Casebre abriga empresas de R$ 13 milhões ligadas a Rei do Laranjal
Endereço que aparenta ser uma casa simples comporta agropecuária e até construtura em nome da nora do Rei do Laranjal

Uma casa simples de muro verde e portão metálico costuma passar despercebida por quem atravessa uma rua no bairro Jardim América, em Goiânia. Sem qualquer placa de identificação, a residência parece ser só mais uma, em meio a tantos outros imóveis vizinhos. Mas, não.
A casa é o endereço de pelo menos cinco empresas – incluindo uma agropecuária e uma mega construtora – que, juntas, têm capital social de R$ 13 milhões. As companhias pertencem, entre outras pessoas, à arquiteta Karine do Espírito Santo, nora do empresário Guimar Alves, conhecido como o “Rei do Laranjal” e acusado por credores de fraudes e ocultação de patrimônio para não pagar dívidas estimadas em mais de R$ 100 milhões.
Karine do Espírito Santo ao lado do sogro, Guimar Alves, conhecido como o Rei do Laranjal
Karine diz ser uma “empresária de sucesso, capaz de gerir e expandir seus negócios com autonomia e competência”. Mas ela é acusada de atuar como “interposta pessoa”, ou seja, “laranja”, em esquema fraudulento para ajudar o marido e o sogro a esconder bens e valores. Uma das empresas de Karine, a KL Factoring LTDA, por exemplo, foi usada para adquirir dois imóveis ligados a Guimar Alves, incluindo a mansão onde mora o empresário.
Para se defender, Karine diz ser uma empresária multifacetada, sócia de seis empresas.
“Contra fatos não há argumentos: as declarações de imposto de renda demonstram que ela vem atuando – há muito tempo – em diversos ramos econômicos, como: engenharia, arquitetura, design de interiores, agropecuária, exploração de imóveis e de participações em outras empresas (holding) e factoring”, escreveu a defesa dela, no âmbito de uma ação ajuizada por um dos credores.
Chama a atenção, no entanto, que a maioria dessas empresas está registrada no casebre do bairro Jardim América, de Goiânia. São os casos da São José Agropecuária LTDA, de criação de gado, e da SPE EHS Espírito Santo Construtora.
“Quantos animais estariam sendo criados dentro desta simples residência?”, questiona um dos credores do Rei do Laranjal, em ação obtida pela coluna. “Enquanto criam animais, gerenciam imóveis próprios e também constroem edifício – tudo no mesmo casebre?”
“Eu opero ali”
“São minhas as empresas”, afirmou Karine do Espírito Santo, em conversa com a coluna. “Eu opero ali. Tem construtora ali. É tudo meu”. Indagada se, de fato, todas as empresas estavam em pleno funcionamento naquele endereço, a empresária respondeu que “sim”.
Nas redes sociais, Karine Santos se apresenta como arquiteta, de projetos autorais e de interiores.
Histórico do “Rei do Laranjal”
Conforme mostrou o Metrópoles, Guimar da Silva construiu, longe dos holofotes, um império de fazendas em nome de funcionários e é acusado de fraudes para driblar dívidas.
Empresário Guimar Alves da Silva ostenta voos de helicoptero e mora em condomínio das estrelas, em Goiás
Ele responde a mais de uma dezena de processos por dívidas que chegam a R$ 100 milhões. Em nome dele, só há empresas antigas com registros cancelados. A Justiça, quando procura bens e contas bancárias para satisfazer dívidas, não encontra nada.
Segundo essas empresas, suas joias da coroa estão em nome de funcionários e parentes. As dívidas se arrastam por anos e, em meio a bloqueios frustrados, o empresário pede a prescrição das cobranças.
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