Beneficiários do Bolsa Família movimentaram R$ 3,7 bilhões em bets, segundo TCU
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou movimentações bilionárias de beneficiários do Bolsa Família em sites de apostas. Segundo o levantamento, cerca de 5 milhões de pessoas que recebem o benefício transferiram R$ 3,7 bilhões para plataformas de jogos online apenas em janeiro deste ano. Os dados foram obtidos a partir […]

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou movimentações bilionárias de beneficiários do Bolsa Família em sites de apostas. Segundo o levantamento, cerca de 5 milhões de pessoas que recebem o benefício transferiram R$ 3,7 bilhões para plataformas de jogos online apenas em janeiro deste ano.
Os dados foram obtidos a partir de informações do Banco Central e acenderam um alerta no tribunal sobre possíveis usos irregulares de CPFs e movimentações incompatíveis com a renda das famílias atendidas pelo programa social.
De acordo com o relatório, embora parte das transações possa envolver recursos de outras fontes — já que 83% dos beneficiários possuem rendas complementares —, há casos em que o valor apostado supera o total recebido pelo Bolsa Família.
O TCU também apontou que 4,4% das famílias que realizaram apostas foram responsáveis por 80% do valor total transferido, o que levantou a hipótese de fraudes ou uso indevido de dados pessoais. As movimentações suspeitas foram encaminhadas ao Coaf, à Receita Federal e ao Ministério Público Federal para investigação.
Em alguns casos extremos, o tribunal identificou transferências de até R$ 2 milhões feitas por famílias cadastradas no programa. Das 20,3 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família em janeiro, 4,4 milhões realizaram algum tipo de transação com sites de apostas — o equivalente a 22% do total.
Apesar do volume expressivo, os auditores do TCU ressaltam que nem todo o valor transferido pode ser considerado verba do benefício. O relatório estima que o impacto direto sobre os recursos do programa seja de aproximadamente R$ 162 milhões, o que representa 1,1% do total gasto com o Bolsa Família em dezembro de 2023.
O tribunal deu 90 dias para que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e o Banco Central apresentem um plano de ação para identificar e coibir fraudes no programa, reforçando a necessidade de rastrear movimentações incompatíveis com o perfil dos beneficiários.
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