Comerciante diz que GCM a aconselhou a trabalhar de portas fechadas
Proprietária de loja de jardinagem na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, questionou atuação da GCM diante de roubos recentes na região

Uma comerciante da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, denunciou uma orientação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para que ela deixe as portas do estabelecimento fechadas diante de casos de roubos na região.
A loja de jardinagem Verdeiro Josephina funciona há sete anos na rua Horácio Lane. Na esquina, guardas da GCM costumam estacionar uma viatura enquanto aguardam chamados de ocorrências. O local, ao lado do Cemitério São Paulo, é considerado estratégico, pois dá acesso à vias que levam às principais avenidas da região.
Moradores e comerciantes, no entanto, denunciam a falta de segurança após uma onda de crimes recentes. Na última terça-feira (7/10), um assaltante de moto roubou cinco pedestres, em sequência, na rua Joaquim Antunes, próximo ao Verdeiro Josephina. Uma das vítimas foi baleada na perna. Em agosto, um casal que passeava com um bebê no colo foi assaltado em plena luz do dia na mesma rua. E em janeiro, um jovem de 23 anos foi morto a tiros em uma tentativa de assalto.
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Na manhã desta quinta-feira (9/10), uma funcionária da loja caminhava até o trabalho e passou na frente dos guardas. Diante da preocupação com os crimes, ela questionou os GCMs sobre a frequência de rondas no bairro. A mulher argumentou que a manutenção da viatura na esquina era benéfica para o comércio e os moradores daquela rua, mas não para outras áreas da região.
Em resposta, o agente teria afirmado que não possui pessoal suficiente para ficar rondando o bairro. Ele ainda teria dito que a mulher deveria manter as portas do estabelecimento fechadas.
A proprietária do Verdeiro Josephina, Marcella Santiago, ficou sabendo da orientação após chegar na loja e encontrar a porta fechada com uma placa escrito “aberto”. Então, ela questionou a funcionária, que contou sobre a conversa com os agentes.
Marcella denunciou o caso em uma publicação nas redes sociais. “Não quero me reclinar a esse modelo de nos trancar aqui porque o estado está falhando de forma absurda com o principal papel, que é zelar pela nossa segurança. A gente tem uma comunidade firme e fortalecida, aberta, e eu quis dividir isso com vocês. Se em algum momento a gente fechar as portas para poder continuar trabalhando, é sinal de que a situação está chegando ao fim, e a gente não quer isso”, disse no vídeo.
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Uma publicação compartilhada por Verdeiro Josephina (@verdeirojosephina)
Portas abertas
Ao Metrópoes, Marcella disse que ficou revoltada com a fala dos agentes e que a recomendação é uma falta de respeito com os comerciantes que pagam os impostos e cumprem as regras. A mulher ressaltou que não pretende fechar as portas do estabelecimento.
“Não faz sentido nenhum eu encostar a porta e inibir o impacto da beleza e da experiência da loja. A pessoa deixa de ter o ímpeto de entrar. Isso vai me impactar financeiramente e afetar o propósito do meu negócio, do hobbie que a gente estimula. Como eu vou expor para as pessoas um espaço de curadoria de plantas vivas e naturais se elas tiverem que atravessar uma barreira para ter acesso a esse espaço?”, questionou.
Marcella também reforçou que o Verdeiro Josephina é o único comércio diurno da rua e funciona como um espaço de bate-papo e passagem na região. Segundo ela, é comum que pessoas entrem na loja apenas para conferir o celular em segurança, enquanto passam pela área.
“A gente é parte de todo esse ecossistema. Aceitar essa orientação pode fazer com que a gente se recline a uma situação que está completamente fora do controle no nosso bairro, na nossa cidade”, disse. “Não vou engolir e fingir que está tudo bem de portas fechadas. Eu prefiro encarar que não está tudo bem, mas manter o Verdeiro de portas abertas, porque aqui a gente só tem boa-fé”, concluiu.
O que disse a GCM
- Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou que não recebeu denúncia de comerciantes na rua Horácio Lane ou pedido para ampliação das rondas no bairro.
- A pasta também afirmou que desconhece a “suposta orientação mencionada pela reportagem”.
- “Equipes da GCM realizam patrulhamento comunitário e preventivo 24 horas por dia em toda a capital com o objetivo de proteger a população e coibir crimes de oportunidade”, finalizou a secretaria.
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