Branding: o segredo por trás do sucesso de políticos nas redes sociais
Falta uma marca no governo Lula. Essa é a justificativa de alguns especialistas para as oscilações negativas na popularidade do presidente da República. O fato é que nunca se falou tanto em branding político como agora. Esse conceito, imprescindível para a construção de uma reputação positiva no imaginário coletivo da opinião pública foi, por muitos […]


Falta uma marca no governo Lula. Essa é a justificativa de alguns especialistas para as
oscilações negativas na popularidade do presidente da República. O fato é que nunca se falou
tanto em branding político como agora. Esse conceito, imprescindível para a construção de
uma reputação positiva no imaginário coletivo da opinião pública foi, por muitos anos,
ignorado. A resistência em entender que político é produto contribuiu para isso.
O marketing digital e até as estratégias de growth hacking destacam a importância de
construir uma identidade política forte e que seja facilmente detectada. Para essa construção,
é preciso mapear o sistema de crenças de um político, de modo que os valores, interesses e
pautas em comum com os potenciais eleitores estejam em destaque nos conteúdos, atraindo o
público para participar daquele projeto.
O CEO da Amazon, Jeff Bezos, define o termo marca como aquilo que as pessoas falam de
você quando você sai da sala. Em suma, trazendo para a realidade da política, a identidade de
um líder é aquilo que a população fala dele nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp. E
esse é um dos desafios centrais do governo Lula 3: ele não conseguiu controlar as narrativas
digitais para que as pessoas falassem o que ele gostaria que fosse dito sobre sua gestão.
Mesmo que tenha muito a dizer, se essa comunicação não chega ao público-alvo de forma
clara e eficaz, seu impacto se perde. Há um vácuo entre o que o governo executa e como a
população percebe, consome.
A identidade política de um líder é um ativo valioso, com impacto na projeção e perpetuação
de um projeto político. Ela não é um logotipo nem um objeto palpável, mas um conjunto de
elementos muitas vezes ignorados por quem atua na área. Esses elementos indicam ao eleitor
razões para confiar e acreditar que aquele político é o melhor, que aquela gestão é positiva.
São gestos, cores, falas, sons, posturas e peças de vestuário que reforçam as crenças que dão
sentido ao mundo do eleitor e fazem com que ele crie uma conexão com a liderança.
Essa é outra falha que faz com que as pessoas não percebam com nitidez a identidade do
governo Lula 3. Não basta apresentar dados é preciso mostrar como os resultados da gestão
ajudam a fortalecer as crenças do eleitor. Esses elementos precisam ser trabalhados dentro de
uma estratégia de branding para que haja uma conexão direta entre o que é feito e o que é
vivido pela liderança política e por seus eleitores. No primeiro governo Lula, por exemplo, a
comunicação soube explorar a ascensão econômica das classes mais baixas como um
elemento central da narrativa política, algo que hoje parece menos evidente.
Afinal, a comunicação é bidirecional, interativa e precisa ser personalizada para o público de
interesse (público-alvo) previamente definido no planejamento estratégico. Políticos que
constroem a comunicação combinando tecnologia com um propósito claro e valores bem
definidos — ou seja, uma marca política estruturada — conseguem se destacar e estabelecer
conexões autênticas com seus públicos.
Branding: o segredo por trás do sucesso de políticos nas redes sociais
Outro fator que torna a identidade política um elemento imprescindível para o sucesso no
ambiente digital é que ela contribui para vencer o maior desafio da comunicação política
atual: reter a atenção da opinião pública. Vivemos em um cenário no qual a sociedade está
hiperconectada, hiperestimulada e bombardeada por informações (economia da atenção).
Com isso, torna-se cada vez mais desafiador fazer com que as pessoas consumam conteúdos
políticos. Por isso, sem elementos claros e consistentes, a comunicação se torna dispersa e
ineficaz.
Com mais de 20 anos atuando na comunicação política, temos clareza de que a mentalidade
dos profissionais e dos políticos vem mudando. Os investimentos em comunicação estão
crescendo, e muitos já entenderam a importância de uma abordagem planejada e estratégica.
A pergunta que fica para muitos é: em que jogo você está jogando nas redes sociais? Acredita
que basta produzir conteúdo e torcer para que ele viralize? E qual a importância do marketing
viral na sua estratégia?
A realidade é que o jogo mudou. Hoje, não basta estar presente no ambiente digital. É preciso
criar uma narrativa consistente, que dialogue diretamente com os valores e aspirações do
eleitor. Uma estratégia de identidade política forte deve combinar autenticidade, tecnologia e
um propósito bem definido para engajar e mobilizar o público de forma duradoura. Sem isso,
o discurso se dilui e perde relevância. E sem marca forte os índices de popularidade podem
cair e refletir esse descrédito da população.
Escrito por:
Vanessa Marques: Jornalista especialista em planejamento estratégico e estratégia digital.
Mestre em comunicação na Espanha e pós-graduada em economia e ciência política.
Instagram: @vanessamarques.mkt
Deniza Gurgel: Jornalista especialista em branding e comunicação política não verbal, MBA em Semiótica e Pós em Comunicacão Digital, branding, storytelling
@denizagurgel
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