A volta triunfal de Eduardo para enfrentar o carrasco da sua família
O novo capítulo da saga dos Bolsonaro

À falta de uma facada como a que ajudou a eleger seu pai presidente, Eduardo Bolsonaro encontrou outra maneira não dolorosa de se projetar como candidato à sucessão de Lula.
Licenciado do cargo de deputado, mudou-se para os Estados Unidos e agora dedica-se a falar mal do ministro Alexandre de Moraes e do Poder Judiciário brasileiro junto ao governo Trump.
Paulo Gonet, Procurador-Geral da República, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito para investigar Eduardo. Moraes acolheu o pedido no fim da tarde de ontem.
Eduardo é o único dos filhos de Bolsonaro que nunca foi investigado. Flávio foi por se apropriar de parte dos salários de funcionários do seu gabinete à época em que era deputado no Rio.
Carlos também já foi por ter integrado o chamado Gabinete do Ódio nos quatro anos de governo do seu pai. Jair Renan foi investigado por tráfico de influência e outras pequenas falcatruas.
Portanto, chegou a vez de Eduardo. Ele será investigado como pediu Gonet por atuar “contra as instituições brasileiras” ao fazer gestões para que o governo de Trump puna Moraes.
Bolsonaro, pai, terá de prestar esclarecimentos à Polícia dado ao fato de se beneficiar da conduta de Eduardo e haver declarado ser o responsável pela manutenção do filho em território americano.
Segundo Gonet, Eduardo busca intimidar agentes públicos que investigam e processam o seu pai e autoridades do governo passado por formação de quadrilha e tentativa de golpe de Estado.
Eduardo trabalha para que os Estados Unidos imponham restrições a Moraes do tipo: impedir sua entrada no país, bloquear bens e transações financeiras com empresas americanas.
Na semana passada, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que sanções contra Moraes estão “em análise” e que “há uma grande possibilidade de isso acontecer”.
A possibilidade de Moraes sofrer sanções mobilizou magistrados e o governo brasileiro que consideram que os Estados Unidos afrontarão o Brasil se tal coisa ocorrer. A ver, a ver.
Se Moraes tivesse recusado o pedido de Gonet para investigar as ações de Eduardo nos Estados Unidos, diriam que ele se acovardou por temer sanções contra si do governo americano.
Como Moraes aceitou o pedido, dirão que abusa do seu poder e que lhe falta isenção para julgar qualquer um dos Bolsonaro. É do jogo político da direita, empenhada em desacreditá-lo.
A maioria dos colegas de toga de Moraes reconhece que se não fosse por sua coragem e tenacidade, o golpe de Estado tramado por Bolsonaro pai, filhos e militares poderia ter dado certo.
E Lula, deposto. E Moraes, preso. E ministros do Supremo que mandassem soltá-lo, impedidos de exercer suas funções. E a imprensa que resistisse à nova ordem, fechada ou censurada.
Eduardo deve estar feliz. O inquérito aberto contra ele alavancará sua candidatura a presidente ou a senador por São Paulo. Em breve, ele deverá retornar ao Brasil para retomar seu mandato.
Será a volta triunfal do ex-filho pródigo que ousa enfrentar de peito aberto o implacável carrasco de sua família.
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