segurança Ricardo Lewandowski sobre resultado da operação Contenção, que aconteceu ontem na Penha, Rio de Janeiro resultando em cerca de 130 mortes.
Aline Massuca/ Metrópoles
Nayib Bukele, presidente de El SalvadorAlex Peña/Getty Images
Com isso, iniciou-se uma corrida para ver quem será o “Bukele brasileiro”. É uma referência ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que, ao chegar ao poder, decretou estado de exceção e travou uma guerra contra gangues.
Assim como ocorreu com a operação no Rio, as medidas de Bukele despertaram críticas de defensores dos direitos humanos. Mas foram extremamente populares entre a população — a ponto de ele ser reeleito com ampla maioria.
No Brasil, a operação contra o Comando Vermelho fez até mesmo o governo Lula — contrário a práticas de “guerra” no combate à criminalidade — adotar, inicialmente, um tom neutro ao comentar as mais de 120 mortes da ação.
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O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que pretende disputar o Senado em 2026, viu sua popularidade disparar. Ganhou 900 mil seguidores nas redes sociais e alcançou 40% de avaliação positiva, segundo o Datafolha.
Isso fez com que governadores de direita, incluindo presidenciáveis como Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), fossem ao Rio de Janeiro prestar apoio a Cláudio Castro.
O movimento da bancada bolsonarista
A bancada bolsonarista no Congresso também se movimenta. O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), protocolou um pedido para viajar a El Salvador e “conhecer” o modelo Bukele de segurança pública.
Não seria a primeira vez. Como mostrou a coluna, uma comitiva bolsonarista já esteve em El Salvador no início de 2024, em uma viagem que custou mais de R$ 100 mil aos cofres da Câmara dos Deputados.
No Senado, já são dois pedidos para visitar El Salvador. O primeiro de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), presidente da Comissão de Segurança. O outro veio de Magno Malta (PL-ES), na CPI do Crime Organizado.
Até mesmo o MBL, que planeja lançar candidato próprio à Presidência em 2026 por meio de seu partido recém-fundado, o Missão, começou a prometer “radicalizar” com o mote “prendeu, matou”.
Bukele passou por cima das leis, retirou juízes da Suprema Corte e o procurador-geral, permitiu prisões sem mandado e viu El Salvador ser classificado como um “estado de exceção”.
A avaliação entre lideranças da oposição é de que a promessa mais popular para as eleições de 2026 no Brasil parece ser fazer o mesmo, se isso melhorar a segurança pública.
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