“A Tardezinha tem fôlego para atravessar décadas”, afirma CEO
Para Rafael Liporace, projeto já se tornou um patrimônio afetivo do RJ. Ele e Rafael Zulu, idealizador, contaram curiosidades do evento
Mesmo após se consolidar como a maior turnê da história da música brasileira, a Tardezinha ainda preserva o DNA da primeira edição. De acordo com Rafael Zulu, empresário idealizador do projeto, a essência segue exatamente a mesma da roda de samba que deu origem a tudo. Ao longo de mais de 220 edições em 10 anos, o evento cresceu sem perder o mais importante: a identidade.
“A criação da Tardezinha foi emblemática. Dois caras pretos, vindos de lugares improváveis, entregando algo de grande magnitude. A gente continua com a mesma energia daquela roda de samba que começou em um beach club, na Barrinha. O Thiaguinho canta com a mesma vontade, seja para 800 ou para 80 mil pessoas. É a essência de uma roda de samba feita para amigos”, afirmou nessa segunda-feira (15/12) durante o evento “Rio que encanta o mundo”.
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Com oferecimento do Governo do Rio de Janeiro, o painel “Tardezinha: experiência musical para exportação” foi mediado pela jornalista do Metrópoles Vanessa Oliveira e contou com a participação de Zulu e de Rafael Liporace, CEO da Tardezinha.
Para Liporace, um dos grandes diferenciais da Tardezinha está no formato singular. “É um festival de um homem só, mas com proporções de festival. Um palco, um artista, mais de seis horas de show. A gente é o Brasil falando para o Brasil.”
Apesar de Tiaguinho ser paulista, o projeto nasceu no Rio de Janeiro, inspirado na roda de samba carioca, e se expandiu pelo país. “A gente leva o Rio para o Brasil inteiro. Não é cópia. A inspiração veio de grandes eventos, como o Rock in Rio, mas a Tardezinha construiu sua própria identidade.”
Além disso, o sucesso do festival se dá pela parceria entre Rafael Zulu e Thiaguinho. “Desde o primeiro dia, entendemos a Tardezinha como um grande negócio, com curva ascendente de sucesso. O Zulu tinha o negócio, o Thiaguinho tinha disponibilidade. Essa parceria construiu um alicerce muito forte”, destacou o CEO.
Liporace ressaltou ainda que, olhando para o médio e longo prazo, o projeto tem fôlego para atravessar décadas. “Quando a gente fala de 2026, 2027, 2028, 2029, 2030, estamos falando de duas, três décadas de história. A Tardezinha já se tornou um patrimônio afetivo do Rio de Janeiro.”
Rafael Liporace, CEO da Tardezinha
A jornada do público como eixo central
Segundo Rafael Liporace, o ticket médio da Tardezinha gira em torno de R$ 150, mas a entrega vai muito além do valor do ingresso, com mais de seis horas de show e uma experiência pensada em cada detalhe.
O público majoritário é 35+, com rotina familiar e consumo de lazer mais planejado. “Essa pessoa não sai toda semana. Precisa se organizar, saber que é no sábado, com antecedência. A gente entende essas variáveis e constrói a experiência pensando nelas”, explicou.
Esse cuidado se reflete na fidelização do público. De acordo com o CEO, não é raro ver fãs viajando o Brasil inteiro para acompanhar a Tardezinha, justamente pela experiência que o projeto entrega.
“As pessoas fazem questão de ir. Existe um entendimento profundo do comportamento do nosso cliente, e isso só é possível porque a gente se preocupa com todos os pilares da experiência”, frisou.
Liporace destacou ainda que a Tardezinha deixou de ser apenas um show para se consolidar como uma empresa de entretenimento e indústria criativa, com responsabilidade ampliada sobre o lazer do público. “A gente vende o lazer das pessoas. Isso exige cuidado extremo, e a nossa responsabilidade aumenta.”
Rafael Zulu, empresário idealizador da Tardezinha
Divisor de águas
Ao tratar do modelo de negócios da Tardezinha, Rafael Zulu destacou a maturidade da operação ao longo dos anos. Para ele, um divisor de águas foi em 2019, quando o projeto foi encerrado no Maracanã antes do mundo do entretenimento parar na pandemia, em um formato 360º, só o Frank Sinatra tinha feito naquele formato.
A percepção de que a Tardezinha poderia atravessar fronteiras veio acompanhada de números expressivos. “Em Miami, vendemos 5 mil ingressos em dez minutos. Quando mudamos o local do evento porque tínhamos atingido a lotação máxima, em mais quatro horas, dobramos esse número”, contou Liporace.
O sucesso se repetiu com públicos não brasileiros. “Em Angola, foram 8 mil angolanos ouvindo samba e pagode. Em Sydney, realizamos o maior evento brasileiro já feito na Austrália”, ponderou.
Segundo o CEO, a expansão internacional segue. “Onde tem comunidade brasileira, faz sentido para a gente.”
Para Rafael Zulu, a Tardezinha comunica muito mais do que música. “Sou inquieto, mas amo ser o mestre de cerimônias do Thiaguinho. Sou apaixonado por cultura e arte. Um país sem isso é invisível.”
Zulu defendeu a valorização da cultura por meio de políticas públicas. “É preciso brigar por isso. Cultura projeta o Brasil e o Rio de Janeiro para o mundo.”
Veja todo o evento “Rio que encanta o mundo”:
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