Anhangabaú tem 30 eventos por ano com interdições que duram dias

Tempo que Anhangabaú fica interditado à população é maior se contabilizado prazo para montagem e desmontagem. Gestão Nunes elogia concessão

Jun 5, 2025 - 02:30
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Anhangabaú tem 30 eventos por ano com interdições que duram dias

O Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, tem mais de 30 eventos fechados e com cobrança de ingresso por ano, de acordo com dados obtidos pelo Metrópoles. Cada interdição costuma durar dias.

Por evento, o tempo que a população fica sem usufruir da totalidade do Vale é de no mínimo dois dias. As interdições para montagem e desmontagem das estruturas costumam levar por volta de 36 horas e os eventos noturnos duram 10 horas (22h às 8h), segundo publicações recentes do Diário Oficial.

O período com interdições no Anhangabaú pode chegar a mais de seis meses desde 2021, se cada um dos eventos tiver duração parecida. A gestão Ricardo Nunes (MDB), porém, só informou a quantidade de eventos realizados, e não o tempo de interdição total. Também afirmou que, mesmo com eventos pagos, sempre restam espaços abertos no Vale.

O espaço é alvo de polêmica desde a concessão, uma vez que a prefeitura resolveu entregar o a área pública à iniciativa privada após fazer um investimento de R$ 105,6 milhões na reforma. As interdições recorrentes e a barulheira causada por shows madrugada adentro geram constantes reclamações. 4 imagensTrecho com tapume para evento no Anhangabaú: população reclama de falta de segurançaGestão Ricardo Nunes defende concessão do espaço e cita eventos abertos à populaçãoShows realizados madrugada adentro no Anhangabaú são motivo de reclamação da populaçãoFechar modal.1 de 4

Vale do Anhangabaú interditado para montagem de eventoArtur Rodrigues/Metrópoes2 de 4

Trecho com tapume para evento no Anhangabaú: população reclama de falta de segurançaArtur Rodrigues/Metrópoles3 de 4

Gestão Ricardo Nunes defende concessão do espaço e cita eventos abertos à populaçãoArtur Rodrigues/Metrópoles4 de 4

Shows realizados madrugada adentro no Anhangabaú são motivo de reclamação da populaçãoArtur Rodrigues/Metrópoles

O Metrópoles obteve, via Lei de Acesso à Informação (LAI), dados sobre eventos com venda de ingressos no local — uma média de 32 por ano. No primeiro ano, durante a pandemia, não houve nenhum evento. Nos anos seguintes, foram 39 (2022), 30 (2023) e 28 (2024, até a atualização mais recente).

A reportagem havia perguntado à Prefeitura de São Paulo a quantidade de dias em que o Vale ficou fechado para eventos pagos. No entanto, a administração municipal não respondeu.

Um evento recente de música eletrônica demonstra um pouco a dinâmica de fechamento do espaço. Marcado para 31 de maio, ele teve período de montagem entre 26 de maio e 1º de junho.

Segundo a autorização dada pela prefeitura nesse caso, o fechamento do espaço à população poderia ocorrer com antecedência de 24 horas do evento e a liberação deveria ser feita após 12 horas da finalização. Como o evento duraria mais 10 horas, o tempo total de interdição foi de 46 horas.

Se todos os eventos tivessem essa duração, os fechamentos superariam dois meses por ano. Contudo, há fechamentos por mais tempo, como mostra um um evento que durou uma semana em março, contando o prazo da montagem e desmontagem.

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O porteiro Givaldo Xavier, de 56 anos, trabalha em um dos prédios que acabam também cercados por tapumes com a recorrente interdição do espaço. Segundo ele, o fechamento frequente compromete a circulação de pedestres e a sensação de segurança, principalmente à noite.

“A gente baixa a porta às 19h e aí fica tudo fechado. Aqui não fica muito seguro”, afirmou, acrescentando que, após o encerramento do expediente, o local se torna praticamente intransitável. “Fica complicado de passar por aqui, principalmente de noite. Tem muito usuário de droga”.

O que diz a prefeitura

Além de não responder o questionamento da reportagem sobre o total de dias de interdição, a prefeitura afirmou em nota que “a concessão do Vale do Anhangabaú tem gerado avanços para a cidade, com a ampliação do acesso à cultura, a geração de emprego e renda e a valorização do espaço público”.

“Por ano, o local recebe cerca de 5 mil atividades gratuitas e abertas à população. O contrato de concessão permite a realização de eventos pela concessionária com acesso restrito de público. Durante todos eles, há áreas não ocupadas por essas atividades que ficam liberadas para a circulação de pessoas no próprio Vale”, disse a gestão municipal.

Antes da concessão, a Prefeitura de São Paulo investiu mais do que o previsto na reforma do espaço. A previsão inicial era de R$ 80 milhões, mas o total ultrapassou R$ 105 milhões, 32% maior do que o esperado.

Concessão

O espaço é administrado pelo consórcio Viva o Vale desde dezembro de 2021. A concessionária é responsável, pelo período de 10 anos, pela manutenção, preservação e realização do calendário de eventos socioculturais na área.

Além do Vale, a área do que é chamado de Novo Anhangabaú engloba o baixo do Viaduto do Chá; Praça Ramos de Azevedo; trechos da Avenida São João; Praça do Correio; e escadaria da Rua Dr. Miguel Couto; além de 8.730 m² das Galerias Formosa e Prestes Maia.

No ano passado, a concessionária foi multada por não cumprir diversos encargos relacionados no contrato com a prefeitura. No total, foram notificadas multas no valor de R$ 1,7 milhão.

As multas, de acordo com a concessionária, ainda têm partes pendentes de análise e a Viva o Vale recorreu das decisões de aplicação das penalidades. Os recursos estão em análise, segundo a prefeitura.

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