A Geração do retorno ao essencial: quando o excesso nos empurra para dentro

Durante anos, vivemos sob o domínio da hiperconexão, ainda vivemos. A geração que cresceu e cresce entre notificações, velocidade, conteúdos instantâneos e vídeos de 10 segundos aprendeu, muitas vezes à força, que o mundo cabe na palma das mãos e que tudo o que importava está ali, piscando, exigindo atenção. É tanta informação, tanta opinião, […]

Nov 21, 2025 - 19:00
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A Geração do retorno ao essencial: quando o excesso nos empurra para dentro

Durante anos, vivemos sob o domínio da hiperconexão, ainda vivemos. A geração que cresceu e cresce entre notificações, velocidade, conteúdos instantâneos e vídeos de 10 segundos aprendeu, muitas vezes à força, que o mundo cabe na palma das mãos e que tudo o que importava está ali, piscando, exigindo atenção. É tanta informação, tanta opinião, tanta imagem, que ninguém percebe o quanto isso drena da nossa capacidade mais antiga e humana: a de sentir, observar, refletir.

 

Mas toda saturação produz um caminho de volta. E o que percebo, muito suavemente, mas vejo, é o início silencioso,bporém poderoso de uma reversão. O cansaço das telas e o desejo pelo que é real

A geração que se orgulhava de ser multitarefa começa a confessar o peso da exaustão mental. Não é raro ouvir frases como:

“Estou cansado de saber tudo e não sentir nada.”

“Não aguento mais viver no automático.”

“Quero viver a minha vida, não apenas assistir à vida dos outros.”

 

Depois de uma década sendo alimentados por estímulos rápidos, notamos o óbvio: o excesso não gera profundidade, gera ansiedade, dispersão e vazio.

E o vazio, quando se expande, chama a gente de volta para dentro.

O movimento da introspecção

Há um retorno crescente a práticas que, há poucos anos, eram consideradas lentas demais para o ritmo contemporâneo: meditação, leitura, escrita manual, silêncio, longas conversas, rituais simples, natureza.

A lente muda: do externo para o interno.

Essa geração, surpreendentemente, começa a valorizar minutos de tédio, espaços de pausa e momentos sem câmera ligada. A introspecção deixa de ser vista como isolamento e passa a ser resgate.

A busca pela profundidade

O consumo de conteúdos mais longos aumenta. Livros voltam a ganhar protagonismo. Podcasts se estendem.

O que antes parecia tempo perdido, agora é visto como alimento da alma.

Há um desejo de compreender,  não apenas passar os olhos.

De digerir, não apenas consumir.

De existir, não apenas performar.

E isso acontece porque a mente humana, por mais que tente se adaptar, não foi feita para a velocidade infinita.

Reencontrar a essência

Essa geração percebe que, quanto mais olha para as telas, menos olha para si. A intimidade com o próprio eu virou algo raro.

E sem essa intimidade, viver vira uma performance interminável.

A reversão começa quando entendemos que:

profundidade exige silêncio;

autenticidade exige coragem;

presença exige ausência do excesso;

identidade exige olhar para dentro, não para fora.

A essência, que parecia ter se perdido no caminho, pode está apenas soterrada por camadas de estímulos.

Por que esse movimento importa?

Porque ele marca uma mudança de consciência coletiva.

As pessoas estão cansadas de serem produto, querem voltar a ser sujeito.

Cansadas de serem audiência , querem voltar a ser protagonistas.

Trata-se de uma reconstrução afetiva, intelectual e espiritual.

É uma geração que, pela primeira vez, olha para o barulho do mundo começar a querer dizer: “chega.”

E abre espaço para o que realmente importa: profundidade, significado, verdade, raízes.

O futuro é mais lento e mais humano

Ao contrário do que imaginávamos, a tecnologia não destruiu o desejo pela profundidade.

Pelo contrário: ao nos afogar no raso, ela nos lembrando da necessidade do fundo.

Estamos vivendo um retorno ao essencial.

E esse movimento não é retrocesso.

É maturidade.

A geração que cresceu correndo agora começa a caminhar.

E, no ritmo do passo, descobre quem realmente é.

Por Joyce Moura – jornalista e estudante de Psicologia

 

 

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